terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Conversa da treta

Já que o tema dos casamentos entre homossexuais voltou à praça pública, achei por bem tecer umas considerações sobre ele.
À medida que se vão desembrenhando argumentos de cada um dos lados, apercebemo-nos que estão a esconder algo entre o seu discurso oficial. Chegam a ser ridículas as afirmações, tanto de um lado como do outro. Repare-se no absurdo da situação: aqueles que são contra o casamento homossexual (excluindo a igreja) afirmam que “eles” ou “elas” se podem juntar, viver em conjunto e serem felizes, mas… não lhe podem chamar casamento; os (as) homossexuais que querem partilhar em conjunto a sua vida, sabem que o podem fazer, mas… não conseguem a insígnia do casamento.
Ouço estes argumentos e fico a pensar… estarei parvo ou estas pessoas andam a gozar connosco? Mas será que toda esta cacofonia e zumbido da sociedade portuguesa se resume à palavra casamento? Se assim for, desculpem-me lá, mas tanto de um lado como do outro estão a ser piegas. Não conseguir ser feliz, por não poder estar unido formalmente por um contrato denominado casamento, ou sentir-se incomodado, por duas pessoas do mesmo sexo estarem formalmente unidas por um contrato designado casamento, parece-me ridículo e jocoso.
Tendo em conta isto, parece-me claro que o termo “casamento” está a ser usado como bode expiatório dos verdadeiros intentos: os homossexuais querem demonstrar que vencerão uma guerrinha, por mais piegas que ela seja, e os heterossexuais (preconceituosos) não querem mesmo ver duas pessoas, do mesmo sexo, na rua de mão dada.
Com esta troca de galhardetes, os pró casamento perdem uma excelente oportunidade de alcançarem aquilo que verdadeiramente importa: os direitos (e deveres) que os dois elementos do casal devem alcançar, isto é, as questões da herança, da adopção, do subsídio de viuvez, etc, etc.
A igreja é sempre a mesma coisa, que é para não aplicar outro termo, e por isso já nem vale a pena proferir qualquer declaração. Os cães ladram e a caravana passa…

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Jesus ou o sol: Quem é quem?



Hoje vou expor um tema que para muitos já não é novidade, mas que para a maioria ainda permanece convenientemente oculta.
O dia 21 de Dezembro, precisamente hoje, marca o início do Inverno. Para muitos isto não tem nada de extraordinário, até porque é algo periódico. Mas o que ignoram é que esta data está nas fundações do Cristianismo. Por algum motivo, a data 21 de Dezembro de 2012 é sinónimo de mau augúrio. Passemos às explicações…
O ano é dividido em 4 períodos (Primavera, Verão, Outono e Inverno) sendo que nos dias de passagem de umas estações para outras temos os Equinócios (Inverno e Verão) e Solstícios (Inverno e Verão). Hoje, portanto, é o solstício de Inverno.
E perguntam vocês, o que é que isto tem haver com as fundações do Cristianismo? Tem tudo, senão vejamos:
Desde o equinócio de Setembro até ao Solstício de Dezembro (que é hoje) os dias têm, sucessivamente, períodos de luminosidade menor. Não nos podemos esquecer que para as civilizações antigas, o sol era sinónimo de vida e fecundidade, enquanto a noite e o frio eram sinónimo de morte; as colheitas diminuíam, o gado morria e as pessoas adoeciam.
Este ciclo era invertido (não confundam com terminado) no dia 21 de Dezembro, momento em que os dias passavam, novamente, a crescer sucessivamente, tornando-se motivo de esperança para as populações.
Chegados aqui, aprofundemos um pouco mais. Como é do conhecimento geral, as civilizações antigas usavam as estrelas do céu para se orientarem e preverem adventos, criando “deuses” para poderem orar e invocar melhores dias. Os reis magos foram uma dessas personagens… e eles estão hoje bem visíveis do céu.
Eu passo a explicar: hoje se olharmos para o céu é possível detectar a constelação das Três-Marias (3 estrelas) alinhadas com a estrela Sírius que é, nada mais nada menos, do que a estrela mais brilhante do céu a 24 de Dezembro.
Para finalmente completarmos o puzzle, temos que compreender o movimento aparente do sol, algo que os antigos também estudavam. No hemisfério norte, à medida que nos aproximamos do Solstício de Inverno, o sol fica mais “fraco” e mais distante, dando aparência de que, dia após dia, sobe cada vez menos no céu. Ao 22º dia do mês de Dezembro sucede-se uma coisa fascinante… o sol deixa de “cair” e permanece à “mesma altura” durante três dias (situando-se na Constelação Cruz). Ao fim do 4º dia de imobilização, ou seja, a 25 de Dezembro, acontece uma coisa fascinante… o sol eleva-se no horizonte.
Meus caros, reparem só: o sol morreu na “cruz”, ao fim do 3º dia ressuscitou e, ao mesmo tempo, três estrelas (três reis) seguiam em direcção a um estrela muito brilhante (Jesus).

Se duvidam que estas constelações são verdadeiras ou que os fenómenos do movimento do sol estão a ser inventados… pesquisem e comprovarão!

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Olha que há coisas...


Olha que há coisas do “catano”. Mais uma vez vou falar dos Estados Unidos, porventura desta vez não tem nada haver com conspirações para controlar o mundo ou matar pessoas, mas sim para contar mais um dos fantásticos episódios que por lá se vivem.
Então um comum americano, desgastado de um dia de trabalho, estava ansioso por comprar um telemóvel novo, com o qual ia causar boa impressão junto da família e da rapariga que andava a cortejar. Como telemóveis destes não se compram como quem adquire tremoços, nem se vendem na loja dos 300 (parece que ainda não foi inventada nos States), o fulano (vamos lhe chamar Jack) lá teve de esperar pelo fim do mês.
Chega à loja, na sua Pick-up enferrujada e a contribuir largamente para o aquecimento global, e faz a sua auspiciosa aquisição. Como o Jack tinha ficado em pele-de-galinha quando ouvi o preço do telemóvel, decidiu verificar o saldo da conta bancária numa ATM.
Com a expressão de um burro a olhar para um palácio ficou o Jack, logo que contemplou o extracto… 900 mil e 45 dólares!! Como os portugueses costumam dizer, o Jack era de “bom tempo” e decidiu verificar como é estava a ver tantos zeros num só papel.
Vai daí, sai directo à empresa em que trabalhava e interpela o patrão: “Oh chefe, não era preciso ser tão generoso… aquilo das horas extras era só a brincar!”
Da boca contorcida do patrão sai a expressão: “Ah Ah!! Então eras tu!” e logo se ouviu os suspiros dos directores financeiros que mais pareciam compressores.
Lá convenceram o Jack a devolver o dinheiro, invocando os anos que ele já lá trabalhava e de como tinham sido amigos… e o Jack lá devolveu a massa.
No dia seguinte, o Jack é chamado ao escritório. Entra e vê o patrão entre os dois directores, mesmo em frente à mesa. “Meu caro Jack, pela sua generosidade, camaradagem e honestidade decidimos dar-lhe uma recompensa” afirmou o patrão. O Jack enternecido com a surpresa que lhe estavam a fazer exclamou, quase com a lágrima no canto do olho “Se fosse hoje, faria tudo igual!”
Então os três homens saem da frente da mesa e lá estava a recompensa do Jack… uma grade de minis!!!!!

Forreta do patrão que nem uma grade de cervejas normais deu.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Quem diz verdade?



Já que estamos numa de contra-corrente, vou falar da mais recente controvérsia que está em voga. Quero, antes de mais, afirmar que o que aqui será escrito não resulta da minha opinião, mas sim do que se tem falado (ou conspirado).
Para muitos o aquecimento global é uma certeza e alguns de nós já começam a sentir os seus efeitos; verões extremamente quentes, Invernos amenos, furacões constantes e fenómenos climatéricos globais como o EL-Niño mais frequentes são algumas aterradoras características. Portanto, que ele existe, ninguém pode negar, mas as suas causas…
Tenho lido com atenção as crónicas de um professor universitário, Dr. Fernando Gabriel, que coloca em causa a tese do aquecimento global resultar das emissões de dióxido de carbono. Segundo este professor, o aquecimento global não é mais do que um ciclo natural climatérico, pelo qual a Terra passa periodicamente. Para tal, basta perceber que a Terra já passou por épocas glaciares e épocas de aquecimento global, sem que existe-se a poluição actual.
Mas então, como podem tantos cientistas estarem enganados ou a serem enganados ao mesmo tempo?
Para o Dr. Fernando Gabriel a explicação é simples. As pressões em torno da nova economia verde e da assemelhação da regulamentação sobre energia, tarifas, construção e transportes em todos os países, constituem um passo decisivo em direcção ao novo Governo Mundial.
As provas de que o aquecimento global está a ser usado pelos países desenvolvidos para se beneficiarem são elucidativas: os mass-media, estranhamente, não passam correntes alternativas ao aquecimento global, começa-se a falar de “alterações climáticas” em vez de “aquecimento global” e, acima de tudo, existem fortes indícios que as investigações científicas que corroboravam a tese do aquecimento global ser fruto das emissões de CO2 terem sido falseadas.
Sobre este último aspecto, Fernando Gabriel escreve “Desde que a nódoa da fraude científica alastrou sobre o pano imaculado que encobria a agenda política a aprovar Copenhaga, despontaram algumas cabecinhas, declarando a cimeira irrelevante por não discutir o verdadeiro problema: a sobrepopulação”.
Ou seja, mais ou menos como quem diz: “Eh pá descobriram-nos a careca, vamos inventar outra coisa!”

Meus amigos, mais uma vez parece claro que estamos a ser impelidos por um caminho, cujo objectivo não é aquele que nos apresentam, mas outro oculto.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Capitalimo - Uma história de amor

Aí está mais um polémico filme de Michael Moore. O controverso realizador americano desta vez permeou-nos com “Capitalismo – Uma história de amor”. O filme que hoje estreia, promete não deixar ninguém indiferente; tanto vítimas como os beneficiados pelo sistema capitalista. Temos, pois, polémica!
O realizador já foi criticado por tentar mostrar os podres da sociedade capitalista, em particular, nos Estados Unidos. Contudo as críticas resultam mais do conteúdo em que Richard Moore se baseia para “atacar” o capitalismo, através do populismo e manipulação de dados, do que na qualidade e arte do cineasta.
Com a exposição de casos reais, de quem ficou sem casa e foi viver para um camião, às injustiças cometidas contra jovens que procuram subsistência, Michael Moore demonstra como o capitalismo nos trouxe mais malefícios do que benefícios.
Perigoso para uns, realista para outros. O melhor será mesmo ver.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Ouvi dizer que...


Nos nossos dias é difícil perceber de que lado está a verdade. Nos primórdios civilizacionais, os seres humanos viviam no obscurantismo e, por esse motivo, não alcançavam a verdade/conhecimento. Hoje em dia, o problema não está em obter informação, mas em seleccioná-la correctamente. É o rádio, a televisão, o telemóvel e a Internet que nos bombardeiam com informação… muitas vezes contraditória.
Vivemos num mundo onde se iniciam guerras com base em informações falsas, onde se chantageiam governos para acatarem ordens de grupos económicos, onde se iniciam projectos com base em argumentos completamente falsos, etc. O problema de tudo isto é que só damos por ela, passados muitos anos.
Não é a primeira vez que me deparo com as mais bizarras teorias da conspiração: os EUA querem liderar a criação de um governo mundial para oprimir todo o mundo, os EUA ocultam cadáveres de extra-terrestres numa das suas bases militares, que os EUA nunca foram a lua (foi tudo encenação de TV), que no fundo do pacífico existe uma civilização alienígena e, pasmem-se, que o 11 de Setembro foi invenção dos EUA. Uma coisa é certa, vem tudo dos EUA.
Desta vez, a teoria que anda em voga está relacionada com a Gripe A. Diz-se aqui e acolá, que as farmacêuticas criaram o vírus da gripe A e, também, criaram a vacina da gripe A (ao estilo vírus informáticos e respectivos anti-virus). Os motivos eram, obviamente, económicos.
Mas mais importante do que isso é que os teóricos da conspiração advogam que o governo dos EUA (claro!) deu ordens explícitas para que o vírus fosse criado. Segundo estes mesmos teóricos, os motivos prendem-se com o alegado aumento desproporcional da população face aos recursos alimentares disponíveis na terra, pelo que o governo americano, pura e simplesmente, teria dado ordens às farmacêuticas para diminuir a população mundial.
Ora eu ouço isto, verifico que os médicos e enfermeiros não querem ser vacinados, e pergunto-me? Mas afinal quem fala verdade: os governos nacionais ou os teóricos da conspiração?

Caros cibernautas, no que toca a estas questões, sou como o Portas: “Cautelas e caldos de galinha, nunca fizeram mal a ninguém”. Mas há algo na natureza humana que não podemos esquecer: sempre que nos deparamos com algo desconhecido e tememos pela vida, arranjamos um bode expiatório para atirar todas as culpas. Se é certo que os EUA são culpados por algumas situações desagradáveis que se passam no mundo, já me parece desajustado assumir que tudo o que vai de errado no mundo é culpa sua.

Quando a peste negra atingiu a Europa, rapidamente se encontraram os culpados: eram os Judeus que colocavam veneno nos poços de água. Hoje sabemos que eram os ratos que traziam consigo a doença… por isso não se apressem a conseguir culpados.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

E esta...heim...



Lá para as terras do Tio Sam ouve-se cada uma…
Habituados a assistir, em directo, a lunáticas perseguições de automóvel, tiroteios em escolas e assaltos insólitos, agora chega-nos uma história de dois homens, no mínimo, caricata.
Na semana passada, havia um jogo muito importante de futebol americano na televisão que estava a despertar o entusiasmo de milhões de adeptos. Dois comuns americanos, já trintões, decidiram que naquela noite iam ver o jogo em casa de um deles, com umas cervejolas e amendoins para acompanhar (à homem!).
No final do jogo, sabe-se lá bem porquê, os dois trintões decidiram que para finalizar a noite em beleza assistiriam a um filme pornográfico. Eh pá, dois homens heterossexuais a ver um filme porno…é de homem!
Até aqui tudo bem. O problema é que as cervejas, os amendoins, a vitória da equipa e a qualidade dos actores do filme devem ter provocado um “curto-circuito” na massa cinzenta de cada um deles. Estavam a gostar tanto do que estavam a ver que decidiram, ali entre eles, que iam fazer o mesmo.
Mas havia um grande problema para resolver… é que na televisão estavam homens e mulheres e não apenas homens. Ora, pasmem-se, estes dois artistas decidiram tirar “à sorte” um papelinho para saber quem era o primeiro assumir a posição dominadora. Depois deste estar com as hormonas mais tranquilas, trocavam...
Tudo corria às mil maravilhas; o primeiro terminou a missão que em sorte lhe tinha sido incumbida e agora era a sua vez de deixar o colega “afogar o ganso”. Antes de assumir a sua nova posição, o primeiro pediu para ir à casa-de-banho urinar (à homem!). Enquanto se aliviava, deve ter começado a imaginar o cenário que estava prestes a suceder-se… mais uma vez, em sorte, a casa-de-banho tinha janela e a casa era terreira…
O outro esperava, ansioso, até que percebeu que o seu colega das cervejas, dos amendoins, do jogo na TV e do filme… se tinha posto a andar. Muito chateado e frustrado com a atitude do seu amigo, desloca-se à esquadra da polícia e relata o sucedido.

Ora bolas! Eu agoro pergunto aos internautas que nos visitam que nos auxiliem nesta questão. Estamos perante um crime? Se sim, de que tipo?

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

"Berardo quer produzir 500 milhões de barris de petróleo em Portugal"



Segundo fontes fidedignas a canadiana Mohave OIL & GAS já investiu, desde 1993, 40 milhões de euros, mas agora a Petrobras e a Galp preparam-se para ajudar na pesquisa e exploração com 200 milhões de euros, sendo que se os resultados forem positivos investirão 3 mil milhões de euros.
Parece já não haver dúvidas: Existe mesmo petróleo em Portugal! O problemo é explorá-lo. Ou melhor, era explorá-lo, porque o desenvolvimento de uma técnica de exploração designada “Horizontal Drilling” permite a exploração vertical e diagonal dos poços de petróleo, tornando acessíveis poços que até aqui não eram exploráveis.
Esta tecnologia não é nova… foi com o argumento que o Kuwait estava a explorar poços de petróleo iraquianos, a partir de solo Kuweitiano, que o ditador Iraquiano invadiu o Kuwait.
Mas afinal quantos barris de petróleo espera explorar este consórcio? Estima-se que existam 500 milhões de barris de petróleo em Portugal, o suficiente para abastecer o país por 5 anos, proporcionando uma receita próxima dos 37,8 mil milhões de euros.
Como mais vale prevenir do que remediar, o Estado já reservou 7% do preço de cada barril vendido para si, bem como 25% dos lucros por via de impostos.

A sina portuguesa (Continua)



Os portugueses, ao longo dos séculos, foram bafejados com uma sorte dos diabos. Quando fomos impulsionadores dos descobrimentos tornamo-nos, a par da Espanha, o estado mais poderoso do mundo, controlando o comércio mundial de especiarias, ouro e escravos. Éramos ricos!
Depois de muito mal se gastar e roubar estávamos na falência. Sortudos como somos, não demorou muito a conseguirmos uma solução para os nossos males. Descobrimos o ouro do Brasil. As quantidades de ouro eram tão abismais que dava para tudo: cobrir igrejas com talha de ouro, construir magníficos coches com talha de ouro e até construir um dos mais valiosos monumentos portugueses, o Convento de Mafra.
Depois de se ter desbaratado à fartura tínhamos umas coisas para mostrar; mas estávamos “tesos”. A agonia prolongou-se por mais uns séculos até que se descobriu uma das maiores “vacas leiteiras” que existia: a Comunidade Económica Europeia (então designada CEE). Não era preciso matar índios nem africanos e nem correr perigos. Entravam, em média, em Portugal desde 1986 cerca de 10 milhões de contos por dia! Então aí é que foi; era auto-estradas às moscas, estádios de futebol para fazer corridas de rali, pontes maiores da Europa, p… e vinho verde.
Entramos em 2009 e os subsídios da União Europeia estão prestes a esgotarem-se, mas há um problema… estamos “lisos”. Então, quando todo o mundo colocava as “mãos à cabeça” afirmando que estávamos entregues à bicharada, surge a seguinte notícia (Ver próximo Post)

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

O Símbolo Perdido


O mais recente livro de Dan Brown, O Símbolo Perdido, promete não deixar ninguém indiferente. Depois do mundialmente aclamado Código de Da Vinci e dos best-sellers Anjos e Demónios e Fortaleza Digital, o autor norte-americano transmite-nos uma visão distinta da Maçonaria.
Goste-se ou não, a sua escrita atrai milhões e as suas intrigas e teorias da conspiração alimentam a fantasia de muitos. A potente e perigosa mistura de ficção, factos verídicos e temas apaixonantes levam milhões de pessoas a “devorarem” os seus livros, de mais de 500 páginas, em pouco mais de uma semana, até alcançarem a revelação final.
O Símbolo Perdido apresenta-nos a maçonaria como uma entidade poderosa e repleta de segredos que poderiam mudar o mundo, desde que dispostos ao conhecimento de todos. Apresenta-nos um conjunto de notáveis figuras fundadoras da América (Benjamin Franklin, Thomas Jefferson, George Washington e muitos outros) como pertencentes à maçonaria e como a capital americana estava repleta de simbolismo maçónico. Revela-nos uma visão alternativa e convincente do significado das pirâmides e da pirâmide inacabada presente da nota de 1 dólar, bem como de todos os rituais de iniciação maçónicos. Desenrola um trama de ficção, em torno de um poderoso segredo que corre o risco de ser roubado, levando-os a perscrutar o livro até ao derradeiro momento em que é revelado. Um livro emocionante e, a meu ver, muito bem concluído.

http://www.youtube.com/watch?v=szfyh2h838w

http://www.youtube.com/watch?v=cEkUgRR0llo

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

A verdade inquietante



O futuro não se afigura risonho para a Rohde. É-nos sempre difícil ver notícias de despedimentos, em qualquer parte do país ou até mesmo do mundo, mas quando isto nos afecta ou aqueles que nos são mais próximos, mais dificuldades temos enfrenta-lo.
A empresa de calçado de Santa Maria da Feira fechará, não tarda nada; ou pelo menos, deixaremos de a conhecer como tal. As últimas notícias dão-nos conta que a administração da empresa solicitou ajuda ao governo para assegurar o pagamento dos salários de Novembro. A situação de Lay-Off em que a maioria dos trabalhadores se encontra, outrora situação manifestamente indesejável dada a perda de rendimentos por parte dos trabalhadores, surge agora como um mal menor, visto que, no futuro apenas se vislumbra o desemprego.
Em tempos áureos, a Rodhe Portugal era uma empresa que produzia cerca de 40 mil pares de sapatos por dia, a facturação alcançava os 50 milhões de euros e a rede de lojas não cessava de crescer em toda a Europa, inclusive em Portugal. A empresa que nasceu 28 dias após o 25 de Abril de 1974 chegou a ter 3000 trabalhadores, porventura, hoje-em-dia é uma ténue sombra do seu próspero passado, sendo constituída por apenas 900 trabalhadores.
O que induziu a Rohde a esta situação foram, exactamente, os mesmos factos que catapultaram inúmeras empresas de capital estrangeiro para a insolvência: a entrada da China na Organização Mundial do Comércio (OMC).
Desde este momento, as empresas têxteis localizadas na Europa viram-se perante um país que colocava os seus produtos nos mercados Europeu e Americano abaixo do preço de custo da Europa e América. Esse país que não apresenta as mesmas condições laborais (higiene, segurança e protecção social) chega a pagar salários mensais de €100 a €150.
A questão coloca-se: Como pode uma empresa Portuguesa (ou Europeia) sobreviver/competir, perante a concorrência Chinesa, se terá que pagar €450 (no mínimo), pagar segurança social e garantir protecção no trabalho?
A verdade é inquietante e dura: não podemos competir contra os produtores Chineses, sem provocar um retrocesso civilizacional, ou limitarmo-nos a pequenos nichos de mercado que, obviamente, não empregarão a totalidade dos até aqui despedidos.
Chegados a este ponto, eu tenho algo muito simples a dizer. Deparam-se dois caminhos pela frente, através dos quais a Europa terá de decidir e nunca um país individualmente: fazemo-nos de “bonzinhos” e não violamos as regras impostas pela OMC contra o proteccionismo económico (suportando toda a mão-de-obra desempregada desses sectores tradicionais através de subsídios de desemprego e Rendimento Social de Inserção) ou portamo-nos mal e aplicamos tarifas alfandegárias aos produtos Chineses (suportando a indústria Europeia, à custa dessa protecção, mas evitando o desemprego e os consequentes custos orçamentais e sociais).
É por estas e muitas outras que Maquiavel é odiado por uns, mas vangloriado por outros. O pragmatismo, por vezes, é mais útil do que as boas práticas.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

CAIM - Que lição?



“Depois o criador virou-se para a mulher: Como te chamas tu?
Sou a Eva, Senhor, a primeira-dama, respondeu ela desnecessariamente, visto que não havia outra.
Deu-se o Senhor por satisfeito, despediu-se com um paternal “até logo” e foi à sua vida. Então pela primeira vez, Adão disse para Eva: Vamos para a cama.”

Eis um trecho do novo e, já, polémico livro de José Saramago: Caim.
O Nobel da literatura portuguesa, ao longo da sua vida, tem denunciado o “manual de maus costumes”, por este conter situações de ódio, guerra, vingança e, sobretudo, por o seu Deus ser rancoroso.
O comunista, como lhe chamam, é acusado de realizar interpretações abusivas da Bíblia e, para alguns, de proferir banalidades “republicadas” semelhantes as que se proferiam nas tascas no século XIX. Quanto às banalidades, não me pronuncio, mas acho estranho tanto incómodo por “banalidades”; contudo, aquilo a que alguns denominaram “interpretações abusivas”, não faz sentido.
Se é um facto que alguns elementos/passagens bíblicas constituem uma verdade factual, comprovada arqueologicamente, outras passagens não o são. Alias, julgo que Saramago se refere às passagens comprovadas historicamente, como aquelas que representam o “Manual de maus costumes”. Esse “Manual de maus costumes” refere-se, por exemplo, às sangrentas guerras bíblias levadas a cabo pelo “povo de Deus” ora para conquistar, ora para defender a “Terra prometida”; refere-se aos casos de incesto; refere-se aos casos de vingança entre homens e entre Deus e os homens.
Sobre isto, não percebo como se pode criticar Saramago! Poderei entender as críticas referentes à outra parte, isto é, elucidativas das passagens não comprovadas ou comprováveis cientificamente. Estas entram no domínio da fé e, assim sendo, entendo que as pessoas se sintam infligidas nos seus valores. Porventura, a fé é um campo subjectivo e repleto de areias movediças, pelo que, colocando um ateu e um verdadeiro católico, frente a frente, eles discutiriam eternamente sem chegar a nenhuma conclusão.
Por este motivo, neste campo limito-me a dar a minha opinião e a não dizer que este ou aquele está errado, pura e simplesmente, trata-se de convicções e cada um defende as suas.
Eu sou da opinião de Saramago. A parte comprovada da Bíblia é um manual de maus costumes e não dá boas lições a ninguém; a parte ficcional ou de fé, apresenta-se muitas vezes com um Deus invejoso e insuportável.
Alias o livro “Caim” é um pequeno exemplo disso mesmo. Caim terá sido um (senão o) dos primeiros homens a nascer de relações sexuais entre Adão e Eva. Um certo dia, Caim e Abel (seu irmão mais novo) apresentaram oferendas a Deus. Caim teria oferecida frutas e Abel ovelhas do seu rebanho. Deus terá gostado mais das oferendas de Abel do que Caim, visto que tinham sido dadas com mais sacrifício; Caim possuído por ciúmes terá orquestrado o assassinato do seu irmão. Deus castigou-o condenando-o à condição de errante do mundo.

Ora é contra isto que eu me insurjo e que Saramago critica. Deus, o Todo-Poderoso, faz algo que um simples pai não deve fazer. Não exige ser adorado, não prefere as oferendas de um a outro e, após se ter cometido um erro, não age com vingança.
Eu pergunto: Onde está o amor de Deus nestes actos?

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Berlusconi in problemis



Aos poucos começo acreditar que existe um problema com os latinos. Espanha, Itália e Portugal foram países marcados pelas ditaduras, tradicionalmente mais atrasados económica, social e culturalmente do que os congéneres europeus e, apesar da recuperação destes países nas últimas décadas, assim que existe um abanão, rapidamente ficam entre a “espada e a parede” com elevadíssimas taxas de desemprego, défictis públicos colossais, dívidas públicas exageradas e ascensão dos extremismos partidários.
Quando alargo o horizonte do meu pensamento, recordo-me da América Latina e de como este continente não constitui, na generalidade, um bom exemplo de desenvolvimento; lembre-se Pinochet, Péron, Getúlio Vargas, Fidel Castro, Hugo Chavez, Evo Morales, Fujimori, etc.
Neste momento julgo que a história será justa e incluirá Sílvio Berlusconi numa ampla lista de dirigentes corruptos e opressores, ainda que esta última característica surja de uma forma subtil.
Aquele que é, apenas, o homem mais rico de Itália e vigésimo mais rico do mundo, perdeu a imunidade, não contra as doenças, mas contra a justiça. Uma vergonhosa lei, anticonstitucional, que também existe em Portugal, protegia o 1º ministro italiano de ser condenado por crimes que cometesse. Quer isto dizer que, se matasse, violasse ou corrompesse, não podia ser indiciado de homicídio, violação ou corrupção.
Porquê que um alto magistrado de um país pode beneficiar da velha máxima, aqui hiperbolizada, de “na dúvida pró réu”? Porque razão deve o princípio da “Igualdade perante a lei” de todos os cidadãos, ser acossada? Já ouvi várias explicações, nomeadamente, que um chefe de governo ou de estado necessita de estabilidade e confiança do eleitorado para governar, sob pena de todas as medidas legislativas não surtirem efeito.
Sem dúvida que a estabilidade governativa é fundamental, mas qualquer indivíduo deve ser investigado, sempre que sobre ele recaiam suspeitas muito graves. E as suspeitas que incidem sobre Sílvio Berlusconi são graves: entrega de 600 mil dólares a um ex-advogado inglês para testemunhar a seu favor em tribunal (este já condenado em Inglaterra), subornos a senadores para se juntarem à sua coligação, compra inflacionada de direitos televisivos a empresas sedeadas em off-shores (fraude fiscal), entre outras.
Para bem da Itália seria importante que Sílvio Berlusconi não se preocupasse em desembolsar mais alguns milhões de dólares, pois esta assunção que o dinheiro compra tudo e todos, cria um clima de impunidade e laxismo nas sociedades…alias, muito comum nos países latinos.
Não sei o que seria mais vantajoso; a estabilidade governativa ou a demonstração do funcionamento da justiça, mesmo para os mais poderosos.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

France Telecom - Ataque à humanidade


Grotesco, desumano, inqualificável, aberrante e criminoso. Estes são alguns dos adjectivos que podem ser atribuídos aos comportamentos dos dirigentes da France Telecom.
Para meu espanto e incredulidade ouvi isto na Antena 1 na manhã de Terça-Feira: “A França está estupefacta. A situação na France Telecom tornou-se assunto de estado e o seu presidente foi convocado para uma reunião esta Terça-Feira, no Ministério do Trabalho. O número de 23 suicídios e várias tentativas de suicídio falhadas são sinal que algo está a funcionar muito mal, nesta empresa gigante de telecomunicações. Sindicatos e funcionários invocam um clima de terror em diversos serviços e falam em reestruturação de serviços brutais e desumanas. Nos últimos dias, um empregado tentou matar-se com um punhal no decorrer de uma reunião, uma funcionária de 32 anos lançou-se de uma janela de uma sede da empresa e uma outra tentou matar-se no seu escritório com uma ovardose de comprimidos. A situação chegou a tal ponto, que até os serviços da presidência da república vieram a público lembrar que a direcção da Fance Telecom tem o dever moral de apoior psicologicamente os seus empregados.”
Como não podia deixar de ser, tentei perceber o que estava a levar os dirigentes desta empresa a tomar tais medidas. Para meu espanto, percebi que era por razões de competitividade e que a empresa tinha um lucro líquido de 4 mil milhões de euros (4 000 000 000 euros).
Para tentar melhorar a sua competitividade pressionam os seus funcionários a mudarem de cidade, a trocar sistematicamente de funções, atribuem-lhes objectivos inalcançáveis e, para além disso, individuais. Aqueles que têm dificuldade em aguentar a pressão são levados a abandonar a empresa ou quando as perspectivas de futuro não são risonhas, a matar-se.
Sinceramente, acho que é preciso acabar de uma vez por todas com estes neo-esclavagistas.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

"Não importa que o gato seja preto ou pardo, desde que apanhe o rato"



No próximo dia 1 de Outubro, comemora-se o sexagésimo aniversário da fundação da República Popular da China. O país que remonta à dinastia Shang, à 3000 anos, que controlou o mundo oriental com a dinastia Ming e que colapsou com a dinastia Manchu quer deter o estatuto que acredita lhe pertencer: super-potência mundial!
A sua dimensão geográfica (9.640.821 km²) e populacional (1,3 biliões de pessoas) é motivo suficiente para que muitos acreditem que o sistema repressivo seja um mal necessário. A guerra-civil de 1949 demonstrou com clareza isso mesmo, pois apenas com uma figura unificadora e poderosa poderia a China sair do jugo em que se encontrava. Mao Tse-Tung personificou aquela figura e para o bem e para o mal conduziu os destinos do país até 1976, ano de sua morte.
Para o bem, porque incutiu nos chineses, um sentimento de profundo fervor nacionalista que permite, hoje em dia, que lutem acerrimamente pelo progresso do seu país e impediu o surgimento de regiões separatistas.
Para o mal, porque levou a cabo políticas desastrosas para a economia, como o “Grande Salto em frente” que pretendia desenvolver a China em termos agrícolas e industrias, rapidamente, através da colectivização dos campos e da indústria; para não falar da Revolução Cultural iniciada em 1966 que instigava os chineses a perseguir, matar e torturar todos aqueles que não abandonassem os antigos hábitos ou assumissem comportamentos burgueses. O “grande timoneiro” assumiu o lugar de “Deus” e o seu livro vermelho “a nova bíblia”.
O homem que, verdadeiramente, está nas fundações do progresso económico da China é Deng Xiaoping. Ele que proferiu uma frase, que ficaria conhecida para sempre, caracteriza a China de hoje; “Não interessa se o gato é preto ou pardo, desde que apanhe o rato”.
Este pragmatismo na actuação política originou uma retirada gradual do estado da economia, os campos foram entregues, passo-a-passo, aos agricultores e o brotar da indústria privada não se fez esperar. Apesar disto subsistem os planos quinquenais, ao estilo soviético, o controlo dos media é real e os atentados aos direitos humanos são frequentes. Esta espécie de comunismo de mercado está a dar lugar a uma economia de mercado, com uma pujança exportadora incrível, a qual permitiu arrecadar biliões de dólares em reservas monetárias e retirou centenas de milhões de chineses da pobreza.
Chegados a este ponto, coloca-se a questão: será a China capaz de destronar os Estados Unidos da América? A resposta, no meu entender, é algo semelhante àquela que se dá quando se questiona a existência de vida extraterrestre; ou seja, certamente que sim, mas não sei quando.
O poderio militar e tecnológico americano continua a ser estrondoso, mas será, decisivamente, através da economia que a China destronará os EUA. Por um lado, a subsidiação do deficit externo americano através das poupanças dos chineses, a acumulação maciça de dólares em reservas do Banco Central Chinês e a pretensão de derrubar o dólar como moeda de referência mundial fragilizará os EUA. Por outro lado, o “spill-over” em termos tecnológicos, isto é, o apoderamento dos conhecimentos tecnológicos por todo o mundo, fará com que o poderio militar e tecnológico americano não perdure eternamente.
Quinta-Feira, certamente, assistiremos a uma espectacular parada militar, com soldados a marchar ruidosamente e geometricamente colocados, com grandes tanques de guerra e aviões-jacto a sobrevoar Tienamen. O sinal é claro: queremos mandar!

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Asfixia



Asfixia democrática, eis a treta da semana passada. Os partidos políticos vêm-nos habituando a um estilo de fazer política, miserável. O ataque à personalidade do adversário é constante e mútua e, a dada altura, em vez de julgarmos a actuação governamental de uns e analisar os programas eleitorais de outros, discutimos parvoíces como a evidência da asfixia democrática da madeira e a evidência da tentação dos partidos do poder controlar os media.
Sinceramente chega a ser ultrajante a forma como Manuela Ferreira Leite se defende das suas próprias incongruências. Considerar que no continente existe asfixia democrática e na Madeira não, pelo simples facto de Alberto João Jardim vencer as eleições com sucessivas maiorias absolutas é fazer de todos nós (cubanos) parvos.
Então, fecha-se o parlamento, coloca-se economicamente dependente toda a região do governo regional, usa-se e abusa-se dos dinheiros públicos para financiar jornais de propaganda, ameaça-se líderes da oposição, entre outros, e conclui-se que não existe asfixia democrática?
Recorrendo ao termo utilizado no novo programa de humor dos Gato Fedorento, esmiucemos o argumento de Ferreira Leite. Será que, pelo facto de Alberto João Jardim arrecadar sucessivas maiorias absolutas torna o regime mais democrático?
Se a democracia se limitasse ao momento em que votamos, talvez esse raciocínio estivesse correcto, visto que as eleições na Madeira são livres, porventura uma legislatura de 4 anos não pode ser avaliada por um único dia. Nesse interregno existem direitos e deveres que devem ser assumidos pelos eleitos e pelos eleitores, encontrando-se a maioria deles consagrados na Constituição da República Portuguesa. Ao incumprimento desses direitos e deveres pode-se atribuir o termo asfixia democrática, pelo que Ferreira Leite pode dizer o que quiser, mas uma coisa todos os portugueses podem ficar a saber: é tão demagoga, oportunista e cobarde que é incapaz de assumir que “dá uma no cabo e outra na ferradura”.
Vejamos o seguinte: Irão, Venezuela, Rússia e Bolívia são alguns dos exemplos de países cujos seus líderes forem eleitos democraticamente. Temos dúvidas de que, pelo menos, na Venezuela e Rússia os seus líderes permanecerão no poder? Serão estes países “normais” em termos democráticos?
Para responder a esta pergunta, seria útil exportarmos a Dra. Manuela Ferreira Leite para líder da oposição daqueles países; assim talvez parasse de atirar areia para os olhos dos portugueses.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

A mudança começa no país do Sol Nascente


Para onde caminha o Japão? Eis uma questão que muitos gostariam de ver respondida!
Existe uma palavra em voga no mundo, desde que o presidente Obama tomou o poder: mudança. E o que o Japão assiste neste momento é a um mega-processo de mudança. Bastaria apercebermo-nos que já não é o último produto da Sony, nem o último modelo da Toyota que coloca o país nas bocas do mundo, para nos darmos conta que algo de revolucionário se passa.
O Partido Liberal Democrata que governava o país, imperialmente, desde 1959 perdeu as eleições para o Partido Democrata Japonês. A queda do PLD ameaça colapsar tudo aquilo que representava o pró - ocidentalismo, o anti - comunismo e o pró – patronato. Um dos grandes responsáveis pela esperada “mudança” é um excêntrico homem de 62 anos, Yukio Hatoyama, cujo cabelo desalinhado lhe valeu a alcunha de “Alien”.
Yukio Hatoyama tem uma tarefa colossal pela frente. O país depara-se com uma dívida pública de 170% do PIB, deficit orçamental de 10% do PIB, taxa de desemprego de 5,7% (relativamente alta por aquelas paragens) e uma perspectiva assustadora de crescimento das despesas com saúde, dado o país ter uma dinâmica demográfica muito estagnada (a esperança média de vida é de 82 anos).
A receita para sair da crise em que o Japão se encontra é do mais puro Keynesianismo que se conhece, algo estranho para um país que sempre assentou o crescimento no mercado externo. Com o intuito de impulsionar a procura interna tenciona-se fazer de tudo: subsídio por cada novo filho a rondar os €190/mês, instituir pensões mínimas a agricultores e desempregados, eliminar as propinas no ensino superior, congelamento dos impostos sobre o consumo e elevar o salário mínimo nacional. Alias esta medida era já aguarda, caso o Partido Democrata vence-se, dada a ligação visceral aos sindicatos, o que tem colocado em estado de alerta a praça financeira de Tóquio e o patronato nacional.
Em termos de política externa, esta inesperada vitória obrigou alguns governos a ler apressadamente o programa eleitoral do Partido Democrata Japonês. A tensão e apreensão são visíveis na Casa Branca, ou não tivesse Yukio Hatoyama garantido que reveria a presença militar americana em solo japonês (Okinawa), contestaria o peso do dólar americano como reserva internacional de moeda, bloquearia o tratado de abastecimento da marinha norte-americana no Indico, enfim parece disposto a rever a tendência “pacifista” Japonesa. Resta compreender se esta atitude é mais uma forma de afirmação e demonstração de ruptura com o passado ou se na realidade o receio da expansão Chinesa e o militarismo da Coreia do Norte não farão o Japão pensar duas vezes.
Dentro do próprio partido as coisas não parecem fáceis: com uma massa intelectual, jovem e a fervilhar de energia, a probabilidade de rupturas internas é muito grande. Com mais de vinte facções e jovens dinâmicos e ambiciosos, torna-se necessário que aconteça uma de duas situações: ou o partido tem capacidade para aglutinar e canalizar todas as energias e opiniões para o governo e gestão da coisa pública e impulsão da mudança, ou obrigar-se-á a disciplinar e “calar” todas as tendências sob pena de entrar na anarquia interna e constituir-se um desgoverno dentro do governo.
O tempo é de mudança, mas a mudança comporta riscos. Veremos se o Japão continuará a ser um exemplo para o mundo criando um novo “milagre económico”.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

MMG


Após a leitura de alguns blog´s nacionais, não pode deixar de reparar que o tema TVI, Manuela Moura Guedes e Sócrates anda em alta. Sobre isto já todos sabem, mais ou menos, o que se passou, mas a astúcia dos portugueses está a gerar teorias da conspiração engraçadas.
É uma verdade inquestionável que os governos de todo o mundo gostariam de controlar os “media”, visto que estes possuem o poder de influenciar multidões e são eles quem controlam aquilo que o público sabe. Sobre isto, recordo-me de um diálogo, que nunca cheguei a perceber se era uma anedota ou não, do director do Hospital de Coimbra com a sua esposa: “Hoje acabaram os casos de meningite no hospital” disse ele. “Como? Descobriram o foco da doença?”, interrogou ela. “Não! Um grupo de brasileiros assaltou o BES.”
Esta graçola atesta bem o poder dos “media” na nossa sociedade e como influenciam a nossa consciência da realidade.
Ora sendo assim, será que se justifica o que se passou com o Jornal Nacional da TVI, à sexta-Feira? Obviamente, não!
Aqueles que nos tentem impingir realidades extra-nacionais, do tipo democracias musculadas ao estilo Russo ou Venezuelano, afirmando que são males menores, eu afirmo que para “males” já nos chegam os nossos. Certamente que não estamos interessados em retroceder aos tempos em que todos os programas informativos tinham que passar pelo crivo da censura. Depois, como quem não quer a coisa, dos programas informativos, passa-se para os livros e para os jornais e, quando dermos por ela, estamos cercados de bufos e propaganda da treta.
Evidentemente que existiram influências do poder económico para decapitar MMG, o que já não parece ser assim tão evidente é se a PRISA precisou que lhe ordenassem o serviço ou se alguém em Lisboa deu ordens para tal.
A PRISA encontra-se de situação complexa em termos financeiros, com uma dívida colossal e, portanto, a precisar de lapidar alguns dos seus activos… como é o caso da TVI. Agora pensem bem: quem é que em Portugal poderá estar interessado em controlar indirectamente a TVI? Pois é. A PT já se tinha lançado e logo se disse que era “gato escondido com o corpo todo de fora”, mas subsiste a ZON e muitos outros estratagemas de mercado como adquirir mais publicidade através da RTP, admitir entrada de novos canais, etc. Pensavam que as “Golden Share” eram para arrecadar dividendos, não?
Portanto, espero que me faça entender, o que me parece ter sucedido foi um acto descarado de oferta da TVI a empresas controladas pelo estado, para o grupo PRISA arrecadar alguns fundos tão necessários. Mata-se dois coelhos com um só tiro…
Muito sinceramente, o estilo de MMG irrita-me. Os julgamentos na praça pública, as acusações sem provas e o uso de determinadas figuras públicas que se tornam no “boneco do espectáculo” a troco de boas audiências são degradantes. Uma pessoa que faz as perguntas e responde, ao mesmo tempo, não está com intenções de informar, mas sim de fazer valer a sua ideia; por isso aquilo que Marinho Pinto lhe disse era aquilo que eu e muitos portugueses lhe quereriam dizer.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Um grande discurso pela ética


Um grande discurso! Para quem teve oportunidade de ouvir o discurso de Luís Marques Mendes na Universidade de Verão do PSD, certamente que concordará comigo. Como o que está em causa não é a cor do seu partido, mas sim a imensa sabedoria e utilidade que retiramos das palavras proferidas por Marques Mendes, apresentarei alguns trechos do seu discurso.
Luís Marques Mendes cingiu o seu discurso àquilo que denominou por “pecados capitais” da democracia portuguesa. Sem papas na língua nem receio de represálias atacou directamente a presidente do seu partido, por ter nomeado para as suas listas de deputados António Preto.
“É um desafio que tenho feito a todos os partidos mas recomendaria de uma forma particular ao único partido em que tenho confiança, o meu partido, recomendaria em particular ao PSD que reforçasse cada vez mais as suas preocupações com a ética e a credibilidade da vida política”.Acho que a bem dele (António Preto), a bem da instituição e a bem da política não deve poder candidatar-se a eleições
Atacou aqueles que julga apropriarem-se da política para ascenderem socialmente, não se preocupando minimamente em agir com rectidão e honestidade perante os contribuintes e, por outro lado, com verdade perante os eleitores. Alias, não deixa de ser curioso que a afirmação de Cavaco Silva onde afirmava “Os maus políticos afastam os bons políticos” apresenta considerável correspondência com as palavras de Marques Mendes.
Ninguém é obrigado a fazer política, só vem para a política quem quer mas quem vem para a política só pode estar de uma forma: com seriedade, com honestidade, com dedicação, com competência”… “não é preciso ser monge, bastando ser um exemplo de seriedade, honestidade e credibilidade."
Como não podia deixar de ser, apresentou um exemplo que demonstrava com clareza que aquilo que afirmava era por si colocado em prática, reportando-se ao período em que era líder da bancada parlamentar e afastou alguns candidatos do PSD.
“Na esmagadora maioria dos casos não é preciso lei nenhuma para colocar ética na política: basta que quem manda, quem decida, tenha a coragem de aplicar estes princípios, estes valores”, declarou, recordando que nas autárquicas de 2005, quando era líder do PSD afastou alguns candidatos “em nome da credibilidade”.
Defendeu a necessidade de o sistema eleitoral português se reger por ciclos uninominais, no sentido de aproximar e responsabilizar os eleitos dos eleitores referindo, como exemplo, a incongruente discrepância na minuciosidade com que os partidos escolhem os candidatos para as autárquicas em contra-ponto com os candidatos para as legislativas.
“Para as eleições autárquicas os partidos são normalmente muito exigentes, cuidadosos na escolha a candidatos a presidentes de câmara, procurando apresentar pessoas conhecidas, com prestígio, credibilidade e competência … os partidos sabem bem que nas eleições autárquicas não basta o símbolo partidário para ganhar, é importante a credibilidade da pessoa, credibilidade do candidato.
Pelo contrário, para as eleições legislativas, em que o grau de exigência devia ser pelo menos o mesmo, acontece normalmente o contrário, salvo honrosas excepções. A regra é: como as pessoas votam mais em partidos que em pessoas, normalmente não há da parte dos partidos uma preocupação de escolher os candidatos com base no mérito, na qualidade, na competência e da credibilidade”

Quanto a mim, a parte do seu discurso mais interessante foi aquela em que, por outras palavras, admite que não se pode pretender o poder pelo poder e que tudo vale para garantir o poder.
“Às vezes, é preferível saber que se vai perder uma eleição mas afirmar uma linha política de credibilidade, porque as convicções e a pureza dos princípios são muito mais importantes que os sentidos de oportunidade ou as lógicas de conveniência”

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Islândia - Um aviso para p mundo


Não deixa de ser caricato reler o que afirmavam os grandes organismos internacionais sobre o “case-study” Islândia em termos de desenvolvimento económico e social, à 2 anos atrás e ler o que dizem agora. Evidentemente que agora é muito fácil tirar as conclusões que bem entendermos, porventura algo salta à vista: a pujança económica islandesa assentava sobre alicerces muito frágeis.
Uma economia assente nos serviços, sobretudo, financeiros corre o risco de ver a sua riqueza “evaporar-se”, daí que denominemos a “outra” economia de real. Tal como Américo Amorim e Belmiro de Azevedo perderam potencialmente milhões de euros em acções, também um país pode perder milhões através do pagamento acrescido de juros, falência de bancos (e consequente nacionalização) e desvalorização monetária. Na Islândia estes factos tornaram-se mais problemáticos, visto que a economia estava dependente daqueles serviços em quase 90%, o que mais uma vez demonstra que a Islândia não seguiu uma boa prática de política estratégica (concentração da rentabilidade de um país num pequeno número de sectores).
Hoje, dia 20 de Setembro de 2009, a Islândia arrisca-se a tornar um dos países mais pobres do mundo, obrigando grande parte nos Islandeses a abandonar o país ou submeterem-se à miséria. Digo hoje, porque o governo Islandês pretende nacionalizar um banco privado (de fundos Ingleses e Holandeses) dada a situação insustentável que enfrenta. Segundo os meios de comunicação social, a dívida do banco atribuirá a cada islandês uma dívida de 13 mil euros.
Sinceramente não entendo esta decisão, porque se a maioria dos bancos islandeses já foi nacionalizada, como poderá o sistema financeiro islandês entrar em colapso com a falência deste banco? Seria como o BES, BPI e Banco Popular estivessem nacionalizados e a simples falência do Santander Totta implicasse a falência de todo o sistema.
O mais ridículo de tudo isto é que aquele banco captou muitos depósitos (na Islândia) a cidadãos Ingleses e Holandeses, graças a altas taxas de juro que praticava, e agora, os governos daqueles países exigem a devida indemnização ao governo islandês pela nacionalização. A isto é que se chama matar dois coelhos com um só tiro…
Como um mal nunca vem só, a oposição ameaça fazer cair o governo islandês, colocando em risco os acordos efectuados com o FMI, fundamentais para o país se manter à tona.
Aí está um aviso para aqueles que vivem artificialmente!

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Palavras entre linhas



Para não variar, deixem-me malhar na supra-economista Manuela Ferreira Leite. Neste post vou apenas me dedicar a esta frase: “Enquanto o Estado fizer tudo, o país não vai crescer”.
Extraordinário! Esta senhora vê tudo e mais alguma coisa, inclusive o que não existe. O Estado faz tudo? Não deixa nada para os privados? Esta frase diz muito do que Manuela Ferreira Leite pensa fazer do país e qual a política económica que aplicará.
Façamos uma breve analise às áreas em que o estado intervém. São elas: educação, saúde, defesa e participações estratégicas, directamente ou indirectamente (através de empresas públicas), em empresas nacionais como a EDP, Caixa Geral de Depósitos, Cimpor, entre outras.
Ora assim sendo, o que quis Manuela Ferreira Leite dizer? As três primeiras áreas que enunciei consubstanciam as tradicionais áreas a que todos os estados se dedicam (inclusive os denominados estados mínimos), porventura nas participações estratégicas o estado não faz, apenas intervém na gestão, com o peso que lhe é permitido, visto que, as Golden-Share estão em vias de extinção. Mesmo nestas situações, não percebo porque não há-de o país crescer, dado que as empresas são geridas com as supostas boas normas de gestão.
O que a Dra. Manuela Ferreira Leite pode estar a tentar dizer, entre linhas, para que ninguém se aperceba é da debandada neo-liberal que aí vem, se ela tomar o poder. Para que o estado reduza o peso na economia será necessário privatizar ainda mais e acelerar um processo substituição do estado pelos privados na educação, saúde e segurança.
O primeiro é prejudicial para as contas públicas, agravará as desigualdades sociais e em termos estratégicos é calamitoso, porque as empresas em que o estado ainda mantém participações, constituem monopólios naturais e, naturalmente, lucrativos. Sem estas participações, os dividendos dirigir-se-ão directamente para os bolsos dos magnatas nacionais, henriquecendo Américo Amorim e outros. Estrategicamente é o caos, pois estas empresas prestam serviços públicos às populações, não podendo estar sob alçada de gestões maximizadoras de lucros e indiferentes ao interesse nacional.
A saída das áreas tradicionais de intervenção do estado é o cúmulo de uma sociedade injusta. É a aplicação do salve-se quem poder que é o mesmo que dizer, salve-se quem tem dinheiro.
Abaixo, Manuela Ferreira Leite!!

terça-feira, 28 de julho de 2009

Professores => Coitadinhos



Já ouviram falar da “Exploração do proletário pelo proletário”? Eu diria que em Portugal passa-se um pouco disto e nós permanecemos impávidos e serenos.
Todas as classes profissionais têm o direito a defender os seus interesses, mas será legitimo que prejudiquem todos os outros em benefício próprio?
Por razões históricas e quiçá culturais, os funcionários públicos beneficiam de um conjunto de privilégios com que os outros portugueses apenas podem sonhar. Seria admissível que as remunerações fossem, em média, superiores dada o nível de habilitações superiores que graça no sector público, porventura muitas das benesses que foram surgindo são um insulto ao esforço e trabalho de todos os portugueses. Não acho admissível que possuam, cumulativamente, um trabalho garantido para todas a vida, sistema de saúde mais favorável (ADSE), horários de trabalho mais leves, remunerações mais elevadas, períodos superiores de férias, etc.
Não me digam que somos nós que estamos nivelados por baixo, pois se a maioria das empresas nacionais vacila com um aumento do IVA de 1 ponto percentual, imaginem aumentarem as contribuições para um sub-sistema de saúde, pagarem-nos 30 dias de férias e trabalharmos 7 horas… não duvido que algumas aguentassem, mas a maioria fecharia no primeiro mês.
Como chegamos até aqui? Chegamos a este ponto, por um lado, graças a um conjunto alargado de governos que cedeu ao instinto de abrir vagas para a administração pública com o único fim de ganhar votos; por outro lado, graças aos irresponsáveis sindicatos nacionais que se aproveitaram da miopia económica dos portugueses para pedir tudo e mais alguma coisa.
Durante esta década, praticamente, todas as greves de que me lembro pertenceram as classes profissionais ligadas à administração pública. Porque será que as classes profissionais ligadas ao sector privado não entram em greve? Será que estão todos bem e felizes da vida? Respondendo honestamente, muitos teriam razões para protestar mas sabiam que não estavam em condições de o fazer.
Os professores constituem uma situação, a meu ver, grotesca de roubalheira ao povo português. Esta classe profissional constitui 38% do total dos funcionários públicos e não quer esta avaliação porque, esta avaliação coloca quotas à progressão na carreira. Claro que não está em causa a burocracia, mas sim a impossibilidade de ganharem ainda mais ao fim do mês. Um professor em Portugal no fim da carreira é aquele que, em termos comparativos, mais ganha na União Europeia…falamos de 2100 euros líquidos!!!
Já pensaram no que fazem os professores durante estes 3 meses de paragem nas escolas? Corrigem testes? Vigiam exames? E dizem eles que estão apinhados de trabalho.
O poder corporativo desta classe é de tal forma elevado que conseguem ganhar mais do que os enfermeiros, por exemplo. Como é possível que estes trabalhando à noite, lidando com pessoas que enfrentam a morte, não possuam uns meses de “abrandamento da actividade” e se deparam com situações muito funestas, ganhem na maior parte da sua carreira menos que um professor?
Os portugueses têm de mostrar aos partidos políticos que estão fartos de demagogia e cheios de serem roubados em benefício de quem ganha mais do que eles.

sábado, 25 de julho de 2009

Equívocos da história

Ao longo dos séculos muitos homens foram injustamente enxovalhados, apenas porque perderam uma “batalha” na vida. Não me revejo naqueles que julgam ter os lugares assegurados e que tudo na vida tem que ir ter ao encontro deles. Admiro os que sobem “a pulso” com o seu esforço e inteligência, ainda que não admirada por todos.
Depois de quatro anos de legislatura, José Sócrates, deixa um legado; positivo para uns, negativo para outros. Mas deixa um legado…
Não é a primeira vez que ouço dizer que quando muito se fala de alguém, bem ou mal, é porque essa personalidade tem valor. Seja ela Luther King, Bin Laden, Blair, Álvaro Cunhal, Salazar ou Hitler. Todos eles tiveram competências e astúcia para chegar onde chegaram e, se hoje são adorados ou odiados é porque a história se encarregou de os marcar como ídolos ou como carrascos. Vem-me à memória as palavras de Júlio César, angustiado com o futuro: “Como se lembrarão de mim no futuro? Júlio César, o Filosofo, o Imperador, o Conquistador ou o Carniceiro?”
Para mim, quer esteja de acordo com as suas políticas ou não, José Sócrates tem o síndrome dos grandes políticos: levar até ao fim, aquilo em que acredita. Tinha um sonho para o país e estou plenamente convencido que tudo o que fez foi no interesse do país. Admiro-o por ter sido uma pessoa constantemente atacada desde o início da legislatura, mas como costuma dizer “…às vezes temos de cerrar os dentes e enfrentar as dificuldades”.
Ele pode ter sacado o diploma ao Domingo e ter assinado projectos que nunca viu, mas também foi ele que congrega todos os interesses dos países da União Europeia e consegue assinar o Tratado de Lisboa, dignificando o nome do país e ficando definitivamente reconhecida a diplomacia Portuguesa; ele pode ser mentiroso, mas foi capaz de gerar um deficit mais baixo da Democracia e colocar o país a crescer perto dos 2%; ele pode ser de direita, mas criou um conjunto de políticas sociais que auxiliaram muitas pessoas como Rendimento Solidário para Idosos, abono pré-natal e melhoria dos abonos para os mais carenciados; ele pode ser reduzido intelectualmente, mas com visão estratégica criou um cluster industrial nas renováveis (criando trabalho para mais de 10 mil pessoas), retirou Portugal da lista negra dos países em risco de falência na Segurança Social e colocou o país a pagar um spread da dívida mais baixo que a Espanha e Reino Unido; chamam-lhe plutocrata, mas graças à sua diplomacia económica, as empresas nacionais conseguem agora exportar cada vez mais para países, outrora vedados ao investimento nacional, como Venezuela, Rússia, Líbia, Argélia e Angola; chamam-lhe irresponsável e irrealista, mas a verdade é que combateu os grandes interesses corporativos nacionais que causam prejuízo colectivo em benefício privado e lançou o país numa onda tecnológica reconhecida internacionalmente, como a fibra óptica, a banda larga e o acesso aos computadores (para pobres ou para ricos).
Certamente não fez tudo bem, mas a sua força de vontade e desejo de ver o país avançar são um exemplo que todos devíamos seguir. Por mim, se um dia o encontrasse na rua, agradecia-lhe o esforço dispendido e recordava-me dele não como Sócrates, o Mentiroso, mas sim Sócrates, o Audaz.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Quem tem amigos...


Em Portugal já nos habituamos à promiscuidade entre o Estado e algumas empresas nacionais. Um exemplo claro de “amiguismo” e compadrio é o negócio do Terminal de Contentores de Lisboa.
Coloco-me de parte relativamente às polémicas que envolvem a paisagem, o ambiente e a entrada de centenas de camiões por dia na cidade, congestionando o que já está por demais entulhado, porque não sou lisboeta e não vivo o seu dia-a-dia para afirmar o que quer que seja. Debato-me apenas no negócio.
Comecemos pela forma de atribuição da concessão do terminal à Liscont (empresa da Mota-Engil que será concessionaria o terminal). Mandam as regras de gestão dos dinheiros públicos que todos os contratos celebrados entre o estado e privados sejam o menos onerosos possíveis ou que estabeleçam a melhor relação qualidade - preço, sendo que, para tal, deve-se realizar concursos públicos para a atribuição dos contratos. A concorrência, em teoria, faria o resto.
O problema é que nesta situação a concessão foi atribuída por ajuste directo. Sinceramente, acho inacreditável que se possa efectuar contratos por ajuste directo, quando estão envolvidos largas centenas de milhões de euros. Eu admito que o ajuste directo seja celebrado, ainda que tenha de ser escrutinado, em negócios de pequena dimensão nas câmaras municipais, com o único fim de acelerar um projecto que é fundamental para uma região. Apenas e somente nestas situações será admissível eliminar a concorrência na atribuição de contratos públicos, ainda que, a empresa envolvida tivesse de prestar declarações acrescidas sobre todo o negócio e demonstrar que não estaria ligada a quaisquer vereadores da região alvo.
Posto isto, já seria grave a atribuição do contrato por ajuste directo, mas as cláusulas do contrato são ainda piores. Umas são aceitáveis, indicando que a empresa deve ser indemnizada caso haja alterações significativas na sua actividade fruto de alterações da lei; porventura as cláusulas que garantem o reequilíbrio financeiro, em caso de baixa da actividade económica, são vergonhosas.
Se o negócio começar a correr mal, a empresa pode alargar o período de concessão sem novo contrato, pode reduzir as taxas pagas à Administração do Porto de Lisboa, inclusive, ser ressarcida dos investimentos já realizados (que ela própria fez) caso a contra parte (Administração Porto Lisboa = Estado) queira revogar o contrato.
Se o negócio correr bem, azar… dos contribuintes pois, neste caso, já não está claro que exista um aumento de contra-partidas, taxas por exemplo, da Liscont a favor do estado. Só se o negócio correr, excepcionalmente, bem, isto é, se o tráfego de contentores aumentar 400% face ao actual, é que a Administração do Porto de Lisboa pode revogar o contrato e renegociar. Como afirma o Diário Económico “…a não ser que se decida rasgar o contrato, arcando depois com as consequências, só um motivo de força maior, como uma guerra ou uma catástrofe natural, poderá impedir a Liscont de gerir o terminal nos próximos 33 anos”
Mário Lino afirmou que estava velho para ser ministro, mas será que continuará a estar velho, ele ou um dos seus secretários de estado, para gerir uma empresa de construção civil?

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Que Esquerda?


Enquanto lia o Programa Eleitoral do Bloco de Esquerda às legislativas deparei-me com muitas propostas interessantes, as quais poderiam ajudar o país a sair de uma grave crise social em que se encontra. Propositadamente, coloca apenas social e não económica, porque como em tudo na vida, existe sempre o reverso da moeda, algo que o Partido Comunista e o Bloco de Esquerda têm dificuldade em assumir.
Disse e sempre direi que lutarei por uma sociedade melhor, contudo tenho de perceber o que cria/gera riqueza, logo o que cria/gera emprego. Por muito que me custe ainda não vi um empresário criar um empresa e afirmar: “Dos resultados líquidos que auferir, 95% pertencerá aos trabalhadores e 5% a mim”. Faria sentido que assim fosse, visto que, foram eles (trabalhadores) e não ele (empresário) que criaram o produto/serviço que fez com que aquele obtivesse lucro; porventura o que fariam os trabalhadores se o empresário nunca tivesse corrido o risco de investir? A fronteira que delimita aquilo que é exploração daquilo que é recompensa é muito ténue e, por isso, geradora de ódios e desavenças.
A esquerda deve, cada vez mais, elucidar os cidadãos que o egoísmo e o mundo competitivo em que vivemos, não são uma fatalidade da vida, mas sim o resultado de uma sociedade dominada por instituições (religiosas, políticas, económicas e culturais) que tentam preservar o seu domínio na sociedade através da perpetuação das estruturas socioeconómicas existentes. Traduzindo: os partidos políticos no poder, as religiões dominantes e os grupos económicos mais pujantes encontram-se no topo, porque conseguiram criar uma “pescadinha de rabo na boca” em que aqueles que perpetuam o “Status Quo” são classificados de “normais” e aqueles que querem sair da lógica dominante são rotulados de “anormais” e, por isso, olhados com desdém e repugnância pelos restantes, constituindo isto um forte entrave à saída daquele sistema. Desta forma se percebe que os grandes grupos económicos estão associados a partidos de direita, porque estes fazem tudo para que aqueles prosperem e, por isso, perpetuem o seu poder.
Assim se entende que as religiões dominantes tenham criado o “inferno” pois este seria um entrave aos fiéis tomarem posições reformadoras, logo instigadoras de derrubar as estruturas dominantes; assim se percebe que as grandes companhias petrolíferas não estejam muito interessadas na nova economia verde e façam tudo para a boicotar, pois a hegemonização daquela implicaria a queda destas empresas.
Posto isto, a crítica que quero fazer é a seguinte: os partidos de esquerda têm de aprender a viver no fio da navalha, isto é, fazer uma transição progressiva de um mundo impregnado de liberalismo para um mundo socialista, mas para isso tem de cultivar entre os mais jovens, desde muito cedo, uma cultura de partilha e trabalho comunitário. Enfim, uma lógica de “Dar para receber” e não uma lógica de “Cada um para o seu umbigo”.
Não se pode pedir a uma sociedade que mude radicalmente a sua visão do mundo, quando todos os dias, essa mesma sociedade é empurrada para o consumismo, egoísmo e competitividade. Se queremos derrubar este colecte de forças em que estamos metidos, temos de começar pelas fundações, e nunca pelo telhado, colocando os explosivos em pontos estratégicos.
Já agora deixo a seguinte questão: Quem de entre vós está disposto a doar a sua herança à sociedade, depois de tantos anos de trabalho, em vez de a doar aos seus filhos? Haverá forma de diminuir as desigualdades mais eficaz do que está? O que seria Américo Amorim, se não herdasse o que herdou? Será que outros não teriam perpetuado os seus negócios?
Como podem ver, com a sociedade de hoje, dificilmente alguém responderia “Eu dou” à primeira pergunta, e é para isto que chamo a atenção.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Quem é dono da verdade?




A cada dia que passa o nome, Manuela Ferreira Leite, causa-me mais fastio. A Senhora agora acha-se capaz de determinar quais são os bons e os maus economistas; ou melhor, os credíveis e os não credíveis.
Após o famigerado Manifesto dos 28 economistas, a Dra. Manuela Ferreira Leite afirmou que não existia nenhum economista credível que não subscreve-se o manifesto. Já não nos bastava as tiradas do Partido Comunista, alegando superioridade moral para definir o que é esquerda do que não é, e agora temos a Demagoga e Oportunista Manuela Ferreira Leite a achar-se “A Supra Economista-Mor”.
O que aqueles senhores subscreveram no manifesto foi um ataque total aos grandes projectos de investimentos públicos que se executarão nos próximos anos. Entre os argumentos encontrava-se o estado actual da dívida pública portuguesa (quase a atingir os 100% do PIB), os prováveis prejuízos operacionais da gestão do TGV e a limitação do crédito disponível para os privados, dado que, o Estado iria absorver a totalidade do crédito disponível na economia.
Evidentemente, que muitos dos raciocínios elaborados pelos economistas nesse manifesto são insofismáveis, contudo existe um conjunto de questões a fazer. O que deve fazer o governo, então, perante a crise internacional? Quais os investimentos que deviam ser cancelados? Porque razão deve o país ficar com um deficit estrutural de infra-estruturas, relativamente à Europa? Porquê desperdiçar os fundos comunitários de apoio a estes projectos? Será que a realização destes investimentos públicos limitaria o acesso ao crédito por parte dos privados?
Vejamos o seguinte. Um governo, nesta situação, tem dois caminhos a seguir: ou não faz nada ou tem um política orçamental expansionista.
No primeiro caso, verá a dívida pública aumentar, pois aquilo a que os economistas chamam “Estabilizadores Automáticos” entraram em funcionamento, isto é, o estado passará a arrecadar menos impostos (menos lucros, menos salários, menos consumo) e as despesas aumentam (sobretudo ao nível da segurança social). Por este facto é preciso terminar com o mito que um governo conservador, não apresentará déficit´s orçamentais em tempos de crise. Se não apresentar, arrisca-se a ter a cabeça a prémio!
No segundo caso, para além da actuação dos “Estabilizadores Automáticos”, entra em funcionamento um conjunto de medidas para impulsionar a economia, como obras públicas, redução dos impostos ou subsidiar as actividades produtiva. É óbvio que nestes casos, os agravamentos das contas públicas serão, a curto prazo, superiores, mas poderemos sair da crise mais rapidamente. E sair da crise mais rapidamente, implica pagar menos subsídio de desemprego e arrecadar mais impostos; quando a esta lógica, incrementamos uma melhoria da competitividade do país, não há argumento que resista à execução do investimento.
Mas será que devemos efectuar todos e quaisquer investimentos? Não. Lá nisso, não concordo com o Keynes que afirmava que se existisse desemprego mandava-se, por exemplo, alcatroar as estradas. Se elas já estivessem alcatroadas, esburacávamos as mesmas e depois mandava-se alcatroa-las. Ora é óbvio que isto não deverá ser assim, pois se existem um conjunto de deficiências estruturais numa economia em termos de infra-estruturas, junte-se o útil ao agradável e construa-se o que falta construir.
Então e o TGV seria um deficiência estrutural, caso não fosse construído. Mas isso significa que deve ser feito a qualquer custo? Não. Existe um poderoso instrumento que permite averiguar a razoabilidade de um investimento: “Analise Custo-Benefício”. O que aqui se faz é comparar os Benefícios que o investimento proporcionará (económicos, ambientais e sociais) e os custos que causará (económicos, ambientais e sociais). Facilmente se compreende que é necessário que os primeiros suplantem os segundos para o investimento se concretizar. Mas existe uma questão controversa; se é fácil mensurar os benefícios e custos económicos, já não se pode dizer o mesmo dos benefícios e custos sociais e ambientais, sendo por esta razão que existem tantos estudos como conclusões que se pretendem obter.
Na minha opinião, um projecto como o TGV é não só um sinal de integração europeia, como seria simbolicamente decepcionante que a linha de alta velocidade termina-se em Badajoz. Sem acesso a estudos ou quaisquer relatórios, apostava numa única ligação entre Lisboa-Madrid e na modernização de toda a linha ferroviária Portuguesa, com especial destaque para a linha Vigo-Porto-Lisboa.
Será que o argumento da indisponibilidade de crédito para os privados é correcta? De facto, o crédito funciona como uma espécie de “saco” onde uns colocam fundos e recebem um juro e outros levantam fundos e pagam um juro. Se o estado realizar investimentos, vai limitar os fundos para os outros investidores ou, pelo menos, aumentará o juro dos empréstimos seguintes. Porventura, assumir que o investimento privado deve prevalecer sobre o investimento público é assentir que o investimento privado é melhor do que o investimento público e que o investimento privado tem prioridade sobre o investimento público, o que é facilmente desmentível, visto que, existem investimentos públicos que são fundamentais para um país (barragens, estradas, hospitais, educação, etc) cujos privados não estão dispostos a realizar.
E já agora, como é que se pode afirmar que os investimentos públicos limitarão o crédito disponível para os privados se estes, actualmente, não estão dispostos assumir riscos. Quem é capaz de me garantir que o governo não investindo, os privados investirão? E se os privados não investirem, quem impulsionará a retoma?
Como se fala de uma questão de prioridades, com que argumento se pode criticar o projecto das grandes barragens no seu todo? Com este tipo de política, a Dra. Manuela Ferreira Leite teria ficado melhor a cuidar dos seus netinhos.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Ronaldo e a Especulação


À dias li num jornal uma frase que me deixou a pensar: “A venda do Cristiano Ronaldo é um exemplo que a velha economia especulativa não morreu”.
A frase entrou-me pelo cérebro dentro como um trovão. Pensava que aqueles que nos tinham conduzido a esta crise e, em particular, os métodos que usavam para beneficiar o mais possível e o mais rapidamente de lucros “artificiais”, tinha acabado, contudo concluo que continuam a existir resquícios da velha ordem.
O que é isto da especulação? A especulação é um acto onde os intervenientes estão interessados em ganhar/fazer dinheiro através da compra e venda de activos, sejam eles ouro, cereais, petróleo, acções ou … jogadores de futebol. Quando alguém compra acções em Junho e vende-as em Julho, diz-se que o investidor teve um comportamento especulativo, pois o objectivo não era fazer parte do capital da empresa e beneficiar dos lucros (dividendos), mas sim ganhar dinheiro (mais-valias) através da compra e venda das acções.
Como está bom de ver, sempre que uma economia anda ao sabor deste tipo de fluxos monetários, não tardará a ter um bolha especulativa e a colapsar, visto que, em vez de se investir produtivamente, investe-se financeiramente como se estivesse num mega-casino.
O que terá então esta transferência de especulativa? Já pensaram como é que o Real Madrid está a pensar pagar a transferência de 94 milhões de euros?
Simples. O Sr. Florentino Pérez pediu um empréstimo a dois bancos espanhóis no montante de 300 milhões de euros, tendo única e exclusivamente como garantia que pagará o empréstimo, a venda dos direitos televisivos, campanhas publicitárias e venda de artigos desportivos. Isto é: este senhor compara o Futebol a Hollywood, onde o que interessa não é se o filme é bom ou não, mas sim se o Tom Cruise entre no filme, fazendo do Real Madrid uma espécie de Disneylandia do futebol.
Quer isto dizer que, o Real Madrid está entre a espada e a parede em termos financeiros, visto que para garantir que pagará os seus empréstimos necessitará de vender os direitos televisivos por uma enormidade, encher o Bernabeu todos os jogos e vender loucamente camisolas e calções; e do que está dependente tudo isto: da qualidade do jogo dos seus jogadores.
Reparem só na sustentabilidade disto: basta que o Ronaldo comece a gostar da noite espanhola e Kaka deixe de ser um “santinho” e todo aquele raciocínio vai por água abaixo. Então a transferência é especulativa, porque alguém acha que comprando um jogador, por si só, será capaz de vender mais camisolas, ganhar mais nos direitos televisivos e ganhar mais em publicidade. O que é que isto tem de produtivo ou sustentável? Nada! São meras especulações ou conjecturas.
O Sr. Blatter disse que quando se comprava um Picasso também se pagavam enormidades e, disse ele, “O quadro fica guardado numa sala, onde ninguém o verá, enquanto o Ronaldo poderão vê-lo todas as semanas.”
Do que o Sr. Blatter se esqueceu é este tipo de quadros não são comprados para “fazer dinheiro”, por isso é que ficam em locais onde ninguém os vê, mantendo o seu valor ao longo de muitos anos, enquanto o Ronaldo vasta uma entrada mais dura para lhe partir uma perda e 94 milhões se perderem.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Chulos??!!



Aos poucos e poucos, apercebo-me que Einstein tinha mesmo razão quando afirmava que existia duas coisas infinitas no universo: o próprio universo e a estupidez humana!
Já se sabe que em tempo de crise, não se limpam armas, mas há por aí uns tipos que andam a exagerar. Em crise, já todos sabemos que nos encontramos, e as companhias aéreas não fogem a essa situação. São conhecidos os prejuízos das várias operadoras internacionais como a TWA, France Air Lines, TAP, ALITALIA e a própria British Airways e as soluções que encontraram para sair dessa situação. Enquanto que uns se coligam, reduzem margens de lucro, eliminam rotas menos rentáveis e/ou aumentam os preços, outros descobriram algo extremamente importante e que promete arrasar com a crise; trabalhar de GRAÇA.
Exactamente, trabalhar um mês, de GRAÇA. E como bom oportunista e populista que certamente será, o presidente-executivo da companhia British Airways já decidiu aderir. Ah pois, o exemplo vem de cima… mas esperem um pouco. Quanto é que ele ganha? Setenta e Dois mil euros por mês ( €72000/mês). Este chulo apressou-se a dizer que estava disposto a trabalhar um mês de graça, quando deveria ter dito que estava disposto a trabalhar 1 ano de graça!
Tentemos perceber, porque razão as companhias aéreas se encontram nesta situação. Antes de 2008, a maioria das companhias aéreas encontrava-se de perfeita saúde, porventura com a subida do preço do petróleo e, posteriormente, com a redução do nº de passageiros, os resultados entraram em colapso. Como é que os trabalhadores são responsáveis por esta situação? A resposta é que não são responsáveis.
O sector aeronáutico atravessa uma crise estrutural, visto que, mais tarde ou mais cedo, os preços dos combustíveis voltarão a subir ferozmente, e anda-se a tentar resolver esta situação com esquemas artificias de melhoria da rentabilidade das companhias.
Aqueles que advogam o trabalho voluntário para resolver esta situação, arriscam-se a “roubar” o lugar à Madre Teresa de Calcutá, pois os factores que estão a prejudicar as companhias aéreas, vieram para ficar, e por isso, estas pessoas terão de trabalhar não um mês de graça, mas sim 3, 4 ou 5.
Cada um é responsável de fazer o que bem lhe entender, inclusive trabalhar de graça, mas dever-se-ia tomar as devidas precauções para evitar que aqueles que recusarem trabalhar de graça, sejam despedidos ou perseguidos futuramente. Ah e se isto entra em moda, ainda vamos ver em Portugal alguns pseudo-empresários a solicitarem aos seus trabalhadores para laborarem um mesito “à borla”, porque o Mercedes que o patrão comprou o ano passado foi carito e este ano as encomendas estão curtas… é óbvio que o primeiro à abdicar do seu salário será o responsável do máximo da empresa que ganha mais 500% que os “voluntários”.
Chulos??!!



http://sic.aeiou.pt/online/video/informacao/NoticiasDinheiro/2009/6/crise-no-mundo.htm

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Profunda hipocrisia



Ontem, dia 7 de Junho, assistimos a um espectáculo degradante na TV nacional. Enquanto alguns estavam trombudos, outros, que é como quem diz “Todos menos um”, faziam festa e cantavam vitória. Vitória??
Como é que se pode cantar vitória quando a abstenção cifrou-se nos 62,8%? Como é possível cantar vitória, quando temos um resultado marginalmente superior ao da derrota das últimas legislativas? Será difícil perceber que foi o PS que perdeu e não o PSD que ganhou? E a governação futura do país, será motivo de sorriso para alguém? Esta lógica do poder a todo o custo, seja com mais ou menos custo para o país, já me enoja.
Fiquei muito desiludido com a actuação dos Portugueses nas eleições de ontem. Não pelo sentido de voto, mas pela sua imobilização. O descontentamento não se pode materializar em não votar. Alias, aqueles que o fazem, estão a aumentar artificialmente o poder do voto dos outros que vão às urnas.
Repare-se no ridículo da situação: a abstenção de 62,8% dá-nos a indicação que apenas que 37,2% dos eleitores votaram, isto é, cada cidadão que votou, fê-lo aproximadamente por 3 pessoas. Perante isto, aqueles que não votaram, pensando que fizeram alguma coisa, delegaram o seu futuro nas mãos de todos os outros. Não votando, não criticaram o sistema, não mostraram responsabilidade, não deram cartão vermelho a ninguém, apenas demonstraram a sua irresponsabilidade e falta de respeito por aqueles que lutaram para que, agora, pudessem votar; mais ainda, deram poder a uma minoria para decidir pela maioria.
O nosso orgulho e incompetência leva-nos a sacudir a “água do capote” criticando os políticos por tudo e mais alguma coisa que se passe na sociedade. A culpa não é só deles, porque os políticos são o espelho da sociedade em que vivem, logo se eles são ladrões e corruptos é porque nós também somos, se eles não sabem tomar as rédeas do país é porque nós não sabemos tomar as rédeas no nosso próprio destino. O que os portugueses querem e merecem é um ditador que os subjugue, que os censure, que lhes retire todos os direitos sociais e que tenha uma atitude paternalista. Assim já nos sentiremos mais confortáveis.
Querem que eu vos diga quem foi o grande vencedor das eleições de ontem? Foi o Bloco de Esquerda que se tornou, pela primeira vez, a 3ª força política e promete fazer estragos a seu favor nos futuros governos.
Temo pelo futuro deste país, porque Sócrates e Ferreira Leite afirmaram que Bloco Central, nunca. Francisco Louça avisou que nunca coligará com o PS. E o PS não morre de amores pelo Partido Comunista. Com o Bloco de Esquerda e o Partido Comunista com 1/5 dos votos e PS e PSD com pouco mais de 50% dos votos, o país caminha a paços largos para a convulsão.
Com uma dívida pública a galopar, literalmente, com o deficit público atingir 6% do PIB e com a fragmentação dos votos, aquele que herdar o poder em Outubro arrisca-se a não ficar por lá muito tempo.
O que se passou ontem, não foi um aviso ao governo. Foi um aviso aos eleitores…