terça-feira, 29 de abril de 2008

Um Tsunami??

Nos ultimos dias tem-se verificado uma preocupação crescente com a evolução dos preços dos alimentos. Muitas causas têm sido apontadas, mas a meu ver, esta evolução dos preços nos mercados internacionais deve-se ao aumento da procura de bens alimentares por países em forte crescimento como China e India, crise nos mercados bolsistas que redireccionou muitos fundos para a aplicação em mercados de futuros das "commodity´s" (daqui resulta muita especulação) e a questão dos Biocombustíveis.
A economia é clara, quando a procura aumenta sem que a oferta responda, só existe uma saída: o aumento dos preços. De facto, como afirmava Keynes, "Não existem almoços grátis", pelo que, perante estas tensões nos mercados internacionais, alguém iria sair a perder. Não podemos impedir que os cidadãos da China e India usufruam do merecido progresso, pelo qual também já passamos, logo são em grande parte os milhões de cidadãos que sairam da pobreza na China e India que estão a causar esta crise. Repare-se que tratam-se de pessoas que viviam essencialmente de uma agricultura de subsistência, e agora, trabalhando nas cidades e auferindo de salários um pouco superiores podem adquirir produtos alimentares que dantes dificilmente obteriam. Como se sabe, quando os rendimentos são reduzidos, grande parte do salário familiar é destinado à alimentação logo, neste caso em concreto, esta melhoria da qualidade de vida dos cidadãos Chineses e Indianos ficará implicita num aumento do rendimento aplicado na alimentação em termos absolutos, mas não em termos relativos.
A outra causa, a crise dos mercados financeiros, contribuiu para espicassar a especulação nos mercados de futuros. Isto sucede-se, porque com a crise do Subprime dos Estados Unidos da América a alastrar-se à economia mundial, muitos foram os bancos que viram os seus resultados a sairem prejudicados (por terem adquirido títulos hipotecários de alto risco emitidos por instituições bancárias americanas). Ora as acções deste bancos começaram a cair em flecha, e como os bancos duvidam da qualidade dos activos que cada um possui, não emprestam dinheiro entre si, o que origina a subida das taxas de juro do mercado inter-bancário e, consequentemente, da Euribor. Ora como as taxas de juro tendem a subir, então os resultados das empresas logo, as suas acções, também saiem prejudicados. Os investidores perante tal situação, em vez de esperarem que um milagre acontece, evitam as menos-valias futuras e aplicam os fundos que possuem nos mercados de futuros das mercadorias agricolas. Como os investidores que actuam nas bolsas pretendem ganhar dinheiro a curto prazo, trouxeram a sua actividade especulativa para estes mercados.
Como um mal nunca vem só, também os biocombustíveis estimularam, ainda mais, este receio dos mercados de que, teremos graves problemas de oferta futuros. Actualmente não creio que os biocombustíveis sejam responsáveis pela diminuição dos stocks mundiais de alimentos, pois representam apenas 2% da produção total; contudo aceito que possam ter contribuido para aumentar os receios de um desajustamento superior nestas mercadorias.
Não podemos ficar indiferentes às situações catastróficas que ocorrem nos países mais pobres, em que o rendimento é, essencialmente, destinado à alimentação. Perante uma subida abrupta dos preços existem famílias que ficaram em graves situações económicas. Face a isto, não podemos deixar tudo nas "mãos" do mercado, dado que poderemos ter resultados socialmente inaceitáveis, visto que, por detrás dos números existirão sempre pessoas.

domingo, 27 de abril de 2008

Só porque o presidente pediu...

Após as palavras de Cavaco Silva fiquei aterrorizado com o nível de ignorância que reina entre os jovens, inclusivé, entre universitários. Como é possível que uma pessoa que dispõe de televisão, internet, jornais e rádio em qualquer altura, não é capaz de saber, sequer, que existe uma maioria absoluta no Parlamento?
De facto é triste que a minha geração que tem tudo para singrar e avançar rumo ao progresso, esteja tão pouco interessada naquilo que a rodeia. Como podemos pedir respeito, mais ajudas aos jovens (porta 65), créditos bonificados, propinas reduzidas, alta comparticipação do estado nos custos com a educação, quando nos apresentamos como uma geração de ignorantes?
Como pode uma rapariga de 20 anos, não saber quem é Fidel Castro? Como podem alunos do ensino secundário não saberem sequer o que foi o 25 de Abril de 1974?

O presidente tem razão... "não vos resigneis, ou não sereis dignos de Abril"