domingo, 20 de julho de 2008

Nuclear, sim... mas longe!



Será que Victor Constâncio queria mesmo reorientar a questão que se estava a debater insistentemente nos últimos dias, isto é, a crise (inter)nacional? Será que Victor Constâncio referiu-se ao nuclear como algo indispensável para Portugal? Se há algo em que os portugueses são bons é em colocar palavras na boca uns dos outros e colar ideias sobre pessoas que nem as defendem. Que eu tenha percebido Victor Constâncio disse que a energia nuclear era algo que devia ser estudado e não que devia ter feito. Vou tecer umas breves considerações sobre a energia nuclear.
O preço da energia está a aumentar de uma forma galopante, dado o aumento contínuo e brusco do preço do petróleo; isto não é mais do que o preço a pagar, por uma economia extremamente dependente do petróleo e que nada fez no passado para diminuir essa dependência. Parece cómico que quando um governo tem resultados brilhantes nesta área, não exista ninguém que aplauda nem apoie, veja-se o esforço na energia eólica, foto voltaica e hídrica, alias conseguimos atingir, em 2008, uma meta a que nos comprometemos na U.E. de produzir 10% de toda a energia necessária ao país a partir de fontes renováveis em 2010. O que é que os partidos têm a dizer a este resultado e aos projectos ambiciosos que se seguem? Uns criticam dizendo que estamos a destruir o ecossistema e outros dizem que centrais nucleares “jamais”.
De facto podemos ser contra a energia nuclear, mas sermos contra a energia nuclear e estarmos contra o avanço das barragens parece-me, no mínimo, estúpido; a não ser que essas pessoas queiram voltar à luz das velas e andar a cavalo. Eu pessoalmente sou contra a energia nuclear, apesar dessa mesma energia ser muito barata. Sou contra, porque se olharmos para estes projectos apenas a curto prazo, eles prometem o paraíso, mas se olharmos para eles a longo prazo, prometem tudo menos o paraíso, e se há algo de que as gerações não precisam é de mais problemas. O grande problema de uma central nuclear é a produção de resíduos radioactivos que terão de ser futuramente eliminados ou armazenados no subsolo. Mais, como qualquer coisa, uma central nuclear tem um fim e quando ela tem que ser desmantelada, os custos de tal operação são astronómicos; são de tal forma elevados que apenas esses custos tornam o projecto em si, inviável. Por esta via se compreende que é um projecto muito bom para as gerações presentes, mas não para as futuras. Outro factor nefasto prende-se com a necessidade constante de água para arrefecer os reactores, pelo que estas centrais tendem a estar próximas de rios. Não, a água não fica imprópria, mas as pessoas têm memória e não se esquecem de Chernobil e isto é especialmente importante em Portugal, pois as centrais nucleares situar-se-iam no Douro ou no Tejo, ora o Douro perderia a sua atractividade turística e o Tejo perderia todo o potencial interesse. Quer isto dizer que estávamos apagar o fogo de um lado e a incendiar no outro, ou por outras palavras, mataríamos a nossa galinha dos ovos douro.
Em suma, defendo as energias renováveis à excepção do nuclear e a eficiência energética

Sem comentários: