sábado, 25 de abril de 2009

"Meninas" contribuem para o PIB


Para quem pensou que já tinha visto ou ouvido tudo, vai ficar surpreendido com esta: a União Europeia está a pensar, seriamente, em assumir a prostituição ilegal, o contrabando e o tráfico de droga como componentes do PIB, isto é, como factores que contribuem para o enriquecimento do país.

 Vamos às razões para se ter esta ideia.

 Primeiro é importante perceber, o que é o PIB. O PIB (Produto Interno Bruto) é um indicador que mede o conjunto de bens e serviços produzidos por um país durante um ano; quanto maior for o seu valor, maior será a riqueza gerada por um país, logo em princípio mais rica tende a ser a sua população.

 O grande problema prende-se com a incapacidade daquele indicador (o PIB) captar o conjunto de bens e serviços produzidos num país, mas que não foram registados, como é o caso dos bens agrícolas produzidos para auto-consumo, trabalho doméstico ou das actividades ilegais.

 Desta forma, o PIB está sempre subavaliado, porque em todos os países existe economia informal ou paralela, em menor ou maior grau. Desta forma poderemos estar a tirar conclusões precipitadas sobre a capacidade de um país para gerar riqueza perante outros, porque um país como Portugal poderá ser 3 vezes mais pobre que a Suécia, em termos estatísticos, mas na realidade essa diferença atenuar-se quando contabilizamos a economia paralela.

 Para quem pensa que isto foi ideia exclusiva da Comissão Europeia, desengane-se. Aquele fantástico povo mediterrânico que gerou uma criatura denominada Sócrates teve a brilhante ideia de contabilizar os “serviços” das prostitutas para o PIB, em 2006…estou a falar dos gregos, como é óbvio!

 A Grécia deparava-se com um deficit excessivo e caso não o reduzisse, sujeitava-se a sofrer penalizações pecuniárias da União Europeia; vai daí ter aquela brilhante ideia. Resultado: o PIB cresceu 25%! O Guardian afirma: “PIB grego sobe 25% – com uma ajudinha das prostitutas”.

 Sinceramente, não vejo nenhum problema no simples facto de se contabilizar para a riqueza gerada num país as actividades informais, porque isso permite avaliar mais eficazmente o nível de desenvolvimento de um país e da sua riqueza, mas contabilizar as actividades ilegais, como o tráfico de droga, prostituição ilegal ou tráfico de armas parece-me ridículo, para não dizer insultuoso.

 Como é que um país que trafique droga e armas pode ser considerado mais rico e desenvolvido, do que um que tem actividades, predominantemente, legais? Como é que uma mulher que vende o seu corpo para garantir a sua sobrevivência pode aumentar a riqueza de um país? Um dia destes, com tanta descaradeza, ainda vamos ver os políticos nacionais a promover o turismo afirmando que em Portugal existem meninas bastante produtivas, prontas a satisfazerem as necessidades mais íntimas. Ou não ajuda-se isso a enriquecermo-nos…

 De facto são actividades que contribuem para a entrada de capitais para esses países, mas parece-me que estamos a conduzir o rigor da análise económica longe de mais. Encontramo-nos perante o desrespeito total e absoluto pela dignidade humana!

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