quarta-feira, 30 de setembro de 2009

France Telecom - Ataque à humanidade


Grotesco, desumano, inqualificável, aberrante e criminoso. Estes são alguns dos adjectivos que podem ser atribuídos aos comportamentos dos dirigentes da France Telecom.
Para meu espanto e incredulidade ouvi isto na Antena 1 na manhã de Terça-Feira: “A França está estupefacta. A situação na France Telecom tornou-se assunto de estado e o seu presidente foi convocado para uma reunião esta Terça-Feira, no Ministério do Trabalho. O número de 23 suicídios e várias tentativas de suicídio falhadas são sinal que algo está a funcionar muito mal, nesta empresa gigante de telecomunicações. Sindicatos e funcionários invocam um clima de terror em diversos serviços e falam em reestruturação de serviços brutais e desumanas. Nos últimos dias, um empregado tentou matar-se com um punhal no decorrer de uma reunião, uma funcionária de 32 anos lançou-se de uma janela de uma sede da empresa e uma outra tentou matar-se no seu escritório com uma ovardose de comprimidos. A situação chegou a tal ponto, que até os serviços da presidência da república vieram a público lembrar que a direcção da Fance Telecom tem o dever moral de apoior psicologicamente os seus empregados.”
Como não podia deixar de ser, tentei perceber o que estava a levar os dirigentes desta empresa a tomar tais medidas. Para meu espanto, percebi que era por razões de competitividade e que a empresa tinha um lucro líquido de 4 mil milhões de euros (4 000 000 000 euros).
Para tentar melhorar a sua competitividade pressionam os seus funcionários a mudarem de cidade, a trocar sistematicamente de funções, atribuem-lhes objectivos inalcançáveis e, para além disso, individuais. Aqueles que têm dificuldade em aguentar a pressão são levados a abandonar a empresa ou quando as perspectivas de futuro não são risonhas, a matar-se.
Sinceramente, acho que é preciso acabar de uma vez por todas com estes neo-esclavagistas.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

"Não importa que o gato seja preto ou pardo, desde que apanhe o rato"



No próximo dia 1 de Outubro, comemora-se o sexagésimo aniversário da fundação da República Popular da China. O país que remonta à dinastia Shang, à 3000 anos, que controlou o mundo oriental com a dinastia Ming e que colapsou com a dinastia Manchu quer deter o estatuto que acredita lhe pertencer: super-potência mundial!
A sua dimensão geográfica (9.640.821 km²) e populacional (1,3 biliões de pessoas) é motivo suficiente para que muitos acreditem que o sistema repressivo seja um mal necessário. A guerra-civil de 1949 demonstrou com clareza isso mesmo, pois apenas com uma figura unificadora e poderosa poderia a China sair do jugo em que se encontrava. Mao Tse-Tung personificou aquela figura e para o bem e para o mal conduziu os destinos do país até 1976, ano de sua morte.
Para o bem, porque incutiu nos chineses, um sentimento de profundo fervor nacionalista que permite, hoje em dia, que lutem acerrimamente pelo progresso do seu país e impediu o surgimento de regiões separatistas.
Para o mal, porque levou a cabo políticas desastrosas para a economia, como o “Grande Salto em frente” que pretendia desenvolver a China em termos agrícolas e industrias, rapidamente, através da colectivização dos campos e da indústria; para não falar da Revolução Cultural iniciada em 1966 que instigava os chineses a perseguir, matar e torturar todos aqueles que não abandonassem os antigos hábitos ou assumissem comportamentos burgueses. O “grande timoneiro” assumiu o lugar de “Deus” e o seu livro vermelho “a nova bíblia”.
O homem que, verdadeiramente, está nas fundações do progresso económico da China é Deng Xiaoping. Ele que proferiu uma frase, que ficaria conhecida para sempre, caracteriza a China de hoje; “Não interessa se o gato é preto ou pardo, desde que apanhe o rato”.
Este pragmatismo na actuação política originou uma retirada gradual do estado da economia, os campos foram entregues, passo-a-passo, aos agricultores e o brotar da indústria privada não se fez esperar. Apesar disto subsistem os planos quinquenais, ao estilo soviético, o controlo dos media é real e os atentados aos direitos humanos são frequentes. Esta espécie de comunismo de mercado está a dar lugar a uma economia de mercado, com uma pujança exportadora incrível, a qual permitiu arrecadar biliões de dólares em reservas monetárias e retirou centenas de milhões de chineses da pobreza.
Chegados a este ponto, coloca-se a questão: será a China capaz de destronar os Estados Unidos da América? A resposta, no meu entender, é algo semelhante àquela que se dá quando se questiona a existência de vida extraterrestre; ou seja, certamente que sim, mas não sei quando.
O poderio militar e tecnológico americano continua a ser estrondoso, mas será, decisivamente, através da economia que a China destronará os EUA. Por um lado, a subsidiação do deficit externo americano através das poupanças dos chineses, a acumulação maciça de dólares em reservas do Banco Central Chinês e a pretensão de derrubar o dólar como moeda de referência mundial fragilizará os EUA. Por outro lado, o “spill-over” em termos tecnológicos, isto é, o apoderamento dos conhecimentos tecnológicos por todo o mundo, fará com que o poderio militar e tecnológico americano não perdure eternamente.
Quinta-Feira, certamente, assistiremos a uma espectacular parada militar, com soldados a marchar ruidosamente e geometricamente colocados, com grandes tanques de guerra e aviões-jacto a sobrevoar Tienamen. O sinal é claro: queremos mandar!

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Asfixia



Asfixia democrática, eis a treta da semana passada. Os partidos políticos vêm-nos habituando a um estilo de fazer política, miserável. O ataque à personalidade do adversário é constante e mútua e, a dada altura, em vez de julgarmos a actuação governamental de uns e analisar os programas eleitorais de outros, discutimos parvoíces como a evidência da asfixia democrática da madeira e a evidência da tentação dos partidos do poder controlar os media.
Sinceramente chega a ser ultrajante a forma como Manuela Ferreira Leite se defende das suas próprias incongruências. Considerar que no continente existe asfixia democrática e na Madeira não, pelo simples facto de Alberto João Jardim vencer as eleições com sucessivas maiorias absolutas é fazer de todos nós (cubanos) parvos.
Então, fecha-se o parlamento, coloca-se economicamente dependente toda a região do governo regional, usa-se e abusa-se dos dinheiros públicos para financiar jornais de propaganda, ameaça-se líderes da oposição, entre outros, e conclui-se que não existe asfixia democrática?
Recorrendo ao termo utilizado no novo programa de humor dos Gato Fedorento, esmiucemos o argumento de Ferreira Leite. Será que, pelo facto de Alberto João Jardim arrecadar sucessivas maiorias absolutas torna o regime mais democrático?
Se a democracia se limitasse ao momento em que votamos, talvez esse raciocínio estivesse correcto, visto que as eleições na Madeira são livres, porventura uma legislatura de 4 anos não pode ser avaliada por um único dia. Nesse interregno existem direitos e deveres que devem ser assumidos pelos eleitos e pelos eleitores, encontrando-se a maioria deles consagrados na Constituição da República Portuguesa. Ao incumprimento desses direitos e deveres pode-se atribuir o termo asfixia democrática, pelo que Ferreira Leite pode dizer o que quiser, mas uma coisa todos os portugueses podem ficar a saber: é tão demagoga, oportunista e cobarde que é incapaz de assumir que “dá uma no cabo e outra na ferradura”.
Vejamos o seguinte: Irão, Venezuela, Rússia e Bolívia são alguns dos exemplos de países cujos seus líderes forem eleitos democraticamente. Temos dúvidas de que, pelo menos, na Venezuela e Rússia os seus líderes permanecerão no poder? Serão estes países “normais” em termos democráticos?
Para responder a esta pergunta, seria útil exportarmos a Dra. Manuela Ferreira Leite para líder da oposição daqueles países; assim talvez parasse de atirar areia para os olhos dos portugueses.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

A mudança começa no país do Sol Nascente


Para onde caminha o Japão? Eis uma questão que muitos gostariam de ver respondida!
Existe uma palavra em voga no mundo, desde que o presidente Obama tomou o poder: mudança. E o que o Japão assiste neste momento é a um mega-processo de mudança. Bastaria apercebermo-nos que já não é o último produto da Sony, nem o último modelo da Toyota que coloca o país nas bocas do mundo, para nos darmos conta que algo de revolucionário se passa.
O Partido Liberal Democrata que governava o país, imperialmente, desde 1959 perdeu as eleições para o Partido Democrata Japonês. A queda do PLD ameaça colapsar tudo aquilo que representava o pró - ocidentalismo, o anti - comunismo e o pró – patronato. Um dos grandes responsáveis pela esperada “mudança” é um excêntrico homem de 62 anos, Yukio Hatoyama, cujo cabelo desalinhado lhe valeu a alcunha de “Alien”.
Yukio Hatoyama tem uma tarefa colossal pela frente. O país depara-se com uma dívida pública de 170% do PIB, deficit orçamental de 10% do PIB, taxa de desemprego de 5,7% (relativamente alta por aquelas paragens) e uma perspectiva assustadora de crescimento das despesas com saúde, dado o país ter uma dinâmica demográfica muito estagnada (a esperança média de vida é de 82 anos).
A receita para sair da crise em que o Japão se encontra é do mais puro Keynesianismo que se conhece, algo estranho para um país que sempre assentou o crescimento no mercado externo. Com o intuito de impulsionar a procura interna tenciona-se fazer de tudo: subsídio por cada novo filho a rondar os €190/mês, instituir pensões mínimas a agricultores e desempregados, eliminar as propinas no ensino superior, congelamento dos impostos sobre o consumo e elevar o salário mínimo nacional. Alias esta medida era já aguarda, caso o Partido Democrata vence-se, dada a ligação visceral aos sindicatos, o que tem colocado em estado de alerta a praça financeira de Tóquio e o patronato nacional.
Em termos de política externa, esta inesperada vitória obrigou alguns governos a ler apressadamente o programa eleitoral do Partido Democrata Japonês. A tensão e apreensão são visíveis na Casa Branca, ou não tivesse Yukio Hatoyama garantido que reveria a presença militar americana em solo japonês (Okinawa), contestaria o peso do dólar americano como reserva internacional de moeda, bloquearia o tratado de abastecimento da marinha norte-americana no Indico, enfim parece disposto a rever a tendência “pacifista” Japonesa. Resta compreender se esta atitude é mais uma forma de afirmação e demonstração de ruptura com o passado ou se na realidade o receio da expansão Chinesa e o militarismo da Coreia do Norte não farão o Japão pensar duas vezes.
Dentro do próprio partido as coisas não parecem fáceis: com uma massa intelectual, jovem e a fervilhar de energia, a probabilidade de rupturas internas é muito grande. Com mais de vinte facções e jovens dinâmicos e ambiciosos, torna-se necessário que aconteça uma de duas situações: ou o partido tem capacidade para aglutinar e canalizar todas as energias e opiniões para o governo e gestão da coisa pública e impulsão da mudança, ou obrigar-se-á a disciplinar e “calar” todas as tendências sob pena de entrar na anarquia interna e constituir-se um desgoverno dentro do governo.
O tempo é de mudança, mas a mudança comporta riscos. Veremos se o Japão continuará a ser um exemplo para o mundo criando um novo “milagre económico”.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

MMG


Após a leitura de alguns blog´s nacionais, não pode deixar de reparar que o tema TVI, Manuela Moura Guedes e Sócrates anda em alta. Sobre isto já todos sabem, mais ou menos, o que se passou, mas a astúcia dos portugueses está a gerar teorias da conspiração engraçadas.
É uma verdade inquestionável que os governos de todo o mundo gostariam de controlar os “media”, visto que estes possuem o poder de influenciar multidões e são eles quem controlam aquilo que o público sabe. Sobre isto, recordo-me de um diálogo, que nunca cheguei a perceber se era uma anedota ou não, do director do Hospital de Coimbra com a sua esposa: “Hoje acabaram os casos de meningite no hospital” disse ele. “Como? Descobriram o foco da doença?”, interrogou ela. “Não! Um grupo de brasileiros assaltou o BES.”
Esta graçola atesta bem o poder dos “media” na nossa sociedade e como influenciam a nossa consciência da realidade.
Ora sendo assim, será que se justifica o que se passou com o Jornal Nacional da TVI, à sexta-Feira? Obviamente, não!
Aqueles que nos tentem impingir realidades extra-nacionais, do tipo democracias musculadas ao estilo Russo ou Venezuelano, afirmando que são males menores, eu afirmo que para “males” já nos chegam os nossos. Certamente que não estamos interessados em retroceder aos tempos em que todos os programas informativos tinham que passar pelo crivo da censura. Depois, como quem não quer a coisa, dos programas informativos, passa-se para os livros e para os jornais e, quando dermos por ela, estamos cercados de bufos e propaganda da treta.
Evidentemente que existiram influências do poder económico para decapitar MMG, o que já não parece ser assim tão evidente é se a PRISA precisou que lhe ordenassem o serviço ou se alguém em Lisboa deu ordens para tal.
A PRISA encontra-se de situação complexa em termos financeiros, com uma dívida colossal e, portanto, a precisar de lapidar alguns dos seus activos… como é o caso da TVI. Agora pensem bem: quem é que em Portugal poderá estar interessado em controlar indirectamente a TVI? Pois é. A PT já se tinha lançado e logo se disse que era “gato escondido com o corpo todo de fora”, mas subsiste a ZON e muitos outros estratagemas de mercado como adquirir mais publicidade através da RTP, admitir entrada de novos canais, etc. Pensavam que as “Golden Share” eram para arrecadar dividendos, não?
Portanto, espero que me faça entender, o que me parece ter sucedido foi um acto descarado de oferta da TVI a empresas controladas pelo estado, para o grupo PRISA arrecadar alguns fundos tão necessários. Mata-se dois coelhos com um só tiro…
Muito sinceramente, o estilo de MMG irrita-me. Os julgamentos na praça pública, as acusações sem provas e o uso de determinadas figuras públicas que se tornam no “boneco do espectáculo” a troco de boas audiências são degradantes. Uma pessoa que faz as perguntas e responde, ao mesmo tempo, não está com intenções de informar, mas sim de fazer valer a sua ideia; por isso aquilo que Marinho Pinto lhe disse era aquilo que eu e muitos portugueses lhe quereriam dizer.