sexta-feira, 31 de julho de 2009

Palavras entre linhas



Para não variar, deixem-me malhar na supra-economista Manuela Ferreira Leite. Neste post vou apenas me dedicar a esta frase: “Enquanto o Estado fizer tudo, o país não vai crescer”.
Extraordinário! Esta senhora vê tudo e mais alguma coisa, inclusive o que não existe. O Estado faz tudo? Não deixa nada para os privados? Esta frase diz muito do que Manuela Ferreira Leite pensa fazer do país e qual a política económica que aplicará.
Façamos uma breve analise às áreas em que o estado intervém. São elas: educação, saúde, defesa e participações estratégicas, directamente ou indirectamente (através de empresas públicas), em empresas nacionais como a EDP, Caixa Geral de Depósitos, Cimpor, entre outras.
Ora assim sendo, o que quis Manuela Ferreira Leite dizer? As três primeiras áreas que enunciei consubstanciam as tradicionais áreas a que todos os estados se dedicam (inclusive os denominados estados mínimos), porventura nas participações estratégicas o estado não faz, apenas intervém na gestão, com o peso que lhe é permitido, visto que, as Golden-Share estão em vias de extinção. Mesmo nestas situações, não percebo porque não há-de o país crescer, dado que as empresas são geridas com as supostas boas normas de gestão.
O que a Dra. Manuela Ferreira Leite pode estar a tentar dizer, entre linhas, para que ninguém se aperceba é da debandada neo-liberal que aí vem, se ela tomar o poder. Para que o estado reduza o peso na economia será necessário privatizar ainda mais e acelerar um processo substituição do estado pelos privados na educação, saúde e segurança.
O primeiro é prejudicial para as contas públicas, agravará as desigualdades sociais e em termos estratégicos é calamitoso, porque as empresas em que o estado ainda mantém participações, constituem monopólios naturais e, naturalmente, lucrativos. Sem estas participações, os dividendos dirigir-se-ão directamente para os bolsos dos magnatas nacionais, henriquecendo Américo Amorim e outros. Estrategicamente é o caos, pois estas empresas prestam serviços públicos às populações, não podendo estar sob alçada de gestões maximizadoras de lucros e indiferentes ao interesse nacional.
A saída das áreas tradicionais de intervenção do estado é o cúmulo de uma sociedade injusta. É a aplicação do salve-se quem poder que é o mesmo que dizer, salve-se quem tem dinheiro.
Abaixo, Manuela Ferreira Leite!!

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