sábado, 11 de outubro de 2008

Amor entre iguais


 Nunca consegui perceber o incómodo das pessoas com questões associadas à esfera estritamente pessoal de cada um de nós, como é o caso da orientação sexual. Não compreendo as declarações de algumas pessoas criticando a democracia, por esta não referendar esta questão; sinceramente, como é que me poderei pronunciar favorável ou desfavoravelmente sobre uma lei que não interfere, absolutamente, em nada na minha esfera pessoal, mas sim na vida de outras pessoas? A questão é um tanto semelhante à do aborto, isto porque, também neste caso tratava-se de uma escolha da mulher (e do companheiro) em decidir ter ou não uma criança. Em ambos os casos, o facto de um indivíduo tomar uma ou outra decisão, não afecta em nada a minha vida ou os meus valores. Tendo em conta isto, não posso concordar com aqueles que criticam a democracia, só porque esta não referenda uma questão da estrita responsabilidade de cada um. Um referendo seria a porta para ódios e homofobias se libertarem e produzirem, aí sim, prejuízos à sociedade.

 Um dia, ouvi esta frase:”A minha liberdade termina assim que o meu braço esticado “roça” a face do outro”. É precisamente isso que está em causa, isto é, o facto de alguém decidir casar e fazer vida em conjunto afecta a minha liberdade? Pode afectar os valores da sociedade em que vivo, mas isso nem sequer implica a alteração dos meus próprios valores. Os valores gerais das sociedades são isso mesmo: um padrão ou generalidade, mas não são uma obrigatoriedade para ninguém!

 Quanto à adopção a questão é um pouco diferente. Ora neste caso, já não há apenas decisões tomadas em consciência e liberdade que afectam apenas, aqueles indivíduos, mas sim decisões que afectam outros (filhos adoptados). Na minha opinião, se existisse alguém que comprovasse que uma criança que é criada no seio de uma família de pais do mesmo sexo, não teria as mesmas tendências dos pais adoptivos, então o problema estaria quase dirimido. Não tenho dúvidas que duas pessoas do mesmo sexo poderiam dar tanto ou mais carinho e educação a uma criança, do que uns pais de sexos opostos, contudo a orientação sexual da criança poderá ser modificada. Se existir essa possibilidade, então a adopção deveria ser equacionada com muito cuidado.

 Um homossexual tem todo o direito a ser feliz e seguir a sua vida da forma que pretender, mesmo que isso implique casar, contudo não deve transmitir, ainda que involuntariamente, uma orientação sexual que em si nada tem de mal, mas que dessa forma seria anti-natural. Repare-se que quando digo “anti-natural”, não estou a dizer que os homossexuais são anormais, pois acredito que a homossexualidade tem muito de genético, mas se o ambiente familiar influencia-se essa orientação, então já não seria natural, mas o produto de uma vivência específica.  

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