segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Empobrecer com ruído



Empobrecer com ruído!
O Dr. Medina Carreira antigo ministro das finanças do Professor Cavaco Silva, proferiu estas palavras que, no mínimo, nos fazem estremecer. De facto, o Dr. Medina Carreira, é conhecido pelo seu pessimismo crónico, mas há algo que não nos devemos esquecer: um pessimista, normalmente, está melhor informado do que um optimista. Para mal dos nossos pecados, penso que ele tem mesmo razão. Mas o que será que ele pretendia transmitir com isto? Vejamos ponto a ponto.
O processo de globalização desencadeou um fenómeno que é, no mínimo, irónico. Como as fronteiras nacionais foram sucessivamente abertas (abolindo-se o Estado-Nação), os países ocidentais, isto é, Europa e E.U.A. ficaram sem capacidade de se protegerem da concorrência feroz do Sudeste Asiático. Se é um facto que os países ocidentais aproveitaram-se do seu desenvolvimento económico e militar para explorar, outrora, os países subdesenvolvidos de todo o mundo, agora parece que esses mesmos países tomaram as rédeas do seu destino e tiraram proveito da globalização. Tudo isto é irónico, porque é um fenómeno liberal que permite uma ascensão, sem precedentes, de muitos pobres à classe média, em vários países como China, Índia e Brasil.
Note-se que sem este processo de globalização não teria sido possível à China iniciar uma ascensão tão rápida da sua indústria e, desta forma, retirar cerca de 200 milhões de pessoas da pobreza. Raciocínio idêntico pode ser feito para os restantes países envoltos num mega processo de desenvolvimento.
Até aqui tudo bem; mas pense-se no seguinte: se estes países do Sudeste Asiático conseguem produzir produtos a preços imbatíveis e, à medida que ascendem economicamente, desejam possuir o estilo de vida ocidental, então seremos obrigados a fechar as nossas empresas tradicionais, por um lado, e por outro veremos todos os bens essenciais que assumíamos como garantidos (arroz, massa, combustíveis, electricidade, etc) a subir de preços. Apercebam-se da encruzilhada em que estamos metidos, por um lado estamos a ficar sem indústria e, por outro, estamos a ficar com os bens essenciais mais caros!
Existe algo ainda mais ruinoso pela frente. Se não teremos industria compatível com a concorrência internacional, o que será feito dos impostos provenientes dos trabalhadores e dos lucros empresariais? Sem estes impostos como é possível prosseguir com um estado social? Se não seguirmos com o estado social, o que será feito da população crescentemente envelhecida e dos cuidados de saúde daí resultantes?
Pois, podem tirar as mãos da cabeça, porque há uma solução. Voltar ao proteccionismo de estado através das barreiras alfandegárias e desta forma salvamos a indústria europeia. Desta forma evitaríamos níveis de desemprego crescentes e conseguiríamos manter um estado social que é, sem dúvida, fundamental para as condições sociais que futuramente teremos.
Mas veja-se o caminho que tudo tem levado: aumento da precarização, diminuição dos salários reais (diminuição do poder compra) e aumento do desemprego. Isto acontece, porque os nossos dirigentes julgam ser capazes de competir à escala global sem levarem o seu povo a regredir civilizacionalmente. Não podem estar mais enganados!
É por nos estarmos aperceber disto que na Grécia a insurreição continua e em muitos sítios desencadear-se-á. Por isso, vamos empobrecer com ruído.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Que Natal?


Dizem que vem da Lapónia num trenó puxado por renas, voando. Uma história mágica que nos retira da realidade, por alguns dias.
 Não vem mal ao mundo, por as pessoas fugirem, momentaneamente, ao mundo competitivo, egoísta, irresponsável, individualista e desumano; mas a forma que as pessoas encontram para fugir a esse mundo é, também ela, egoísta, irresponsável e desumana. Paremos para pensar.
 Será que o ser humano não consegue encontrar a paz interior, sem ser através de um ímpeto consumista desenfriado? Onde está o espírito de amizade, confraternização e entre-ajuda na compra de mais um par de sapatos, mais uma camisola ou de mais um videojogo? Onde mora a responsabilidade daquele que prefere endividar-se ou esbanjar o subsídio de natal (aqueles que o têm) na compra de um presente, só para não ficar "mal visto" perante os outros?
 O mundo ocidental tornou-se no mundo das aparências, da imagem e da futilidade; um mundo que nos conduz ao desgaste psiquico e físico e, que mesmo assim, nos induz/guia fim-de-semana após fim-de-semana a amontoarmo-nos em shoppings, em busca de uma espécie de Santo Graal.
 Faço mais estas duas perguntas: Se criassem um fundo onde podessemos depositar o dinheiro desperdiçado nesta quadra, com o intuito de garantir educação e saúde aos amargurados de todo o mundo, em especial as crianças africanas, será que o fariamos? E porquê que apenas nesta quadra é que todos se tentam mostrar bondosos uns para os outros permutando presentes entre si?
 Relativamente à primeira pergunta, se não sebscrevessemos esse fundo, então estariamos totalmente arredados do verdadeiro espírito natalício. Quanto à segunda questão, eu respondo com uma tradicional festa realizada pelos nativo-americanos satirizando os brancos colonizadores, na qual faziam despertar um relógio ao meio dia, dizendo:"Chegou a hora de termos fome!"
 Parem e pensem...

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Declaração "Universal dos Direitos" do Homem


 Ontem, dia 10 de Dezembro de 2008, comemorou-se os 60 anos da Declaração Universal dos Direitos do Homem. Não quero falar da pouco importância que foi dada a esta data quer pelos governos mundiais quer pelo público em geral, contudo à algo que é preciso salientar: a utopia que continua a constituir grande parte dos artigos constituintes deste documento.

 Após uma guerra em que tremendas injustiças foram cometidas, em nome da superioridade da raça alemã por parte de Hitler e restantes dirigentes nazis, conclui-se que era necessário redigir um documento em que ficasse patente um conjunto de direitos que assistiam a todos os seres humanos, independentemente da raça, país, religião ou tez da pele. Atitude louvável, sem dúvida, mas estes senhores esqueceram-se de ler Maquiavel, pois a governação deve ter em conta aquilo que os seres humanos são e não aquilo que nós gostaríamos que os seres humanos fossem. Inevitável e infelizmente, o homem é o lobo de si mesmo, pelo que por mais dignificantes e morais que sejam um conjunto de valores, estes só serão adoptados se isso se traduzir numa vantagem para quem os usa; o que nem sempre acontece!

 O que faltou, então, foi retirar a declaração universal dos direitos do homem do alto do seu cadeirão de cristal e colocá-la em prática no dia-a-dia de cada um de nós, através da transmissão desses valores intergeracionalmente e esquecendo o egoísmo que o capitalismo, nos começa a colocar ferozmente. Alguns governos adoptaram parte deste documento nas suas constituições nacionais, contudo a evidente dificuldade da sua concretização e custos associados à sua aplicação continuam a fazer dele uma utopia, em alguns aspectos, mesmo nos países desenvolvidos. Mas se por força do sistema económico-social em que vivemos, o capitalismo, é impossível alcançar na totalidade os valores e objectivos da declaração universal dos direitos do homem, então comece-se pelo mais básico e por onde mais é preciso: na educação universal e cuidados básicos de saúde e habitação nos países menos desenvolvidos.

 Apesar de ser difícil, o que está em causa merece o empenho de todos.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Um hábito perigoso!


A crise financeira internacional continua a fazer as suas vítimas…em Portugal. Depois dos colapsos das grandes companhias de crédito e seguradoras internacionais existem algumas réplicas deste “terramoto” um pouco por todo o lado.
Para além do BPN, que ao que se vai apurando trata-se de um caso de polícia, onde se realizaram operações ilegais como ocultação de informação às entidades de supervisão através de offshore, surgiu uma pequena réplica desse grande terramoto: o BPP (Banco Privado Português). Este banco que até à pouco tempo era desconhecido da maioria dos portugueses, ameaça entrar nos bolsos de cada um dos contribuintes, se não se tomar as devidas precauções.
O BPP que entenda-se é um banco gestor de fortunas, no qual é necessário depositar um montante mínimo de €100000 (20000 contos) para poder constituir uma conta, agraciava os seus “afortunados” clientes através de elevadas rentabilidades. Contudo, já Keynes dizia: “Não há almoços grátis”. Quer isto dizer que o BPP para conseguir essas elevadas rentabilidades recorria a uma carteira de títulos de elevado risco (acções, fundos de investimento, short-selling, warrants, etc), o que em tempo de crise económico-financeira é o equivalente a acarretar prejuízos. Ora o BPP com base na sua actividade especulativa perdeu muito dinheiro e viu-se incapaz de solver os seus compromissos que tinha assumido com os seus clientes, no que toca à rentabilidade, pelo que tem de se endividar para honrar esses mesmos compromissos (sob pena de falência).
O governo português apresentou uma garantia de 20 mil milhões de euros para que os bancos nacionais se pudessem financiar no estrangeiro e a taxas de juro mais reduzidas; note-se que o estado não está a dar nada, neste momento, mas sim a ser um “fiador” no caso de incumprimento dos bancos nacionais. Sendo honestos, dificilmente aceitaremos uma falência da CGD, do Santander ou do BES, por isso é quase impossível o estado vir a desembolsar qualquer dinheiro por estas garantias.
Para além disto existe uma razão muito clara para que o governo ajude os bancos a superar esta crise e deixe de lado outras empresas, porque enquanto que um grande banco nacional é fundamental para a economia nacional, em termos de emprego e impostos, para além do risco de contágio de uns bancos aos outros (dada as participações e empréstimos que possuem uns nos outros), uma qualquer outra empresa não apresentaria risco de contágio a outras empresas do mesmo sector. Note-se que o mesmo não se pode dizer da Sonae ou de uma grande empresa como a Auto-Europa que em caso de situação económico-financeira gravosa seriam, certamente, protegidas pelo estado.
Até se percebe, então, a razão da intervenção estatal no caso BPN e na criação da garantia de 20 mil milhões, porventura já não se percebe tão bem a razão do governo proteger os seis bancos que vão emprestar 450 milhões de euros ao BPP garantindo os empréstimos. Pelo que foi transmitido, o estado penhorando os activos do BPP avaliados em 670 milhões de euros cobre o aval que dá ao consórcio de bancos, contudo é de estranhar que um banco na falência possua activos de 670 milhões de euros; já para não falar da mísera quota de 0,2% que o BPP possui no mercado, pelo que não apresentaria risco sistémico, no caso de falência. Ora não existindo risco de contágio no sistema financeiro, não faz sentido o estado proteger este banco pois está a diminuir a tarefa auto-reguladora do mercado e a isentar de culpas os accionistas e gestores desse banco.
Quando os accionistas e depositantes do BPP ganharam muito dinheiro procuraram socializar esses lucros? Se não, então porque querem eles socializar os prejuízos?

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Avaliação? Não acontece só aos outros?


Estranho este país em que nós vivemos. Muita contestação se gerou assim que se percebeu que o governo iria colocar em acção uma medida na educação: a avaliação dos professores.

 Qualquer pessoa de bom senso concordará que todos os indivíduos devem ser avaliadas nas suas profissões, a bem da meritocracia que deve prevalecer em todos os países. Seria desejável que todos estivéssemos de acordo quanto a este ponto, pois se estamos contra a meritocracia é o mesmo que estarmos a favor da sociedade dos favores, das cunhas e da incompetência, onde cada um ganha e sobe na vida em função do tamanho do seu nome e/ou em função dos seus conhecimentos pessoais. Os países que vivem assim, tal como o nosso, estão condenados a progredir muito lentamente nessa auto-estrada do progresso.

 Ora se assim tem de ser, não se percebe bem todo o barulho em torno da questão dos professores. Segundo eles, têm todo o interesse em serem avaliados, como sempre foram, dizem eles. Recordemos então a avaliação que decorria na educação, ao nível dos professores: o Excelente e Muito Bom em vez de ser a excepção, era a regra, e no seu lugar o Bom ou Suficiente era uma nota em vias de extinção. Bem esta classe disse tudo sobre si mesma, actua como uma corporação pois defendem-se uns aos outros, não olhando a nada. Mas eu faço esta pergunta: Será que os professores são seres sobre-humanos para que todos eles sejam Muito Bons ou Excelentes naquilo que fazem? Acreditam mesmo que esta avaliação era honesta? Acham que aqueles professores que se esforçavam todos os dias para conseguir realizar o melhor possível o seu trabalho, se sentiam instigados a melhorar, quando viam os seus colegas a baldarem-se e, mesmo assim, a prosseguirem na carreira? Portanto, quando eles dizem que já eram avaliados, nós temos que dizer: “No tanas!!!”

 Muito bem faz-se um modelo para avaliar os professores, os sindicatos participam em reuniões para definir o modelo e assinam um memorando de entendimento. Este ano, os sindicalistas que tinham assinado o memorando, afirmam que já não serve. Apenas o dizem, porque os professores apercebem-se que não vão subir automaticamente na carreira, pelo que querem uma greve e como os sindicatos e o PCP estão sempre à espera de um movimento para liderar, não olham a nada, nem aquilo que assinaram.

 Até se pode assumir que o modelo é burocrático e que retira muito tempo precioso aos professores para preparar as aulas (como se antes desta avaliação isso fosse muito comum), mas após todo o barulho feito a ministra decide eliminar algumas questões burocráticas para ver se leva o barco a bom porto. Resultado? Os sindicatos dizem que as simplificações não resolvem o problema, porque o problema é O modelo de avaliação… claro, como é que a ministra não percebeu? Os sindicatos apenas aceitam um modelo onde todos os professores possam ter excelente e muito bom!

 

  Aquele senhor que aparece na TV julgando-se o novo Lech Walesa, mas que não passa de Mário Nogueira pode colocar toda a sua criatividade à disposição dos portugueses, propondo um modelo de avaliação perfeito.

domingo, 16 de novembro de 2008

Porque não se cala?


Agora começo a perceber a razão do silêncio de Manuela Ferreira Leite, após a sua eleição para secretária-geral do PSD. Pelos vistos sempre que a Dr. Manuela Ferreira Leite discursa, temos ou uma grande parvoíce ou um grande nó cego para todos nós. Então não é que a, teoricamente, candidata a primeiro-ministro de Portugal pensa que não devem ser os jornalistas a escolher as notícias que vêm a público. Não é surpresa para ninguém que alguns membros do PSD sempre mostraram algum desconforto com os valores de “Abril”, mas daí até divulgarem-no em público! Sinceramente, penso que o que a Dr. Manuela pretendia dizer seria algo do género: “A imprensa dá muito mais relevo às notícias e propaganda do governo, do que às ideias e críticas da oposição”. Mas até isto seria ridículo, porque a imprensa não é um sector de estado e que deva ser controlado por órgãos públicos ou privados, pois fossem esses órgãos quais fossem, existiria uma oportunidade para os mais diversos “lobbies” interferirem nesta profissão tão nobre (para promoverem interesses de proveito público duvidoso) e impossibilitando que jornalistas divulgassem as notícias quer do governo quer da oposição, sem constrangimentos. Como é que é possível que a Dr. Manuela Ferreira Leite não se recorde da censura na imprensa! Porque não perguntar à Dr. Manuela Ferreira Leite, o que é que ela acha de em vez de serem os cidadãos a votar e, por essa via, eleger os membros da Assembleia, do Governo e o Presidente da República, passarem a ser os militares (ao velho estilo Sul Americano).

 A senhora já tem uma idade e como tal, alguns dos seus valores entram em linha de choque com valores mais recentes. Repare-se que esta senhora dá-se ao luxo de exclamar esta frase inacreditável:”A família tem como objectivo a procriação”. A senhora até pode pensar isso, mas dizê-lo é outra coisa. A dada altura, ao ouvir estas palavras, tenho uma sensação de ser um objecto ou um simples animal. Esta mania de determinar caminhos ou tendências a um povo, já não se usa, porque as pessoas sabem muito bem aquilo que é melhor para elas.

 Um líder tem que governar para todos, não julgando uns em detrimento de outros, porque todos são cidadãos do mesmo país, pagam todos os mesmos impostos, logo porque é que uns são penalizados por crenças individuais que em nada afectam a liberdade dos outros, em troca de um prazer mesquinho na defesa de um nome (o casamento) de uma instituição que, simplesmente, traduz a união entre duas pessoas que se amam. Porquê que duas pessoas que se amem não podem fazer vida a dois como um casal e ter os direitos de um casal casado? Porque razão duas pessoas do mesmo sexo que constroem uma casa em comum, após o falecimento de um membro, a casa não passa para o outro que a ajudou a construir, mas sim para um membro da família do falecido?

 O preconceito conduz à injustiça!

 

P.S.: Nicolae Ceausescu presidente comunista da Roménia a partir 1967, impôs como um objectivo imprescindível da sua governação, o aumento do nº de nascimentos por cada mulher; resultado: incapacidade para alimentar uma população em crescimento, opressão e, como acontece aos ditadores, morto a tiro em 1989. 

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Prognósticos só no fim do jogo

No último mês o país tinha andado mais alegre, não fosse a crise financeira internacional e diria que os jornais não tinham mais nada para encher as páginas. Até se conseguia ouvir o esfregar de mãos de algumas pessoas a sul do Mondego; F.C. Porto perde 3 jogos seguidos e parece que irá cair o Carmo e a Trindade. Quase que alguns jornalistas fizeram o gosto “à língua” de dizer que este ano era para 3º ou mais lá para baixo. O “Correio da Cuja” e o “Recordes” no último mês já nem falavam de apito dourado e, de vez em quando, até colocavam uma fotografia do F.C. Porto (bem grande) na 1ª página, com as derrotas em casa. Assim dizem os nortenhos, se quiserdes vender jornais, falai mal do Porto e de Pinto da Costa; é tiragem esgotada de certo.

 O país até parece que sorria mais ou não fossem eles 6 milhões de vermelho e 3 milhões de verde, como era bom ver o azul a afundar. Aqueles malditos labregos e provincianos estavam, finalmente, a ficar no lugar deles.

 Azar dos azares em Kiev alguns ficaram com um sorriso chocho, depois daquelas duas bolas a baterem na rede. Ora bolas, ainda não era desta que os provincianos ficavam de fora! Mas claro, o Dínamo é que tinha sido fraco e não o F.C. Porto melhor, por isso é que em Lisboa pensava-se que tudo ia ser favas contadas. Ah e tal, primeira parte joga-se bola em cheio, grande jogo, o F.C. Porto é massacrado. É desta que os provincianos vão ser humilhados, pensavam eles. Segunda parte, F.C. Porto equilibra o jogo e os comentadores perdem o ânimo, parece que quando a bola ia em direcção de Rui Patrício, algo os afligia. Um super herói trajado de azul mete a quinta e cá vai disto “Puum”. Que desalento nos comentadores!

 Em seguida, cruzamento para a área de Rui Patrício e este monta a cavalo em Hulk. Na televisão diz-se: “Bom corte de Caneira e cartão escusado”. Poucos minutos depois, Rolando na área corta a bola na relva: “Como é possível não se ver um corte destes?”, dizem os comentadores.

 Prolongamento e mais um tanto de sofrimento para 9 milhões ao ver o jogo e 1 milhão ao ouvir o jogo. Comentários finais e o Mister Paulo Bento e os seus jogadores: “Ah e tal com árbitros destes”. Vem Jesualdo Ferreira e os seus jogadores: “Ah e tal com árbitros destes”. Assim não pode ser, afinal quem foi prejudicado?

 No dia seguinte, já andava todo o mundo com azia, e Soares Franco acusa: “Sporting perde com paixão”. A conversa do costume volta ao povo em geral, isto é, apito para aqui, apito para acolá. Que raio, os provincianos têm cá um poder para influenciar os árbitros!

 

 

(O clube e as gentes do Douro são mesmo ruins, não é? Não deixam o país ser feliz…) 

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Esta gente dá-se mesmo mal


Parece que há um povo numa ilha lá para os lados da costa africana que se dá mesmo mal. O “chefão” lá da ilha é um tipo que desconhece que Cuba também é uma ilha e não fica no extremo oeste da Europa, que pede sempre mais e mais dinheiro para a sua (mas é mesmo sua) ilha como um filho pede dinheiro ao pai, mas em que o filho já vive melhor que o pai. Lá o “chefão” controla os meios de comunicação regionais, pois esses órgãos são em grande parte financiados pelo orçamento regional e como tal, se não disserem o que o “chefão” pedir…A subsídio dependência é de tal ordem que tudo o que é movimento/organização regional é apoiado, daí que exista um verdadeiro castelo…de cartas.

 Para além de toda esta evidente falta de democracia, agora também já proíbem membros do parlamento regional, eleitos pelo povo, de desempenharem a função para a qual o povo os incumbiu. Refiro-me, evidentemente, ao triste episódio decorrido no dia 6 de Novembro, em que foi barrada a entrada ao deputado, José Manuel Coelho, no parlamento regional. Se é um facto que este senhor exagerou nos seus protestos ao exibir uma bandeira nazi no parlamento, não me parece tão linear que o possamos acusar de apoio à propaganda nazi. Trata-se de um acto de protesto e de chamada de atenção para a falta de democracia que existe naquela ilha, mas daí a concluir que o deputado executou propaganda nazi é algo inadmissível. Se quiserem processem-no por difamação, mas nunca por propaganda nazi.

 Ah, já me esquecia, existia alguma ordem para barrar a entrada ao deputado, José Manuel Coelho? Se sim, quem é que será que a ordenou? Terá sido democrático?

http://www.youtube.com/watch?v=rlwMVkzNm6E


sábado, 1 de novembro de 2008

Orçamento Estado


Chegou o orçamento de estado. Excluindo os temas políticos, normais, em torno deste documento, algumas conclusões podem já ser retiradas. Valeu mesmo a pena, o esforço de consolidação orçamental realizado ao longo desta legislatura. Até me arrepio de pensar o que poderia acontecer, caso continuássemos teimosamente num deficit público acima dos 3% do PIB. Para além de levarmos com a comissão europeia e o ECOFIN às costas, também não poderíamos realizar algumas obras públicas e acções de carácter social, para impulsionar a economia nacional e para atenuar os efeitos da crise internacional, respectivamente. Portanto, advinham-se tempos difíceis para os pregadores de mais investimento público (toda a esquerda) quer para os pregadores de mais contenção orçamental (direita, em especial, o PSD).

 O tema de fundo deste orçamento é, sem dúvida, a criação de um Fundo de Investimento Imobiliário. Com o fim de perceber melhor todas as críticas que já circulavam em torno desta medida, decidi sacar o documento pdf do OE. Ora o que lá diz em termos sucintos é: prevê-se a criação de fundos e sociedades de investimento imobiliário, cujo o activo seja composto, no mínimo, por 75% de imóveis situados em Portugal destinados a arrendamento para habitação permanente (ou seja, excluí-se o arrendamento comercial). O principal objectivo destas sociedades será permitir às famílias em dificuldades para cumprir os seus compromissos com os bancos no crédito à habitação, alienar o imóvel às sociedades/fundos de investimento, pois assim conseguiam uma redução da “renda” da sua casa.

 Digerindo esta informação inicial, julgo ser uma boa medida, pois permite às famílias oneradas com a subida dos juros, manter a sua habitação ainda que pagando uma renda a um fundo de investimento e não uma prestação ao banco, isto é, durante o período em que a casa estiver na posse do fundo de investimento, todas as rendas não “abatem” a dívida contraída ao banco.

 Também se constata que é possível aos proprietários e/ou semi-inquilinos recomprar a habitação ao fundo de investimento, num período de 10 anos após a venda ao fundo de investimento, o que também é louvável, pois se as pessoas pagaram grande parte do crédito, também devem ser essas mesmas pessoas a ter direito de preferência sobre os demais.

 Todas as questões fiscais estão devidamente acauteladas, nomeadamente, a isenção do pagamento de IMI durante o período de arrendamento, não existe nenhum imposto de selo sobre eventuais passagens futuras do imóvel para os proprietários primários, bem como isenção de IMT após a passagem do imóvel para o fundo de investimento. As mais-valias resultantes da transmissão do imóvel para os fundos de investimento também não serão tributadas em sede de IRS (Categoria G), desde que a opção de compra seja exercida.

 Estes fundos de investimento estarão segurados pelo estado português, pelo que as famílias podem “vender” as suas casas a estes fundos e os bancos podem criar estes fundos, pois estão todos acomodados com a “mão visível” do estado. Estão isentos de IRC os rendimentos obtidos com as participações nestes fundos de investimento, isto é, os lucros resultantes apenas da actividade destes fundos não está sujeita a IRC, sendo um estímulo à criação destes mesmos fundos pelos bancos, por isso, não percebo o espalhafato que o bloco de esquerda e partido comunista fazem em torno desta medida. Sim os bancos podem incentivar a passagem dos créditos mal parados para estes fundos e assim conseguem receber uma “renda” e não pagar impostos dessa actividade, o que não aconteceria se não o fizessem. Mas para acautelar essas situações, temos autoridades de supervisão que podem e devem investigar essas situações. 

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Nem tudo é o que parece


Anda por aí umas palavras na boca do povo que estão, definitivamente, na moda. Até o mais desinteressado na actualidade nacional já ouviu falar de um tal de Magalhães e uma “coisa” denominada de “novas oportunidades”. Este partido socialista é fantástico em marketing e consegue vender, tudo aquilo que quer, demonstrando que esse produto e/ou programa governamental são bons para as pessoas e para Portugal. De facto, o Magalhães e o programa novas oportunidades apresentam-se como projectos do governo que impulsionarão o país para o progresso e riqueza, mas impõem-se uma retirada da euforia geral e parar para pensar.

 Vejamos o Magalhães. Um computador portátil que permitirá às crianças e adolescentes aprenderem de uma forma interactiva e mais eficaz e ao mesmo tempo promove o up-grading tecnológico que o país necessita através da atribuição da produção do computador a uma empresa portuguesa de Matosinhos. Promove-se ao mesmo tempo a exportação para países, recentemente, “conquistados” pela diplomacia económica promovida por José Sócrates equilibrando a Balança Comercial e atraindo mais investimento do mesmo tipo. Repare-se que até o nome, Magalhães, não é mais do que uma analogia, ao que se pretende do portátil português, isto é, a exportação para todo o mundo, tal como Fernão Magalhães pretendia circunavegar a Terra. Ora isto é maravilhoso, pois junta-se o útil ao agradável!

 E as Novas Oportunidades? Será que terão o mesmo sucesso? As intenções são muito boas e elogiáveis, contudo acho muito mal que estejamos a passar certificados em massa, apenas para melhorar a auto-estima das pessoas e as estatísticas das qualificações dos portugueses. Todos nós conhecemos exemplos, pois um amigo, um familiar ou um conhecido frequenta ou frequentou o programa, e pelas suas opiniões apercebemo-nos, rapidamente, que aquelas pessoas não possuem os conhecimentos necessários para deter um 9º ou 12º ano. Isto é triste, porque na vida como em tudo, mais tarde ou mais cedo, batemos na realidade; a realidade será que as entidades patronais deparando-se com pessoas que apenas foram rotuladas com diplomas do 9º e 12º ano, ver-se-ão obrigados a excluir estas pessoas do mercado de trabalho. Provavelmente, assistiremos a perguntas deste tipo: Tem o 12º ano feito em 12 anos ou em 1 ano?

 Em suma, medidas com estas orientações são necessárias e louváveis, mas é necessário que não passem de simples operações de cosmética para “inglês ver”. 

sábado, 11 de outubro de 2008

Amor entre iguais


 Nunca consegui perceber o incómodo das pessoas com questões associadas à esfera estritamente pessoal de cada um de nós, como é o caso da orientação sexual. Não compreendo as declarações de algumas pessoas criticando a democracia, por esta não referendar esta questão; sinceramente, como é que me poderei pronunciar favorável ou desfavoravelmente sobre uma lei que não interfere, absolutamente, em nada na minha esfera pessoal, mas sim na vida de outras pessoas? A questão é um tanto semelhante à do aborto, isto porque, também neste caso tratava-se de uma escolha da mulher (e do companheiro) em decidir ter ou não uma criança. Em ambos os casos, o facto de um indivíduo tomar uma ou outra decisão, não afecta em nada a minha vida ou os meus valores. Tendo em conta isto, não posso concordar com aqueles que criticam a democracia, só porque esta não referenda uma questão da estrita responsabilidade de cada um. Um referendo seria a porta para ódios e homofobias se libertarem e produzirem, aí sim, prejuízos à sociedade.

 Um dia, ouvi esta frase:”A minha liberdade termina assim que o meu braço esticado “roça” a face do outro”. É precisamente isso que está em causa, isto é, o facto de alguém decidir casar e fazer vida em conjunto afecta a minha liberdade? Pode afectar os valores da sociedade em que vivo, mas isso nem sequer implica a alteração dos meus próprios valores. Os valores gerais das sociedades são isso mesmo: um padrão ou generalidade, mas não são uma obrigatoriedade para ninguém!

 Quanto à adopção a questão é um pouco diferente. Ora neste caso, já não há apenas decisões tomadas em consciência e liberdade que afectam apenas, aqueles indivíduos, mas sim decisões que afectam outros (filhos adoptados). Na minha opinião, se existisse alguém que comprovasse que uma criança que é criada no seio de uma família de pais do mesmo sexo, não teria as mesmas tendências dos pais adoptivos, então o problema estaria quase dirimido. Não tenho dúvidas que duas pessoas do mesmo sexo poderiam dar tanto ou mais carinho e educação a uma criança, do que uns pais de sexos opostos, contudo a orientação sexual da criança poderá ser modificada. Se existir essa possibilidade, então a adopção deveria ser equacionada com muito cuidado.

 Um homossexual tem todo o direito a ser feliz e seguir a sua vida da forma que pretender, mesmo que isso implique casar, contudo não deve transmitir, ainda que involuntariamente, uma orientação sexual que em si nada tem de mal, mas que dessa forma seria anti-natural. Repare-se que quando digo “anti-natural”, não estou a dizer que os homossexuais são anormais, pois acredito que a homossexualidade tem muito de genético, mas se o ambiente familiar influencia-se essa orientação, então já não seria natural, mas o produto de uma vivência específica.  

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

A verdade que ninguém quer assumir


 Pronto. Desta forma talvez compreendamos a razão das gasolineiras não baixarem os preços dos combustíveis tão rapidamente como os sobem. Se quisermos fazer pressão sobre as gasolineiras, a única forma de o demonstrarmos seria reduzindo o nosso consumo e não acusando-as de práticas, mais ou menos, ilegais que só seriam desmascaradas por mero acaso.

 Como é possível ver no gráfico, as rectas negativamente inclinadas (D) representam a nossa procura de combustíveis; a recta da procura que está mais inclinada representa uma situação, relativamente à menos inclinada, mais dependente dos combustíveis. Isso sucede-se, porque como é visível, se os aumentassem em média de 1,20€ para 1,30€ a redução no consumo seria maior na recta menos inclinada. Ora isto quer dizer que, se fossemos menos dependentes dos combustíveis estaríamos mais dispostos a reduzir o nosso consumo quando os preços sobem e dessa forma, obrigaríamos as petrolíferas a rever os preços com mais cuidado. Tudo o resto é conversa!

 Ah! Não se esqueçam que as petrolíferas querem ganhar dinheiro e não prestar um serviço público ao menor custo possível. Portanto se estão contra os aumentos dos preços dos combustíveis, não critiquem os gestores dessas companhias, mas sim as entidades que permitiram a liberalização do mercado.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

"Não há almoços grátis"


O mundo anda mesmo muito estranho. Para além das tempestades que ocorrem incessantemente e com intensidade crescente, também as ideologias político-económicas andam descontroladas. Não é que pensadores de esquerda estejam a morrer de amores pelo capitalismo, mas parece que a direita, sobretudo, mais conservadora engraçou com políticas de esquerda. Imagine-se que o país que apresenta o liberalismo económico como filosofia de vida tem um governo que anda a “nacionalizar” empresas. Alguns em tom de brincadeira dizem que Marx se riria de tudo o que se está a suceder.

 A meu ver parece que a ganância dos banqueiros norte-americanos não foi devidamente castigada. Repare-se que a crise financeira está, supostamente, ligada ao subprime, isto é, o segmento de crédito concedido a clientes com menos capacidades de o honrarem. Os gestores das instituições bancárias sedentos de remunerações chorudas baseadas em prémios (por vezes assentes no número de créditos concedidos) instigaram uma bolha imobiliária que, como qualquer outra bolha, precisava de um número crescente de indivíduos a entrar nesse mercado. Assim se explica que tantos tenham adquirido casa nos Estados Unidos sem que tivessem, efectivamente, forma de cumprir os seus contratos; a hipoteca da casa bastaria aos bancos, se essas mesmas casas estivessem em valorização continua, mas como tal não aconteceu e como a economia mundial se deteriorou e as pessoas não puderam pagar os seus empréstimos, o que contaminou os activos dos bancos norte-americanos. Como a euforia era de tal ordem e a imprudência reinava, os bancos comerciais criavam produtos financeiros assentes na rentabilidade de projectos imobiliários e dispersaram esses produtos por todo o mundo; assim se explica que todo o mundo esteja a sofrer com erros cometidos nos Estados Unidos. É a globalização a funcionar, para o bem e para o mal!

 O que é estranho no meio de tudo isto é que não se peçam responsabilidades aos gestores dessas instituições de crédito como a Lehman Brothers e a Bear Stearms, e ao mesmo tempo o governo americano queira promover um mega pacote fiscal para “limpar” os activos mais duvidosos das instituições financeiras de 700 mil milhões de dólares (700 000 000 000) endividando até ao pescoço os contribuintes americanos. Em contra partida desta aquisição de activos nefastos, a administração adquirirá acções dessas empresas. Recorde-se que com o empréstimo de 80 mil milhões de dólares à AIG, o governo americano ficou com maioria no capital social. Se isto não é uma nacionalização…

 Por mais que se apregoe que a intervenção foi pertinente e realista, pois evitou uma hecatombe mundial e evitou que as falências fossem ainda mais elevadas conduzindo milhares ao desemprego, não nos podemos esquecer que os 700 mil milhões terão de ser pagos pelos contribuintes americanos e as injecções massivas de dinheiro da Fed voltarão daqui por algum tempo a ensombrar os americanos através de uma inflação elevada. Estão-se a esquecer que é a China e o Japão que estão a manter o estilo de vida americano, acima das suas possibilidades, através dos títulos de dívida, e como tudo nesta vida, mais tarde ou mais cedo terão de fazer o sentido inverso. Esta actuação não vai nesse sentido, o que poderá conduzir a uma queda ainda maior no futuro!

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

A verdade da mentira


Segundo as petrolíferas nacionais os preços praticados em Portugal são influenciados pelas cotações do mercado “Platts”, isto é, o mercado de produtos refinados que por sua vez é influenciado pela cotação do crude/petróleo, também conhecido pelo barril de Brent. O que se passa é que o petróleo quando é extraído do sub solo encontra-se em estado bruto, pelo que precisa que um conjunto de impurezas sejam retiradas; em Portugal apenas em Sines e a Galp possuem refinarias. Ora quer isto dizer que para se conhecer um valor mais real ou aproximado do custo do petróleo para as petrolíferas teríamos de conhecer os valores após refinação. Por esse facto as empresas declaram que devemos conhecer as cotações do mercado de produtos refinados (Platts) e só depois contestar a eventual descida ou não dos preços nos postos.

 O problema é que não é a refinação que influencia a descida ou subida das cotações dos combustíveis, mas sim o crude pois é este a variável crítica; a refinação é apenas um custo adicional mais ou menos fixo. Mas segundo o que a Sic apurou, e recorrendo ao mercado de produtos refinados, quando as cotações à uns meses atrás se encontravam a rondar as actuais, os preços eram mais baixos pelo menos 5 cêntimos de euro em litro! E para que dúvidas não subsistam importa referir que, segundo a Sic, foram levados em linha de conta as cotações do euro face ao dólar para que eventuais oscilações cambiais não afectassem a clarividência dos dados. O que mudou verdadeiramente é que à uns meses atrás o sentido da cotação dos produtos refinados era ascendente enquanto que agora é descendente. Isto em economia tem uma explicação, embora não seja de todo aceitável tal comportamento: a curva da procura de combustíveis em Portugal é muito inelástica, isto é, por muito que os preços subam ou desçam a quantidade procurada pouco se altera. Face a isto o comportamento lógico das petrolíferas é tentar manter os preços relativamente altos, pois a procura não se reduzirá muito, não existindo incentivo à redução dos preços, pois se o fizerem a procura não aumentará muito. Trata-se pois de saber o que é que compensará às petrolíferas, reduzir 5 cêntimos por litro para vender mais 100 mil litros ou manter os preços vender menos 100 mil litros… ora a escolha é óbvia, porque se vendem diariamente 21 milhões de litros, se reduzirem 5 cêntimos em litro, perdem 5 cêntimos em 21 milhões (ganhando apenas mais 5 cêntimos em 100 mil litros), enquanto de mantiverem os preços não perdem cêntimo nenhum apesar de deixar de ganhar os tais 5 cêntimos em 100 mil litros. Creio que se percebe.

 A partir deste momento, julgo que se compreende qual é a única solução para tudo isto. A solução é deixar de andar tanto de carro e tornarmo-nos menos dependentes do petróleo para que dessa forma não estejamos sujeitos a pressões internacionais e dependentes de países pouco fiáveis, aproveitando recursos endógenos como o sol, vento, água e bio massa.

 Muitos poderão criticar o facto de se ter liberalizado um mercado cujo os preços são tão resistentes à descida, contudo se não o fizéssemos poderíamos cair no mesmo erro de António Guterres que impôs administrativamente os preços dos combustíveis durante um ano, mas durante esse ano as cotações subiram (sem se reflectirem nos postos) acabando por os contribuintes a pagarem essa manutenção artificial de preços.

 Em suma, a bem de todos, seria benéfico que as petrolíferas fossem menos gananciosas e o público menos dependente.  

terça-feira, 16 de setembro de 2008

O Porto não é uma província


Foi anunciada pela Ryanair a desistência de colocar uma base ou Hub no aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto. Tal facto, segundo um executivo de marketing e vendas da Ryanair deveu-se à falta de condições competitivas apresentadas pelo aeroporto. Mas para perceber melhor o que está aqui em causa temos de perceber quais são as condições competitivas que a Ryanair gostava de poder contar, mas viu as suas expectativas goradas. Ora os seus desejos baseavam-se numa redução das taxas aeroportuárias e em compensação, a companhia irlandesa, comprometia-se a atrair 4 milhões de passageiros. A justificação da ANA, entidade gestora dos aeroportos nacionais, para a recusa da proposta foi simplesmente: “não é viável financeiramente”. Ora, bolas, a companhia irlandesa deslocou-se para Barcelona e atrairá para o vizinho espanhol um massa impressionante de turistas o que permitirá desenvolver ainda mais aquela região, em detrimento do norte de Portugal. Gostaria de saber qual foi a taxa apresentada pela Ryanair para o Porto, e recusada pela ANA mas aceite em Espanha. Sinceramente custa-me acreditar que um acréscimo de passageiros na ordem dos 4 milhões não permita compensar uma hipotética redução nas taxas aeroportuárias; mais, ainda que isso se traduzisse numa redução dos lucros do aeroporto do Porto, porque razão o potencial crescimento turístico da região e consequente capacidade de crescimento do Norte foram ignorados?

 Parece mais ou menos óbvio que a posição de Portugal no mapa Europeu pode apresentar algumas desvantagens, por se situar numa situação periférica, contudo apresenta vantagens inestimáveis em termos logísticos intercontinentais, vantagens essas que podem ser aproveitadas para alavancar o nosso crescimento. O que se torna triste neste panorama é que a ANA não realizou nenhuma contraproposta para atrair o investimento para o Norte do país (ou seja, para Portugal), o que revela uma imensa falta de vontade em contribuir para o desenvolvimento de uma região que atravessa momentos difíceis.

 Como conclusão, verifica-se que o Porto e o Norte foram prejudicados por uma decisão tomada em Lisboa, com intuições meramente centralistas. Estes senhores não quiseram acarretar com uma redução dos resultados no aeroporto do Porto, pois dessa forma não poderiam ser realizados alguns investimentos no sul.

 P.S.: No império Romano, enquanto Roma rejubilava com fantásticos edifícios e os seus cidadãos viviam bem, as províncias eram obrigadas a pagar os “tributos” ou impostos, sob pena de serem saqueados. Lisboa não pode ser a Roma do século I e o Porto não tem que ser um província espoliada de investimentos fundamentais.

sábado, 13 de setembro de 2008

Esta vai para quem pensava que tinha ouvido tudo


Para quem pensou que já tinha visto tudo, ou melhor ouvido tudo, Chavéz tratou de mostrar o contrário. Numa tentativa de demonstrar solidariedade com o seu homologo boliviano, Evo Morales, “enviou” o embaixador dos Estados Unidos em Caracas de volta para o seu país. Mas com Chávez há sempre algo mais, visto que não bastava dizer que o senhor embaixador tinha 72 horas para sair do país, vai daí e solta os seguintes termos, em frente ao seu povo: “Ianques de mer… 100 vezes caralh… aqui estão os filhos de Símon Boliver”. Ah pois é, para aquele que proclama que implementará no seu país o socialismo do século XXI começa por dar um bom exemplo de educação!

 Entende-se perfeitamente a frustração de Chávez, uma vez que o seu amigo e companheiro ideológico Evo Morales está a ver a coisa negra no seu país, e não demora muito e temos uma guerra civil seguida de um golpe de estado. Claro a América, muito provavelmente, está por de trás de tudo, visto que, acho muito estranho que de um momento para o outro andem tantos cidadãos nas ruas com armas nas mãos, quando na realidade mal têm dinheiro para comer. Mas isto foi e continuará a ser assim, a América continua achar que a América Latina é o seu quintal e como tal, tudo o que for de tendência Comunista/Marxista tem pouco tempo de vida. Já foi assim com Salvador Allenda no Chile. O problema, entenda-se, nem está nas nacionalizações realizadas na Bolívia, mas sim nas pessoas que foram afectadas por essas nacionalizações!

 Ora Chavéz que instigou vários países à sua volta a revoltarem-se contra o imperialismo americano, e de certa forma até o conseguiu (veja-se a Bolívia e o Nicarágua), não pode perder esses seus aliados, sob pena de ficar isolado em termos ideológicos e de as suas anedóticas proclamações públicas caírem em ouvidos “moucos”. E claro Chávez tem plena noção que a CIA foi a responsável pelo primeiro golpe de estado que o retirou do poder e, que a qualquer altura, pode voltar a suceder-se o mesmo.

 Mas como é que Chávez se estica tanto na cena internacional. Como tem ele assim tanta coragem? Simples. O petróleo. Claro é sempre o petróleo. Chávez detém as quintas reservas mundiais de petróleo e é um dos principais fornecedores aos Estados Unidos, que são insaciáveis por esta mercadoria. Chávez percebe isso perfeitamente, logo ameaça-los com o corte no fornecimento de petróleo se eles se atreverem a fazer algo contra a Venezuela ou contra Chávez. Mas eu coloco outra questão. Se Chávez está assim tão chateado com os Estados Unidos e trata-os daquela forma, porque não corta de uma vez por todas o fornecimento do “ouro negro” aos americanos? Seria engraçado ver os Venezuelanos a viver um ano sem exportarem petróleo para o seu principal cliente…  

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Um embuste à escala mundial?


Uma data que para muitos causa arrepios e que para outros é motivo de exaltação nacional, o 11 de Setembro representa muito mais do que um desvio de aviões por radicais islâmicos. Traduziu-se num choque civilizacional (entre o ocidente e o oriente e o cristianismo e o islamismo), numa mudança do equilíbrio de forças no mundo (deixando os Estados Unidos de possuírem um poder hegemónico e incontestável no mundo), uma declaração de guerra ao ocidente pelo oriente e a forma de o fazer não podia ser mais explicita, isto é, atacaram o coração da nação mais poderosa do ocidente e um símbolo do seu sucesso, o Wall Trade Center.

 Tratou-se sem dúvida de um ponto de viragem para o mundo, pois todo o planeta tornou-se um planeta menos seguro e onde os líderes mundiais (alguns) declararam guerra a este inimigo comum; um inimigo sem rosto, sem país, mas com uma arma perigosíssima: o fervor religioso dos mártires e o ódio à cultura ocidental. Para muitos trata-se do sinal de que a terceira guerra mundial pode estar próxima e que será encabeçada pelas potências ocidentais face às orientais, e repare-se que o campo de batalha começa cada vez mais a ficar definido ou não estivessem os americanos no Iraque e com a cabeça no Irão.

 A causa de tudo isto a mesma, os recursos energéticos. Para obter estes recursos a administração, vergonhosa, Bush invadiu um país com falsos argumentos, atacou o Afeganistão com o intuito de derrubar os Talibans que outrora tinham sido por si apoiados, e agora parece estarem dispostos a esticar a corda com o Irão e ir até às últimas consequências. O mesmo se passa com a Rússia que invade um país vizinho com o pretexto de que pretende defender os seus concidadãos da Ossétia do Sul e da Abcázia quando na realidade o objectivo era pressionar o governo da Geórgia a recusar uma futura adesão à NATO e a não construir um oleoduto que permitiria à Europa ficar independente da pressão Russa; portanto em “jogadas sujas” os Estados Unidos não estão sozinhos.

 Chegado a este ponto vou dizer aquilo que, julgo, se passou no dia 11 de Setembro: dois edifícios são propositadamente destruídos através de “térmite” que foi colocada nas fundações e que após ser incinerada atinge mais de 1000 graus Celsius e derrete o aço (muitos especialistas em demolições dizem que os edifícios caíram de uma forma que faz lembrar uma demolição preparada; e quem não se lembra das explosões que ocorrem antes da implosão do edifício), os dois aviões são levantados em piloto automático (isto também já é possível fazer; e relembre-se que um dos pseudo-terroristas que desviou um avião continuava bem vivo e incrédulo quando via a sua fotografia na Tv), o Sr. Bin Laden já conhecido dos EUA através dos Mujahidin é acusado pelos EUA de ser o cérebro do atentado, contudo é protegido pela CIA, enquanto uma das várias sósias falam por si.

 Porquê a administração Bush comete este crime? Porque desta forma incita o seu povo para uma intervenção no Afeganistão atrás dos “culpados” pelo 11 de Setembro e dessa forma conseguem colocar bases no Afeganistão; dessa forma tinha a possibilidade de atacar o Iraque com bases estrategicamente bem colocadas. Posteriormente com base em argumentos falsos, essa administração invade o Iraque e faz com que a guerra perdura indefinidamente. Ainda não saiu do Iraque, nem vai sair e já está a preparar uma guerra com o Irão. Com base no medo do povo americano face ao terrorismo, cria um conjunto de leis que limitam os direitos civis dos cidadãos, podendo dessa forma deter e julgar, à margem do direito internacional, cidadãos de todo o mundo. Razões? Promover a segurança privada e a indústria do armamento para que dessa forma estes “lobbies” possam ser saciados e, em particular, a família Bush que retém uma boa parte desses lucros. E repare-se que nada mais é benéfico para a banca do que uma guerra, pois financia o governo sucessivamente, empréstimos esses que são reembolsáveis sem grandes riscos e desta forma o povo americano fica condenado a pagar dívidas elevadíssimas de guerra. Veja-se a situação orçamental e comercial dos EUA no tempo de Clinton e veja-se agora.

 Temo que um lunático tenho tomado o poder nos EUA e promovido os seus interesses e os interesses de grandes grupos imobiliários, bancários e militares em detrimento da paz mundial!

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

O novo "el dourado"


Mais de 80% dos votos é esta a percentagem detida pelo MPLA (Movimento Popular Libertação de Angola) no escrutínio que se realizou na passada Sexta-feira e, imprevisivelmente, no Sábado. Obviamente que muitas dúvidas já foram colocadas sobre a honestidade desta votação, dada a disparidade entre o partido mais votado e o segundo mais votado e dado o atraso na abertura de algumas mesas de voto, bem como a extensão da votação para o dia seguinte. Creio que estaríamos a ser ingénuos se acreditássemos que tudo foi honesto, porque não podemos “fechar os olhos” à utilização abusiva do partido no poder dos “media” e de alguma intimidação realizada por militares ou representantes do partido. Um observador da U.E., Richard Howitt, afirmou inclusive: “Vi representantes do partido do poder não só à frente das assembleias, mas junto às mesas onde as pessoas estavam a votar

 Mas do que estávamos nos à espera? Um país situado num continente onde os exemplos democráticos são muito reduzidos, um país que foi colonizado durante anos “a fio” por um regime autoritário Salazarista, um país saído à 6 anos da guerra civil; talvez fosse mais sensato contentarmo-nos com este pequeno paço dado no bom sentido, do que pretendermos tudo desde já, mas chegarmos ao fim e não progredirmos.    

 Agora que o país está a avançar a todo o ritmo impulsionado pela alta dos preços do petróleo e que existe uma onda de optimismo no país e naqueles que lá trabalham (Portugueses, Brasileiros, Chineses, etc.) não seria desejável que mudanças existissem no poder, sobretudo mudanças tão abruptas. Muitos projectos e investimentos parariam caso o MPLA não vencesse as eleições, muitos dos acordos realizados entre Portugal e Angola voltariam a ser renegociados, enfim muito do bom trabalho que tem sido realizado nestes últimos 6 anos poderiam perder-se. Vários são os empresários que apostaram em Angola e sempre que regressam a Portugal falam com entusiasmo de tudo o que vêm: escolas, hospitais, estradas, portos, caminhos de ferro… As possibilidades de sucesso são gigantescas, ora não fosse Angola o maior produtor de petróleo de Angola, um dos maiores produtores mundiais de diamantes, um país com vastos territoreos férteis acompanhados de uma das maiores reservas mundiais de água, bem como um imenso país para desenvolver, ou não fosse Angola 14 vezes e meia maior do que Portugal, mas apenas com mais 1,5 milhões de habitantes.

Esperemos que Angola tenha entrado definitivamente em velocidade cruzeiro rumo ao progresso, para o seu bem como para o nosso bem!

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Sim, vale a pena acreditar


Barack Obama nascido a 4 de Agosto de 1961 em Honolulu (capital do Havai) está a fazer história. Mesmo que não venha a tornar-se presidente dos Estados Unidos pelo menos abriu um precedente na história da maior potência mundial, ou não fosse ele um candidato negro na fase final da corrida às eleições presidenciais Americanas. Recorde-se que este foi o país onde Martin Luther King viria a ser assassinado depois de um brilhante discurso onde dizia sonhar com um país onde os meninos/meninas brancos e pretos pudessem andar de mãos dadas no mesmo passeio (“I have a dream”); este foi o país onde pretos e brancos não podiam andar nos mesmos autocarros, nem entrar nos mesmos espaços públicos como cafés e bares, o mesmo país onde umas escolas eram para brancos e outras para pretos, e o mesmo país onde um famigerado grupo racista Ku Klux Klan que perseguia, torturava e matava negros inocentes. De uma certa forma este racismo ainda se verifica nos nossos dias, mas através da discriminação das entidades patronais e dos guetos residenciais, por isso Obama para além do primeiro negro a ter a possibilidade de chegar à casa branca, também seria o símbolo de toda uma nação, em que o brilho dos States está na sua diversidade cultural e que, efectivamente, o sonho americano pode estar ao alcance de todos e dessa forma restabelecer a esperança de todo um povo.
Apesar de várias tentativas de difamação e descredibilização de Obama através de afirmações como: “o seu nome é demasiado parecido com Osama, quem sabe se ele não é o anticristo”. Tentaram-no associar à igreja do pastor racista negro Jeremiah Wrigth Jr e dessa forma destruir o seu trunfo de rotura com a história americana de racismo, contudo já sabemos como os americanos fazem “jogos sujos” para beneficiar uma das campanhas.
O meu pressentimento sobre estas eleições consubstancia-se numa vitória de Barack Obama pois os Americanos não querem outra administração desastrosa dos republicanos, por mais que isso tenha que conduzir a um presidente negro (ou mestiço) e de descendência árabe.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

De boas inteções ...


Rendimento Social de Inserção assim se denomina o antigo Rendimento Mínimo Garantido. Criado pelo governo de António Guterres representava a preocupação do governo em aplicar políticas sociais. No momento da sua entrada em vigência muitos louvores foram feitos contudo, apenas, passados alguns anos somos capazes de perceber que os benefícios não eram assim tão consideráveis. A intenção era das melhores, isto é, ajudar os menos favorecidos e/ou excluídos da sociedade a ter “algo a que se agarrar” e evitar a marginalização ou delinquência dessas famílias sem meios; quiçá, será que não existiram efeitos colaterais indesejáveis?
Ao que é que se assiste correntemente? Muitas famílias que aumentam desmesuradamente as suas famílias, pois o RSI aumenta progressivamente com o número de elementos da família; recusa sistemática de ofertas de trabalho, porque afinal de contas, a escolha entre viver de subsídios ou viver do trabalho recai a favor da primeira; e ainda mais lastimável, aumento da criminalidade em bairros que se sabe que a maioria da população subsiste à custa de subsídios, nomeadamente, o RSI. Ou seja, repare-se no ciclo vicioso e completamente desvirtuoso que se gera em torno deste tipo de políticas sociais: as populações aumentam indiscriminadamente o número de filhos para poderem auferir ainda mais rendimentos (perpetuando a miséria e a incapacidade de cada uma dessas crianças em abandonar o mundo que não lhes é favorável, mas sim decadente); recusam integrar-se na sociedade assumindo direitos e deveres como todos os restantes cidadãos, nomeadamente, o direito ao trabalho e o dever de respeitar a liberdade dos outros; em vez de anular a criminalidade, cria focos de criminalidade.
De facto, a medida podia ser benéfica e segue um princípio elementar de justiça social, mas devemos deixar de ser tão normativos e passarmos a ser mais empíricos, pois de que nos serve uma política muito boa em termos teóricos se na prática degenera em prejuízo para toda a sociedade?
Vamos fazer umas contas muito simples e verificar-mos-emos que em vez do RSI podíamos dirigir esses fundos para aqueles que verdadeiramente precisam. Segundo o expresso de 15 de Agosto do presente ano, o número total de beneficiários deste subsídio era de 334000 pessoas, sendo que cada um recebia em média €88,08 e o valor médio por família chegava aos €231,23. Ora 334000 pessoas * €88,08 = €29418720.
Segundo o Diário de Notícias em 2006 o universo dos pensionistas rondava os 2,8 milhões de pessoas. Ora como entre estes pensionistas encontramos médicos, militares, magistrados e demais elementos que durante a sua vida activa auferiam rendimentos mais elevados, então as suas reformas chegam a totalizar 100% dos rendimentos auferidos nos últimos anos de vida. Obviamente que estas pessoas não necessitam de muitos apoios, sendo que totalizam cerca de 30% do total dos pensionistas, ou seja, 840 mil pessoas, pelo que, os restantes pensionistas perfazem 1,96 milhões de pessoas. Os €29418720 que eram atribuídos para rendimento mínimo em 2008 podiam ser redistribuídos por estes pensionistas menos favorecidos. Fazendo as contas: €29418720/1960000 = €15 por pessoa.
Pode parecer pouco, mas certamente que para aqueles que pouco têm seria uma grande ajuda e tendo em conta que não estaríamos a incentivar a marginalização, a preguiça e a miséria ainda beneficiaríamos a população como um todo.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

O mundo é um enorme palco de interesses


Para percebermos como toda este conflito de elevadas proporções regionais teremos de regressar à implosão da ex Jugoslávia. Depois da grande Jugoslávia, “não-alinhada”, de Tito parece que Slobodan Milosevic foi incapaz de manter unido toda esse grande país. Também é muito questionável que essa “união” existisse de forma pacífica, pois não se consegue explicar que apenas numa década surgisse tantas facções independentistas nessa região. Sempre que, por algum motivo, dentro de um país com várias etnias, umas são favorecidas face a outras ou/e as suas culturas são indiscutivelmente diferentes, dificilmente esse país será capaz de manter uma paz duradoura.
Todos os povos têm aspirações legítimas à autodeterminação e nenhum estado deve perturbar essa pretensão sobretudo quando essa pequena região está única e invariavelmente povoadas por essa mesma etnia. Repare-se que não se está a falar de um povo que emigrou para um país, por lá ficou e agora quer independência, mas sim de um povo que sempre lá viveu, uniu-se a um outro país ou federação sem que fosse a sua vontade e neste momento pretende seguir a sua “vida” autonomamente. Assim aconteceu na Jugoslávia, no colonialismo Europeu e no imperialismo Soviético. Basta que sejamos democráticos e coloquemos a questão desta forma: Como podem os Kosovares quererem ser governados pela Sérvia, se no Kosovo a maioria da população é Albanesa e tem costumes e culturas irremediavelmente diferentes? Como podem os Kosovares serem governados pelos Sérvios se as decisões de Belgrado podiam ser contrárias à maioria das preferências da população albanesa da região? Como podem os Tibetanos poderem ser governados pelos Chineses quando as culturas são radicalmente diferentes e a cultura tibetana é reprimida? Como podem os Ossetianos e os Abezaques serem governados pelos Georgianos quando na verdade sempre se sentiram mais Russos que Georgianos?
De facto entre em conflito dois princípios: o da autodeterminação, que se traduz na possibilidade de um povo poder seguir com paz e autonomia a sua governação e desejo da população em geral, e o da inviolabilidade das fronteiras nacionais, que se traduz no direito que um país possui em defender as suas fronteiras. Ora entre estes dois princípios, e partindo do pressuposto que um determinado povo sempre viveu na sua região e foi obrigado, posteriormente, a integrar uma determinada federação de estados, prefiro o da autodeterminação dos povos.
Apesar de não me agradar o novo tipo de gestão impulsionada por Putin na Rússia que faz lembrar o que de mais negativo existia na antiga União Soviética parece claro que os Russos deviam defender os cidadãos Ossetianos e Abezaques, maioritariamente, pró-Russa. Também não podemos ser ingénuos ao pensar que a Rússia lançou a sua ofensiva sobre a Ossétia do Sul apenas para afastar as tropas georgianos que, teoricamente, estavam a promover uma limpeza étnica, isto porque, é conhecido do público que a Geórgia e a Ucrânia manifestaram o seu desejo de aderir à NATO, o que se traduziria em governos pró-ocidentais que não teriam nenhum repúdio em colocar bases militares ou mísseis americanos apontados a Moscovo. Para alem disso não se pode ignorar o facto de existirem extensos oleodutos a atravessarem a Geórgia em direcção em mar Negro, bem como um em construção entre Baku (Azerbeijão), Tbilissi (Geórgia) e Ceyhan (Turquia) que pretende tornar a Europa independente do petróleo russo e dessa forma da principal arma de arremesso dos russos contra a Europa. Este talvez seja o principal motivo da invasão russa, isto é, destituir a todo o custo o actual governo Georgiano e implementar um governo pró-Russo.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

"Quem quer ilhas tem que as pagar!!!"


Hoje dedico-me à Madeira.
Parece que existe, actualmente, um povo que está a ser explorado pelos tirânicos imperadores de Portugal! Veja-se que este pobre povo que até já conseguiu ultrapassar o PIB per capita médio do império Português, nos últimos 30 anos deixou de ser uma das regiões, não só mais pobres de Portugal como da Europa. Repare-se que esta pobre região recebeu montantes colossais de fundos comunitários, acima da média nacional, e ainda recebeu verdadeiras fortunas do orçamento de estado para permitir o seu desenvolvimento. Para quem não sabe o que é o orçamento de estado, eu explico: trata-se de um documento publicado pelo governo onde se realizam previsões de despesas e receitas para o ano seguinte, onde se incluem, por exemplo, transferências do orçamento de estado para a Madeira. Estas transferências são, portanto, dinheiro “dado” sem nenhuma contra-prestação para a madeira se desenvolver. Repare-se que aqui o império garante a esta pobre região um regime fiscal bastante mais favorável do que o praticado cá no continente, isto porque, o IVA é 15% (enquanto cá, no continente, é 20%), o imposto sobre produtos petrolíferos (ISP) é mais reduzido e taxas de IRS mais baixas para todos os escalões. Esta pobre região que cresceu bastante, graças a uma política de betão que está esgotada, vê-se agora em dificuldades para manter o mesmo ritmo de crescimento dos últimos anos. Resultado? Surge o Dr. Alberto João Jardim com conversa populista, para enganar o povinho, gritando contra Sócrates. Claro que o povo gosta, já que em Portugal um governo que tente colocar o país na ordem passa logo a ser fascista! E então surgem expressões estupendas: “esses cubanos”, “o império quer impor a sua vontade” e mais engraçada de todas “quem quer ter ilhas no Atlântico tem que as pagar”. Isto não é mais do que passar um atestado de incompetência ao povo madeirense, mas esse mesmo povo madeirense aplaude.Não, a sério, não é do contra-informação, mas sim de altas figuras da madeira. Esta gente convenceu-se que temos que os sustentar, ao Dr. Jardim e à sua urbe que vive muito bem à custa do dinheiro do continente e de regiões que precisam de muito mais apoio do que a Madeira. Esses Srs. Populistas ofendem tudo e todos, porque um governo com coragem retirou o apoio excessivo que era dado à Madeira, e sem esse apoio já se está a ver que o nº de funcionários públicos na Madeira vai ter de descer, o nº de obras públicas vai ter de descer, enfim vão ter de acordar para a realidade e governarem-se com aquilo que têm. Só quando isso acontecer é que poderão ser levados a sério, quando falam em separatismo.

domingo, 27 de julho de 2008

Diplomacia económica


Desde a chegada ao poder deste governo socialista que deparamo-nos com um alargamento da estratégia diplomática de Lisboa. Começa com Durão Barroso em Bruxelas que pode ser visto como um homem que consegue gerar consensos a nível internacional sem gerar ódios. Muitos defendiam a sua escolha por ser, precisamente, de um país de média dimensão na U.E., que já fazia parte da U.E. desde 1986 (nem era fundador nem o último a entrar) e em termos socio-económicos estava a meio dos 27; isto é não gerava inveja, a sua nomeação, sendo capaz de construir as pontes para que a U.E. avança-se. Depois temos o tratado de Lisboa, em que após intensas negociações se consegue um acordo e permite dar um novo rumo à Europa.

Ultimamente, temos visto José Sócrates num périplo pelo mundo a fim de abrir portas para as empresas portuguesas em vários países, como tem conseguido atrair investimento para Portugal. Veja-se a viagem a Angola, Brazil, Venezuela, Líbia e China. De facto o seu esforço não tem sido em vão, porque as nossas exportações para Angola aumentaram e são estas que sustentam o crescimento extra-UE das nossas exportações, na Venezuela conseguimos acordos comerciais para exportação de vários produtos e serviços, na Líbia abrimos as portas à Galp para diversificar as suas fontes de energia e a empresas de construção cívil que podem fazer parte do vasto programa de obras públicas lançadas por Kadafi. No Brazil mais uma vez permitiu-se que a diversificação de fontes de petróleo proseguisse como ainda se captam investimentos para Portugal da maior importância, veja-se o caso da Embrier.

Apesar de estes esforços diplomáticos se realizarem com países que deixam muito a desejar em termos democráticos, o que está aqui em causa são negócios e a possibilidade das nossas empresas prosperar. Trata-se de um pragmatismo ao estilo de Oliveira Salazar durante a II Guerra Mundial, a fim de poder vender para os dois lados da guerra, mas com isso sair a ganhar. Não estou preocupado se o meu país faz elogios a José Eduardo dos Santos ou não, pois se estes países querem progredir, e através de contactos diplomáticos as nossas empresas podem-nos ajudar a progredir, então porque não continuar?

domingo, 20 de julho de 2008

Nuclear, sim... mas longe!



Será que Victor Constâncio queria mesmo reorientar a questão que se estava a debater insistentemente nos últimos dias, isto é, a crise (inter)nacional? Será que Victor Constâncio referiu-se ao nuclear como algo indispensável para Portugal? Se há algo em que os portugueses são bons é em colocar palavras na boca uns dos outros e colar ideias sobre pessoas que nem as defendem. Que eu tenha percebido Victor Constâncio disse que a energia nuclear era algo que devia ser estudado e não que devia ter feito. Vou tecer umas breves considerações sobre a energia nuclear.
O preço da energia está a aumentar de uma forma galopante, dado o aumento contínuo e brusco do preço do petróleo; isto não é mais do que o preço a pagar, por uma economia extremamente dependente do petróleo e que nada fez no passado para diminuir essa dependência. Parece cómico que quando um governo tem resultados brilhantes nesta área, não exista ninguém que aplauda nem apoie, veja-se o esforço na energia eólica, foto voltaica e hídrica, alias conseguimos atingir, em 2008, uma meta a que nos comprometemos na U.E. de produzir 10% de toda a energia necessária ao país a partir de fontes renováveis em 2010. O que é que os partidos têm a dizer a este resultado e aos projectos ambiciosos que se seguem? Uns criticam dizendo que estamos a destruir o ecossistema e outros dizem que centrais nucleares “jamais”.
De facto podemos ser contra a energia nuclear, mas sermos contra a energia nuclear e estarmos contra o avanço das barragens parece-me, no mínimo, estúpido; a não ser que essas pessoas queiram voltar à luz das velas e andar a cavalo. Eu pessoalmente sou contra a energia nuclear, apesar dessa mesma energia ser muito barata. Sou contra, porque se olharmos para estes projectos apenas a curto prazo, eles prometem o paraíso, mas se olharmos para eles a longo prazo, prometem tudo menos o paraíso, e se há algo de que as gerações não precisam é de mais problemas. O grande problema de uma central nuclear é a produção de resíduos radioactivos que terão de ser futuramente eliminados ou armazenados no subsolo. Mais, como qualquer coisa, uma central nuclear tem um fim e quando ela tem que ser desmantelada, os custos de tal operação são astronómicos; são de tal forma elevados que apenas esses custos tornam o projecto em si, inviável. Por esta via se compreende que é um projecto muito bom para as gerações presentes, mas não para as futuras. Outro factor nefasto prende-se com a necessidade constante de água para arrefecer os reactores, pelo que estas centrais tendem a estar próximas de rios. Não, a água não fica imprópria, mas as pessoas têm memória e não se esquecem de Chernobil e isto é especialmente importante em Portugal, pois as centrais nucleares situar-se-iam no Douro ou no Tejo, ora o Douro perderia a sua atractividade turística e o Tejo perderia todo o potencial interesse. Quer isto dizer que estávamos apagar o fogo de um lado e a incendiar no outro, ou por outras palavras, mataríamos a nossa galinha dos ovos douro.
Em suma, defendo as energias renováveis à excepção do nuclear e a eficiência energética

sábado, 12 de julho de 2008

Debate da nação



Na quinta-feira, 10 Julho de 2008, o país assistiu ao debate da nação. Houve de tudo, desde deputados sem “tento na língua”, ministros em situações desconfortáveis por terem ido à casa de banho, uma nova bancada do PSD que se esforçou por não ser populista até a um partido comunista que continua a pedir o paraíso na terra. Seria cómico, se não fosse grave!
O Dr. Francisco Louça pessoa que muito admiro em termos académicos, sobretudo após uma conferência que deu na Faculdade Economia do Porto, de facto excede-se nos termos. Aqueles que mais acerrimamente defenderam a democracia são, também, aqueles que menos a respeitam; o Dr. Francisco Louça insiste em ofender o bom-nome de terceiros através de insinuações e/ou conspirações sem que tenha provas daquilo que diz. Recorde-se de Jorge Coelho aquando da ida para a Mota Engil, da presunção de João Proença (sindicalista da UGT) estava a ser conivente com o governo e que portanto era um mau sindicalista e, agora, indirectamente denomina os dirigentes da Galp de ladrões. Enxovalhar terceiros na praça pública não devia ser feito por ninguém, muito menos por um representante do povo e por nós eleito.
O PSD mudou de liderança, mas desde logo cometeu um erro brutal. Ser contra todas as obras públicas, sem conhecer os “dossiers”; depois viu que tal facto, não era coerente e já não colocava o problema ao nível das obras públicas, mas sim dos estudos e análises custo-benefício; mais tarde, a Dr. Manuela Ferreira Leite apercebe-se que todas as obras para obterem o apoio da U.E. com fundos comunitários têm que estar consubstanciados com análises custo-benefício, logo o problema, agora é o modo de financiamento. Não sei o que vai na cabeça dos dirigentes do PSD, mas o período de carência de 5 anos parece-me normal, pois devemos começar a pagar um projecto apenas quando ele começar a produzir os seus efeitos, sendo algo semelhante a iniciar o reembolso de um empréstimo apenas quando uma fábrica ou empreendimento turístico iniciam a laboração. Quanto aos anos, ao longo dos quais vamos pagar esses “empréstimos” (tratam-se de parcerias público privadas, onde o estado ajuda os privados na construção de algo que será depois explorado por privados, tendo o estado de desembolsar uma “renda” pois são projectos que dão prejuízos durante vários anos) parece-me benéfico que sejam pagos ao longo dos anos de duração dos investimentos, ou seja, se uma barragem for viável durante 60 anos então ela deverá ser paga ao longo de 60 anos. Isto sucede-se para que exista equidade inter-geracional, caso contrário se pagássemos tudo em 10 anos, as gerações futuras beneficiariam de um investimento sem terem contribuído para ele e vice-versa.
Quanto ao PCP a história é sempre a mesma; bota-a-baixo, isto é, o governo propôs uma taxa de 25% para tributar os lucros extraordinários das refinarias pela valorização extraordinária das suas reservas de petróleo, e o PCP disse logo que devia ser de 50%. Dissesse o governo 50% e teríamos o PCP a pedir 75% ou mesmo 100%. É a sua história e triste sina.

sábado, 5 de julho de 2008

Governo numa encruzilhada


A mais recente controvérsia nacional prende-se com as obras públicas. Ora o governo de José Sócrates apresentou um vasto programa de obras públicas que para além de, presumivelmente, estimular a economia nacional também tem um "cheirinho" a eleitoralismo. Como vivemos num país democrático, desde logo surgiram críticas a esta política económica. O problema é que, pelo facto de vivermos em democrácia não temos a certeza de que as críticas sejam construtivas ou mesmo sérias. Repare-se bem nas críticas lançadas por Manuel Ferreira Leite: "O país não tem dinheiro para nada." Ok, sem nada a dizer, mas será que quando a Dr. Manuela Ferreira Leite era ministra das finanças no governo de Durão Barroso havia dinheiro para obras? Se não conhecessemos a Dr. Manuela Ferreira Leite eramos tentados a corroborar a ideia de que não foi no tempo dela que se assinaram acordos para a construcção do TGV com mais ligações a Espanha do que a actual proposta, não foi no tempo dela que se definiu a construcção no novo aeroporto internacional de Lisboa na Ota (uma decisão que viria a ser constestada fortemente), não foi no tempo dela que o Dr. Paulo Portas gasta mil milhões de euros (200 milhões de contos) na aquisição de três submarinos e não foi no tempo dela que o governo acaba por financiar os estádios de futebol para o euro 2004. Um pouco de seriedade política não ficava mal a ninguém...

Estamos numa crise económica internacional, isso ninguém contesta. Mas o que fazer contra esta crise? É reconhecido que a margem de manobra dos governos europeus, actualmente, é muito reduzida em termos de actuação conjuntural, porque não dispõe de uma política monetária (controlada pelo BCE) e na política orçamental temos muitas restrições, pois estamos vinculados a compromissos, e bem, com Bruxelas para manter o Déficit público em % do PIB abaixo dos 3%. Bem mas então os governos nacionais servem para quê? Figura de presenta? Para que se sinta que estamos numa democracia?

Nesta situação encontramo-nos perante um choque petrolífero que coloca os países com uma recessão e um aumento da inflação, algo duplamente negativo, colocando os governos nacionais europeus perante um dilema: estabilizar a conjuntura permitindo que a inflação aumente ou estabilizar a inflação e provocar uma recessão ainda maior. Uma vez que a inflação fica a cargo do BCE e uma política orçamental expansionista numa União Económica Monetária é muito eficaz, o nosso governo nem olhou para trás. Pois é que não convém esquecer que as eleições são já em 2009 e só com votos é que se renova uma maioria. Porventura tal política terá bons efeitos apenas a curto prazo, pois a economia nacional irá "aquecer" o desemprego diminuirá, momentaneamente, e as pessoas andarão um pouco mais bem disposta, até porque terão um aeroporto, um TGV e auto-estradas novas.

O problema é o que virá de seguida: como a economia cresceu por um estímulo orçamental e não por aumentos de produtividade, a inflação irá aumentar ainda mais, o que nos fará perder competitividade face ao exterior colocando as empresas nacionais com dificuldades acrescidas em exportar (uma vez que os seus preços crescerão mais do que os dos seus concorrentes). Os juros da dívida acumulada nacional irão começar a ser de tal modo pesados que apenas os juros poderiam construir alguns hospitais regionais todos os anos; a dívida acumulada para o futuro será tão pesada que eu e todos aqueles que pertencem à minha geração terão um nível de impostos ainda mais pesado do que o actual.

Nem tudo é mau, pelo menos teremos equipamentos modernos, com rentabilidade duvidosa, mas quem sabe o que será estratégio no futuro...há quem diga que é preferível o TGV ao aeroporto, porque com a escalada dos combustíveis os preços para viajar de avião serão insuportáveis, pelo que a alternativa mais exequível será o TGV.

Bem entre uma política do não fazer nada ou melhor "não há dinheiro para nada" e a do "há dinheiro para tudo" venha o diabo e que escolha.


sábado, 31 de maio de 2008

Vai um subsidiozito?? Vá lá...


O mundo está perante um doloroso choque petrolífero; disso já ninguém duvida. As consequências têm sido visíveis e imediatas: subidas dos preços dos combustíveis e a consequente subida dos bens alimentares. Como se já não bastasse, agora deparamo-nos com a crise nas pescas.
Segundo os pescadores, os preços dos combustíveis tornou-se insuportável face às receitas que obtêm com a venda do pescado. O gasóleo, ao qual os pescadores têm acesso, é vendido sem ISP e sem IVA ficando caro a todos os contribuintes. Apesar de já não pagarem os impostos sobre o gasóleo que utilizam nas suas embarcações...querem mais. Seria previsível o pedido que os pescadores realizariam:"O governo tem de nos apoiar" dizia um armador, que é o mesmo que dizer, "O governo tem de nos dar um subsídio!!" digo eu.
Infelizmente os portugueses já não se conseguem desligar da sua subsiodependência, não só por imobilismo mas também por culpa do estado que a isso os habituou. Chega o verão (com as secas) e pede-se um subsídio para alimentar o gado, pois as pastagens secaram; chega o Inverno (com as cheias) e pede-se um subsídio, pois o gado foi levado na enxurrada ou a água entrou pela porta dentro; aumenta a concorrência na indústria (com a emergência das economias de leste e asiáticas) e pede-se um subsídio para mantermo-nos a trabalhar; aumentam os combustíveis (pelo aumento da procura mundial do "ouro negro")...
O mais estranho no meio de tudo isto é que tudo poderia ser resolvido, pelos pescadores, mas é melhor desresponsabilizarmo-nos e pedincharmos a Lisboa. Repare-se bem no absurdo de tudo isto: o peixe está a ser vendido à lota ao mesmo preço de à 15 anos atrás, por isso é que os pescadores dizem que os seus rendimentos não aumentam à mais de uma década (ou não fosse a venda de peixe o seu único rendimento), contudo o preço do peixe nas grandes superfícies comerciais está todos os anos a aumentar, chegando a verificar-se diferenças de 5 e 6 euros o quilo em várias espécies de peixe.
A razão para tudo isto é clara, porque se existe um grande número de pequenos pescadores que vendem o peixe e um pequeno número de grandes compradores desse mesmo peixe, então o resultado disto é óbvio: os compradores beneficiarão do seu poder para solicitarem o peixe ao preço que bem entenderem, dado que os pescadores só podem vender a esses pequeno número de compradores. Consequência disto: o pescador vê o seu rendimento real (actualizado da inflação) cair todos os anos e estes intermediários ganham fortunas colossais.
Posto isto, vamos pensar um pouco. Valerá a pena pedir ao estado um subsídio para os combustíveis, quando na realidade as más condições de vida dos pescadores devem-se a um erro estrutural na sua organização? Qual será o impulso destes intermediários sabendo que o estado está a subsidiar o combustível aos pescadores e dessa forma reduzindo-lhes as despesas? Tentariam ganhar ainda mais, visto que os pescadores passariam a ter mais margem de manobra, ou nada fariam? Qual seria o sinal que estaríamos a dar as companhias petrolíferas, subsidiando os combustíveis em tempo de preços elevados? Será que estas não fariam tudo para manter esses preços altos, visto que o estado vinha em defesa dos consumidores garantindo que estes poderiam manter consumos elevados?
Leiam e pensem. Eu dou a minha opinião: os pescadores têm de se juntar de forma a que se transfigurem num pequeno grupo de grandes pescadores. Poderiam formar associações ou sociedades onde em conjunto praticavam um único preço, mais próximo dos praticados ao consumidor final. Tentariam criar uma organização que gerisse todas as embarcações, dias a ir ao mar e preços a praticar, sendo desta forma não trabalhadores individuais, mas sim por conta de outrem. Unidos jamais, os intermediários poderiam ameaçar com a compra no "vizinho", para garantir a maior margem possível. Seria uma tarefa complexa, mas mais coerente do que a lógica facilista do subsídio. Por último, se o governo subsidiasse as pescas, porque razão não haveria de subsidiar a agricultura e os transportes de mercadorias? Talvez esteja na hora de se organizarem e tomarem as rédeas do vosso destino, até porque o estado não é o pai de ninguém.