sábado, 17 de maio de 2008

Fumarada a bordo


Na recente viagem do nosso primeiro-ministro à Venezuela o que foi notícia não se tratou dos acordos comerciais que foram assinados nem da importância destes para o nosso país. Começamo-nos a habituar a uma imprensa sensacionalista ao estilo de Nova Iorque, anos 20.
Se é um facto que José Sócrates infringe uma lei que o seu próprio governo criou, também é visível o oportunismo político da oposição perante tal facto. A imagem da política portuguesa não pode ser tão baixo, porque pretendemos através de um acto que muitos cidadãos (indevidamente) fazem esquecer a importância da viagem. Evidentemente que ao infringir uma lei devemos ser punidos, o que até ver ainda não aconteceu, mas parece-me que as palavras proferidas em solo venezuelano “Não sabia que estava a infringir um regulamento..peço desculpa se desiludi alguém” parecem-me sinceras e tão decentes como as que provêm da oposição.
Numa estratégia que tem vindo a ser intensificada após a liberalização do mercado dos combustíveis, a Galp vai somando parceiros em várias áreas do globo, a fim de diversificar as suas fontes. Esta estratégia é fundamental para a segurança nacional, uma vez que desta forma estamos protegidos contra a hostilidade de um estado produtor (o que é pouco provável) e alcançamos alianças estratégicas com estados mais estáveis politicamente. A troca de bens manufacturados e agrícolas por petróleo é interessante, pois permite que as exportações deste tipo de bens aumente para aquela área do globo, o que é importantíssimo, visto que é uma região que ao possuir vastos recursos naturais garante um “boom” de consumo. Com a ascensão de regimes de esquerda à maioria destes países como Brasil e Venezuela é possível que através de políticas mais redistributivas, o consumo aumente. É desse bolo crescente que Portugal pode tirar partido.
Como é então visível, existiriam bons motivos para se falar da viagem à Venezuela para além da infeliz “cigarrada”, contudo a oposição em Portugal parece indiferente ao futuro do país e à diplomacia de interesses ( e não diplomacia de princípios), mas está preocupada com a saúde de José Sócrates.

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