terça-feira, 2 de março de 2010

Os milagres acontecem...mas só para alguns


Pois, é isso. Os milagres acontecem… mas só para alguns!
Sucedem-se os relatos de milagrosas fugas à morte na Madeira. No dia 24 de Fevereiro, http://www.netmadeira.com/noticias/madeira/2010/2/24/foi-um-milagre-que-me-salvou, neste endereço encontramos a história de um jovem de 19 anos que escapou às garras da morte “milagrosamente”; neste endereço http://tbcparoquia.blogspot.com/2010/02/madeira-capela-completamente-destruida.html, encontra-se a história da capela das Babosas que ficou completamente destruída pelo temporal, à excepção, da imagem da nossa senhora, claro, milagrosamente; e quem não se lembra daquela senhora que rezava freneticamente na capela que, segundo ela, lhe tinha salvo a vida milagrosamente, visto que, entrou todo o entulho e lama pela capela dentro, mas quando ia ficando soterrada…eis que o “milagre” acontece: a enxurrada parou. Ah, é verdade, neste último caso, não foi preciso muito tempo para que o padre da paróquia viesse à televisão afirmar que tinha ocorrido um milagre.
Enquanto vejo e ouço esta histeria, pergunto-me: Então e os outros? Porque motivo não foram salvos, “milagrosamente”, aqueles que morreram? Não tinha “Ele” poder que chegasse e sobrasse para isso tudo? Porque motivo “Ele” prefere uns a outros? Ele não é o todo poderoso, justo, misericordioso e bondoso? Ah, já sei, a resposta reside na treta do costume: “indecifráveis são os desígnios do senhor”; “Felizes os que acreditam sem terem visto”…
Quantos abutres vão “encher os chocos” à custa do obscurantismo destas pessoas que julgam que foram bafejadas pela protecção divida. Como dizemos cá no norte: “Santa Ignorância!”

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Dinheiro sujo


Isto de ser rico às custas dos outros, não dura sempre.
Já tive oportunidade de demonstrar a minha repugnância por aqueles países que vivem artificialmente bem, por causa de dinheiro sujo proveniente de praticamente todo tipo de crimes e violações dos direitos humanos. Estes países, não só, promovem o crime e violação dos direitos humanos, dando abrigo ao dinheiro de criminosos, como impedem os países-natal dos criminosos de terem acesso às contas daqueles. Como se não bastasse, alguns desses países, a que eu chamo “abutres”, ainda emprestam dinheiro com taxas de juro altíssimas a outros países, muitas vezes aos países-natal dos criminosos. A isto poderíamos chamar “dupla roubalheira”.
Na Europa temos alguns exemplos: Suiça, São Marino, Mónaco, Luxemburgo e Liechtenstein. Evidentemente que uns usam práticas mais funestas que outros, mas no fundo todos pactuam numa coisa: captar dinheiro!
A Suiça, desde sempre foi vista como um país exemplar, de bons costumes, pessoas cultas e, sobretudo, um país rico. Mas por que raio, um país no meio dos Alpes, encravado entre a Itália, França, Áustria e Alemanha poderá ter um nível de vida e rendimento muito superior à média europeia?
A resposta é simples. Enquanto que uns se especializam na produção agrícola, outros se especializam na metalomecânica (como os Checos e os Alemães), outros especializam-se na arte de roubar. Mas não é roubar de uma forma qualquer, por isso é que são especializados. Trata-se do típico “colarinho branco”.
Este modo de vida fica de tal forma entranhado num país que qualquer tentativa para o modificar é vista como ameaça à segurança nacional. O UBS, principal banco suíço e um dos maiores do mundo, desejava ceder dados sobre as contas de alguns dos seus depositários, aos países de origem, mas o governo suíço impediu-o. O que teme o governo suíço?
A Itália promoveu um perdão fiscal a todos aqueles que fugiram ao fisco italiano e depositaram os seus rendimentos na Suiça. Por esta via, o governo Italiano já consegui arrecadar 85 mil milhões de euros e só da Suiça saíram 60 mil milhões. Só para possuírem um termo de comparação, o PIB português é de 160 mil milhões…uma enormidade portanto.
O problema é que isto é uma gota de água num oceano e países como Portugal continuam a ser lesados nas suas receitas por estes países-abutres. Deixassem os Suíços de vender o que é dos outros e logo veríamos se viveriam só de chocolate, relógios e medicamentos.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Instrumentalizações


O país, nos últimos dois meses, tem assistido a uma corrente incessante de notícias sobre escutas e mexericos. O termo inqualificável, talvez seja o mais apropriado para o que temos assistido. Não se trata de efectuar juízos de valor aos escutados, sejam eles Pinto da Costa, José Sócrates, António Preto ou Armando Vara, mas sim de julgar o acto de divulgar e espalhar escutas que legalmente deveriam estar em segredo de justiça.
Os nomes referidos devem e podem ser julgados em tribunal e nunca na praça pública, sob pena de criarmos um país onde a lei do mais forte, do mais populista e do mais corporativista se sobrepõe a todas as outras. Ora, os exemplos do passado estão na memória de muitos e, a bem de todos, deveriam manter-se apenas como meros exemplos.
A instrumentalização de escutas e/ou imagens não podem ser usadas para manipular a opinião pública porque, quer queiramos quer não, somos manipuláveis e percepcionamos a realidade circundante “à nossa maneira”. Olhem para os vários exemplos: Alberto João Jardim na Madeira para uns é um reles oportunista e demagogo, para outros é o melhor estadista do país; Salazar para uns foi um infame ditador, para outros foi um esplêndido governante; para uns o aborto é uma violação grave do direito à vida, para outros é um direito que assiste à mãe.
Os exemplos continuariam “ad aeternum”, assim o quiséssemos. Dir-me-ão que se trata, pura e simplesmente, da liberdade de expressão. Certamente que sim, mas demonstra-nos que apesar de não estarmos de acordo com a visão do outro, devemos respeitar a sua opinião. A nossa opinião não tem de ser melhor do que a do outro, nem pior; muito provavelmente será diferente.
Usar toda a espécie de artifícios e práticas ilegais, só para demonstrar que nós é que estamos certos e nós é que somos os detentores da razão, acabará por gerar mais injustiças, mais ilegalidades, mais violência, enfim, um país pior.
As recentes publicações das escutas de Pinto da Costa no Youtube e as ameaçadoras transcrições do Correio da Manhã sobre José Sócrates revelam que estamos num país, em que não se pode falar ao telefone, não se pode estar a mesa e conversar descansadamente e, dentro de pouco tempo, não se pode fazer aquilo que aqui estou a fazer. Quando visualizo escutas no Youtube ou leio as transcrições de escutas num jornal estou, involuntariamente, a estimular a prática de um acto que é ilegal e muitíssimo perigoso. Por isso, deixo-vos com um conselho: viver em democracia implica responsabilidade, cidadania, crença nos órgãos de soberania, nomeadamente nos tribunais, e respeito pela liberdade e privacidade do outro.
Quero estar à mesa de um restaurante, ao telefone ou a escrever num blog e não me sentir constrangido em afirmar que “aquele fulano não presta, não sabe o que está a fazer e devia ser arrumado dali para fora”. Se não o poder fazer, o que é isto senão uma ditadura?

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

O Bombo da Festa



Não há muito a acrescentar…vindo de quem vem.
O lunático, intempestivo e imprevisível ditador venezuelano, certamente, deve andar com alguns problemas. Uma de três situações está a ocorrer: anda a mascar folhas de coca, anda a gozar com o povo venezuelano, tal é a demagogia e populismo utilizados, ou terá alguma doença do foro psiquiátrico.
Este senhor acusa os Estados Unidos (quem mais poderia ser?!) de serem os culpados pelo terramoto no Haiti. Isso mesmo, aquele acontecimento catastrófico, alegadamente proveniente das forças libertadas pela colisão de placas em movimento na crosta terrestre, terá isso provocado pelos supremos e todo-poderosos senhores do mundo, os norte- americanos.
O senhor Chavez encontrou o bombo da festa, ou melhor, encontrou o bode expiatório para o qual pode lançar todos os males do mundo, inclusive os males que ele próprio gera. Mas não fujamos do assunto inicial. Sabem como é que os EUA provocaram o terramoto no Haiti? Através de uma nova bomba.
Bem não sei o que possa dizer mais. Ficaria contente que o ser humano já fosse capaz de provocar terramotos sem detonações estrondosas, como as bombas atómicas, visto que significaria que teríamos dado mais um gigantesco passo no desenvolvimento da tecnologia e ciência, porventura isto deve ser mais um desvario do Sr. Ditador.

http://www.youtube.com/watch?v=P4RCA5yYeDs&feature=player_embedded

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Pena de Morte no Japão



Normalmente associamos aos países industrializados, o mundo civilizado. Proclamam-se defensores da Declaração dos Direitos Humanos e, diga-se de passagem, a grande maioria dos países desenvolvidos salvaguardam os Direitos Humanos.
A cultura americana já nos habituou a tudo, ao melhor e ao pior. Normalmente conhecidos como os pais da democracia, também nos habituaram aos espectaculares avanços tecnológicos proporcionados ao longo do século XX; por outro lado, é do conhecimento geral que existiram administrações menos transparentes e chegaram a violar o direito internacional e os direitos humanos, no seu próprio território. Dos Estados Unidos e da sua peculiaridade estamos conversados, mas e o Japão…
Fiquei um pouco extasiado quando soube que no Japão ainda se praticava a pena de morte. Sempre associei os japoneses à austeridade, ao rigor, ao desenvolvimento e, pensava eu, ao respeito pelos direitos humanos.
Existe uma crença errada que a pena de morte e o respectivo sofrimento do condenado se limitam “à hora da morte”. Esta ideia não pode estar mais incorrecta, porque durante o período que decorre entre a determinação da sentença em tribunal e a execução, o condenado atravessa um verdadeiro “inferno” na terra; muitos deles, por causa daquele período, são executados com doenças mentais.
A isolação, a ausência de estímulos, a falta de exposição ao ar fresco e à luz, a limitação de visitas, a ameaça de punimentos físicos e o prolongamento da detenção são factores que contribuem para a deterioração da saúde mental dos condenados. No Japão estes factores estão bem presentes na vida dos condenados, pois são impedidos de falar com outros condenados, as visitas da família são muito restritas tendo a duração de 30 minutos e mesmo assim o Director da prisão tem que estar presente, a correspondência que recebem está sujeita a censura e não podem ver televisão nem desenvolver trabalho voluntário.
Mas se pensam que isto é demais, imagem só que a “sede de sangue” chega a tais pontos que pessoas com mais de 70 anos foram condenadas à morte… numa cadeira de rodas. De facto custa um pouco a interiorizar que uma cultura ancestral e uma sociedade tão moderna como a japonesa aceitem estas práticas desumanas.
A nova ministra da justiça, Keiko Chiba, parece disposta a modificar esta actuação vergonhosa do seu país em matéria de direitos humanos, o que se traduz num resquício de esperança para 97 pessoas que aguardam a morte.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Crónica de uma tragédia anunciada



Não. Não é sobre o Haiti que vou escrever, mas sobre a tragédia que se abaterá sobre a Venezuela.
A sociedade actual vive no mediatismo e na cultura do espectáculo, seja ele qual for. Para além disto, o ser humano possui uma limitação inebriante que nos impede de prestar atenção a vários fenómenos ao mesmo tempo. Por algum motivo é tão interessante controlar a imprensa nacional, pois dessa forma controla-se a agenda nacional, isto é, o que está ou não está em discussão, esquecendo-se/apagando-se temas mais inoportunos. O que se está a suceder no Haiti é verdadeiramente trágico, mas está a limitar a nossa atenção ao que se passa na Venezuela. O senhor Hugo Chávez, por mais fiel que seja aos seus princípios, esquece-se que está a governar um país e a lidar com milhões de pessoas.
O que se está a suceder na Venezuela poderá colocar o país em alvoroço em pouco tempo e o Sr. Chávez sabe disso, caso contrário não dizia ao exército para descer às ruas. A coisa vai mesmo aquecer!
Vamos lá ver o que se passa.

1º - Hugo Chávez promoveu uma desvalorização de 50% do bolívar
2º - Existem actualmente duas taxas oficiais na Venezuela e uma clandestina
3º - Impôs uma contenção forçada de custos nas empresas e comércio, sob pena de nacionalização

Comecemos pelo primeiro. Uma desvalorização, afinal, o que é? Injectando-se massivas quantidades de dinheiro em circulação, reduzimos o valor desse mesmo dinheiro, elevando o preço que temos de pagar em moeda nacional para obter moeda estrangeira (Taxa de Câmbio). Por outras palavras, torna-se mais difícil importar e mais fácil exportar, pelo que, acontece uma de duas coisas: ou o país produz mais ou enfrentará escassez internamente (este remédio já foi utilizado em Portugal em 1983). O povo venezuelano, do dia para a noite, viu o seu poder de compra reduzir-se substancialmente.

Teoricamente, o povo perde poder de compra, pois as empresas perante o encarecimento das importações e aumento das exportações, vêm-se forçados a aumentar os custos, logo os preços. Mas é precisamente aqui que Hugo Chávez comete outro erro: impede as empresas de aumentarem os seus custos, logo os preços, como seria natural.
Ora isto, como está bom de ver, provocará um colapso total da estrutura produtiva do país. Hugo Chávez está a pedir aos empresários e comerciantes venezuelanos o impossível e, por isso, a ameaça de nacionalização (já em concretização) expõe os verdadeiros intentos do senhor ditador Hugo Chávez: a nacionalização de toda a economia venezuelana!
Porque é que isto é trágico? Porque aqueles que lutaram durante anos para conseguirem amealhar algo, forçar-se-ão a “trabalhar para aquecer” ou a entregar tudo ao estado. O clima de medo está instalado e certamente que existem muitas emoções prestes a explodir.

Finalmente ao existirem duas taxas de câmbio, uma para alimentos e outra para bens não essenciais. Chávez estimula a “arbitragem” cambial, pois ninguém acredita no valor oficial do Bolívar face ao dólar (cerca de 2,6 bolívares por cada dólar), pelo que no mercado negro existem pessoas especializadas em vender dólares ao preço de … 6,25 bolívares.

Este senhor ao querer a chuva na eira e sol no nabal, acabará por provocar uma tempestade a nível regional.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Crime na Nicarágua



Só existe um nome, para aquilo que se está a suceder na Nicarágua: criminoso!
Este Estado da América Central promoveu uma derrocada civilizacional ao seu povo, aprovando a ilegalidade, em todas e quaisquer circunstâncias, do aborto ou interrupção voluntária da gravidez.
Esta nova lei resultou de uma revisão do código penal do país em 2008. Desde essa data, mulheres e raparigas que sejam violas ou vítimas de incesto vêm-se na obrigação de dar à luz os seus filhos (ou irmãos), sob pena de prisão. Como resultado do enorme sofrimento por que passam estas mulheres e, até, crianças, a taxa de suicídio entre mulheres e jovens disparou no último ano.
Apesar de altamente repugnante e desprezível aos nossos olhos europeus poderíamos enquadrar estas práticas legislativas como resultado de estigmas e preconceitos sociais, pelo que a lei apenas traduz os sentimentos do povo; mas mais uma vez, aqueles que verdadeiramente sofrem e vêm os seus direitos violados são obrigados a aceitar!
Ainda muito mais grave, e isto é inaceitável seja em que cultura for, é a impossibilidade da mulher beneficiar de cuidados médicos quando existam complicações na gravidez ou problemas de saúde diversos (ataques cardíacos, SIDA, malária, etc), desde que isso implique perigo de vida para o feto. Basicamente, a mulher é obrigada a morrer para dar a vida (ou não) ao seu filho.
Como se classifica uma pessoa que obriga outra a morrer por um terceiro, mesmo que seja seu filho e a gravidez resulte de rapto (violação) ou incesto. Não podemos ficar indiferentes a tamanha violação dos direitos humanos, pelo que devemos e podemos assinar uma petição dirigida ao actual Presidente para eliminar a “proibição total” do aborto na Nicarágua.

http://www.jotform.com/form/92233302338

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Caminho até 2013

Agora que se começam digladiar os partidos pela aprovação/inclusão de determinadas política no Orçamento de Estado, importa reflectir sobre a sua possível evolução e como se conseguirá atingir os 3% de deficit público em 2013.


Fiz uma projecção para o crescimento real do PIB, isto é, ajustado da inflação, em 1,22% e uma inflação a rondar os 1,58%, para que em 2013 o crescimento real (acumulado desde 2009) fosse 5%.

Assumi que:
1. Os impostos directos (os que incidem sobre rendimentos e imóveis) assumiam uma relação estável com o PIB em torno dos 11%, como se sucedeu em 2008
2. Os impostos indirectos (que incidem sobre o consumo) assumiam uma relação estável com o PIB em torno dos 14%, acrescendo 300 milhões de euros resultantes do aumento da taxa máxima do IVA em 1 ponto percentual (21%)
3. As outras receitas correntes, como as provenientes da Segurança Social, assumiriam uma relação estável com o PIB em torno dos 16,5% (o que não é expectável, dada a crise económica)
4. As receitas de Capital andariam em torno dos 2,3% do PIB
5. As despesas correntes (pessoal, juros, transferências, subsídios, etc) manter-se-iam constantes, em relação a 2009, o que implica um congelamento dos aumentos da função pública e rigor na atribuição de subsídios, acrescendo 300 milhões de euros, a partir de 2010, por causa da elevação das taxas de juro para a República e do aumento da dívida pública
6. As despesas de capital manter-se-iam constantes e iguais a 2009



Note-se que apenas em 2013 alcançaríamos um deficit orçamental inferior a 3%; contudo os pressupostos referidos, nomeadamente, o crescimento real do PIB cifrar-se em 1,22% ao ano e o aumento das receitas com o crescimento económico são pressupostos favoráveis e não garantidamente concretizáveis.
Para além disso seria necessário aumentar o IVA e congelar aumentos… não se afiguram anos fáceis para a economia nacional.