terça-feira, 16 de setembro de 2008

O Porto não é uma província


Foi anunciada pela Ryanair a desistência de colocar uma base ou Hub no aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto. Tal facto, segundo um executivo de marketing e vendas da Ryanair deveu-se à falta de condições competitivas apresentadas pelo aeroporto. Mas para perceber melhor o que está aqui em causa temos de perceber quais são as condições competitivas que a Ryanair gostava de poder contar, mas viu as suas expectativas goradas. Ora os seus desejos baseavam-se numa redução das taxas aeroportuárias e em compensação, a companhia irlandesa, comprometia-se a atrair 4 milhões de passageiros. A justificação da ANA, entidade gestora dos aeroportos nacionais, para a recusa da proposta foi simplesmente: “não é viável financeiramente”. Ora, bolas, a companhia irlandesa deslocou-se para Barcelona e atrairá para o vizinho espanhol um massa impressionante de turistas o que permitirá desenvolver ainda mais aquela região, em detrimento do norte de Portugal. Gostaria de saber qual foi a taxa apresentada pela Ryanair para o Porto, e recusada pela ANA mas aceite em Espanha. Sinceramente custa-me acreditar que um acréscimo de passageiros na ordem dos 4 milhões não permita compensar uma hipotética redução nas taxas aeroportuárias; mais, ainda que isso se traduzisse numa redução dos lucros do aeroporto do Porto, porque razão o potencial crescimento turístico da região e consequente capacidade de crescimento do Norte foram ignorados?

 Parece mais ou menos óbvio que a posição de Portugal no mapa Europeu pode apresentar algumas desvantagens, por se situar numa situação periférica, contudo apresenta vantagens inestimáveis em termos logísticos intercontinentais, vantagens essas que podem ser aproveitadas para alavancar o nosso crescimento. O que se torna triste neste panorama é que a ANA não realizou nenhuma contraproposta para atrair o investimento para o Norte do país (ou seja, para Portugal), o que revela uma imensa falta de vontade em contribuir para o desenvolvimento de uma região que atravessa momentos difíceis.

 Como conclusão, verifica-se que o Porto e o Norte foram prejudicados por uma decisão tomada em Lisboa, com intuições meramente centralistas. Estes senhores não quiseram acarretar com uma redução dos resultados no aeroporto do Porto, pois dessa forma não poderiam ser realizados alguns investimentos no sul.

 P.S.: No império Romano, enquanto Roma rejubilava com fantásticos edifícios e os seus cidadãos viviam bem, as províncias eram obrigadas a pagar os “tributos” ou impostos, sob pena de serem saqueados. Lisboa não pode ser a Roma do século I e o Porto não tem que ser um província espoliada de investimentos fundamentais.

Sem comentários: